Publicado em 02/08/2019, às 11h10 - Atualizado em 02/05/2023, às 13h59 por Rhaisa Trombini, Edileyne e Geraldo
A depressão pós-parto costuma acontecer com mulheres logo depois do parto. É um momento que você pode sentir uma tristeza profunda que parece não ter explicação. Mas lembre-se: não é sua culpa! Causada por uma queda brusca de hormônios, natural nesse momento, ela também pode ser atrelada a fatores emocionais e estilo de vida.
Atualmente, um novo termo está sendo usado para indicar a depressão pós parto: depressão perinatal. Segundo Dr. Igor Padovesi, pai de Beatriz e Guilherme, ginecologista e obstetra do Hospital Albert Einstein, para a maioria das mulheres os sintomas já começam durante a gestação.
É normal se sentir triste ou perdida nos primeiros dias de vida com o bebê (até por que tudo é novo). Os sintomas podem estar presentes desde a gravidez até o primeiro ano de vida do bebê, não apenas nos primeiros meses, e podem significar uma depressão pós-parto. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 40% das mulheres no Brasil desenvolvem depressão pós-parto e 10% delas sofrem com o nível mais severo. Os sintomas são:
Instabilidade de humor
Mas em muitos casos, o principal sintoma pode ser euforia excessiva ou uma necessidade de fazer tudo perfeito.
A doença começa a se agravar quando interfere muito no dia-a-dia ao lado do seu filho e até no de outras pessoas. Muitas vezes, a dificuldades de amamentar e outros problemas que qualquer mãe pode ter logo após a chegada do bebê causam medos, angústias e receios, levando as mães a acreditarem que não são capazes de amamentar seus filhos.
Segundo pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) e publicada na Revista Brasileira de Psiquiatria no mês de março de 2013, cerca de metade das mulheres que têm depressão pós-parto já apresentava os sintomas durante a gravidez. Por isso você sempre deve ficar de olho no que está sentindo.
Uma das principais complicações apontadas pelos especialistas é em relação ao vínculo do bebê com a mãe, principalmente nos primeiros dias depois do parto. Segundo o Ministério da Saúde, a criança que não teve o contato necessário com a mãe tem efeitos no desenvolvimento social, afetivo e cognitivo, podendo resultar em problemas na infância e na adolescência.
A jornalista Fabiana Faria, mãe do João Vitor, precisou da ajuda de uma diarista para conseguir cuidar do filho e superar a depressão pós-parto. “Ela teve a maior paciência, nunca me julgou e me ensinou a ser mãe. Demorou um pouquinho pra eu virar mãe, mas consegui”
Em primeiro lugar, você deve entrar em contato com seu obstetra, não com um psicólogo. Segundo a ginecologista Arícia Galvão, membro da Associação dos Obstetras e Ginecologistas do Estado de São Paulo, filha de Laerte e Maria Helena, quanto mais rápido, melhor, assim o tratamento pode começar logo e você aproveita seu filho como deve.
Segundo Dr. Igor Padovesi, estudos mundiais comprovaram que a maioria das mulheres não abordam seus sentimentos durantes as consultas pré-natais, por isso muitos casos de ansiedade e depressão pós-parto não são diagnosticados e não recebem tratamento adequado.
O especialista explica que pode ser difícil diferenciar alterações emocionais normais e esperadas pela gestação, de um quadro de ansiedade e/ou depressão real, por isso ele e outros médicos usam questionários válidos que funcionam com um sistema de pontuação para descobrir se a mulher deve passar por uma avaliação específica.
Para se livrar da depressão pós-parto, é necessário realizar psicoterapia aliada a remédios em casos mais graves. “Nesses casos, é indispensável o tratamento com remédios, receitados pelo psiquiatra, aliado às orientações do obstetra e do pediatra”, indica a psicóloga Rafaela Schiavo, membro da Sociedade Brasileira de Psicologia, filha de José Luiz e Maximina.
O apoio da família é extremamente necessário para o tratamento. “Muitas mulheres que têm uma rede de apoio escassa, ou seja, contam com pouca ajuda, podem desenvolver sintomas mais intensos, por isso é importante ter pessoas acolhedoras por perto”, aconselha Diego Tavares, psiquiatra do hospital Mário Covas, filho de Sonilda e Wasthon.
Se a depressão pós-parto não for tratada, o quadro pode se agravar e levar a tentativas de suicídio e abandono do bebê. De acordo com o pediatra Adauto Dutra, filho de Lair e Cléia, e membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, a depressão não tratada por gerar uma ruptura precoce na relação afetiva familiar, levando à problemas futuros. “A doença que persiste por anos pode influenciar decisivamente no desenvolvimento fisiológico da criança, ao privá-la de suas necessidades afetivas básicas”. A melhor forma de evitar isso é cuidar de você para que possa cuidar do seu filho com amor e a atenção que ele precisa.
Segundo o Ministério da Saúde, para prevenir a depressão pós-parto, é importante que você consiga dormir bem, tenha uma alimentação saudável e faça os exercícios recomendados no pós-parto. Segundo o Dr. Igor, a atividade vale mais para tirar a mãe de casa e da rotina do bebê para que ela tenha um momento para si mesma. Até porque, mãe também é gente, então:
– Arranje tempo de qualidade para si mesma
– Evite ficar sozinha
– Evite cafeína, álcool e outras drogas ou medicamentos, a menos que seu médico tenha liberado
– Faça um check-up com seu obstetra no pós-natal para tirar qualquer dúvida se você tem ou não depressão pós-parto
Tenha uma rede de apoio! Seu marido, sua família, amigos e até as pessoas que trabalham na sua casa podem ate ajudar a passar por esses momentos difíceis.
Mulheres que já tiveram qualquer tipo de transtorno psicológico são mais propensas a terem depressão pós-parto, detalhe que os obstetras devem estar atentos na hora do atendimento. Além disso:
Gravidez indesejada ou não planejada
Um estudo publicado na revista “Springer’s Journal of Behavioral Medicine” pela especialista Deepika Goyal, da Universidade San José State, mostrou que a ausência de luz durante a gestação pode estar ligada diretamente à depressão pós-parto. As mulheres que passam pelo terceiro trimestre durante os meses mais frios do ano (março – outono, junho – inverno) têm maior risco de desenvolver depressão pós-parto. Para essas mães, a chance passa a ser 30%. Já as mulheres que tiveram a gestação nos meses com mais incidência de luz tem 26% e chance de desenvolver depressão pós-parto.
A depressão pós-parto é um estágio mais grave da tristeza pós-parto, que chamamos de baby blues ou blues puerperal. É comum as mulheres se sentirem perdidas no começo, mas elas acabam aprendendo que existem dias bons e ruins.
Essa tristeza é vivida por cerca de 80% das mulheres dentro de 15 dias, o que é totalmente normal, segundo Alessandra Gordon, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. A mulher está naturalmente mais sensível nesse período, o que pode ser um problema para ela mesma.
“O que pode acontecer é a mãe ficar muito preocupada com o bebê e não conseguir dormir. Ela precisa ficar checando várias vezes durante a madrugada se a criança está bem”, acrescenta Diego Tavares, psiquiatra do hospital Mário Covas, filho de Sonilda e Wasthon.
A psicose pós-parto pode acontecer com mulheres que têm um distúrbio bipolar ou histórico de psicose pós-parto. Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas da psicose podem aparecer nas 3 primeiras semanas depois do nascimento e chega a ser mais grave que a depressão. Entre os sintomas, podemos listar:
Não são só as mulheres que podem desenvolver depressão pós-parto. Segundo uma pesquisa publicada na revista The Journal of American Medical Association, os pais podem sentir depressão pós-parto entre o terceiro e o sexto mês depois do nascimento. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2015, a condição já afetava 10,4 % dos pais.
A depressão pós-parto masculino é mais suscetível quando a/o parceira (o) também está sofrendo da condição, deixando o ambiente em casa instável, comprometendo o bem-estar do bebê. Os sintomas são iguais aos das mulheres e o tratamento é com acompanhamento psicológico.
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