Publicado em 12/09/2019, às 14h29 - Atualizado às 14h30 por Regina G Politi
Escrevo este texto para quem não tem quantidade de tempo sobrando! E mesmo que tivesse, não é a quantidade em si que faria a diferença na relação com os filhos, nem no desenvolvimento sadio deles.
Quem não se lembra daquele trava-línguas: “o tempo perguntou pro tempo, quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu para o tempo que o tempo que o tempo tem, é o mesmo tempo que o tempo tem”.
E ele nos traz uma lição. Ou seja, tempo é limite! Não aumentamos, nem diminuímos, nem fabricamos, nem roubamos, nem compramos , nem criamos, esticamos ou dobramos, apenas podemos distribuir o tempo de acordo com nossas necessidades, prioridades, vontades, possibilidades, realidades e vulnerabilidades.
Isso posto, ao falar de tempo com os filhos, nos colocamos na equação: quanto tempo meu filho precisa de mim X quanto tempo tenho disponível para meu filho. Para fazer essa conta com propriedade vamos analisar e refletir as questões envolvidas.
Se a quantidade de tempo é fixa, a única variável é o modo que eu o uso. E fazer um bom uso do tempo não é para qualquer um, pois envolve planejamento, organização, disciplina, controle. Ou seja, competências racionais que precisam ser aprendidas, pois não nascemos sabendo! Mas não há outra possibilidade além de aprendermos a administrar nosso tempo. Basicamente, nosso tempo pode ser dividido em 4 grandes categorias:
Essas 4 categorias na divisão dos tempos e agendas são didáticas e referenciais, que visam nos situar e ajudar a distribuir melhor nosso tempo. É claro que os tempos não são estáticos e nem fixos o tempo todo, mas que são dinâmicos e voláteis. Existem, dentro de cada fase do ciclo vital, desde que nascemos, até morrermos, uma variação para cada categoria acima citada.
Por exemplo, quando está se iniciando uma carreira, ou um negócio, a pessoa precisará dar maior quantidade de tempo nesta prioridade, tendo menos tempo para as outras necessidades. E assim também em outros momentos do ciclo vital, como quando um filho nasce e os pais precisarão dedicar muito tempo para o recém-nascido. E assim por diante.
Quando os pais no meu consultório dizem não ter tempo para o filho, vou procurar saber o que está acontecendo na vida deles que impede ter este tempo necessário para a criança. Será que não é apenas uma questão de ajudá-los a montar uma agenda útil que contemple as necessidades mais importantes para tal fase de vida do filho? Será que houve alguma mudança de rota nessa família? Alguma crise maior pode estar desorganizando a família? Temos que ver as causas dessa “falta de tempo”. Procuro entender todo o cenário e ajustar as demandas existentes no que se refere às necessidades primordiais dos filhos.
O importante é o adulto saber que cada etapa da vida exige renúncias, escolhas e sacrifícios, pois não há tempo para tudo ao mesmo tempo. Nosso tempo é contado, e não podemos desperdiça-lo por falta de foco ou clareza de objetivos pessoais, profissionais, familiares e sociais.
Então, pais e mães, pensem como farão para administrar o tempo de vocês para que tenham tempo de qualidade para os filhos. As crianças não precisam de pais ou mães grudados 24 horas por dia, pelo contrário. Mas, por outro lado, precisam ser cuidadas 24 horas por dia, desde quando nascem, até que tenham autonomia e possam cuidar aos poucos de si mesmos.
E cabe aos pais estabelecer uma agenda positiva e saudável para todos os envolvidos, inclusive eles próprios os cuidadores. Isso inclui propiciar uma estrutura de cuidado aos filhos, principalmente na ausência diária dos pais.
Pais e mães estressados, sobrecarregados, ansiosos, agitados, e que carregam o “mundo” nas costas são nocivos aos filhos, pois mostram que não sabem se cuidar, nem colocar limites para si mesmos, quanto mais cuidar dos pequenos indefesos e dependentes.
Tempo de qualidade
Tempo de qualidade envolve poder e querer estar com o filho, então não é uma questão apenas de ordem prática, e sim emocional também. Quando planejamos nosso tempo, nossas 4 agendas, podemos escolher ser pais no momento que consigamos ser pais, pois senão o trabalho é apenas uma desculpa para não ficar com as crianças, e não o problema em si.
Não adianta jantar toda noite com os filhos de corpo presente, mas não estar com paciência para isso. Melhor marcar apenas uma refeição semanal que será feita com amor, alegria e vontade. Isso é tempo de qualidade e agrega valor relacional.
Para as crianças, é muito bom ter uma agenda previsível com cada progenitor. No início da vida, nossos filhos precisam de rotinas e previsibilidades. Eles se desenvolvem melhor dentro deste ambiente de calma, sem correrias, agitações. Esse é um pilar de segurança para o filho que aprende que pode confiar na estabilidade emocional de seus pais.
Faz-se necessário também distinguir entre necessidades e desejo dos filhos. O mais importante são as necessidades reais, os desejos, caprichos e manhas não precisam ter espaço na agenda parental, pelo contrário, devem ser reduzidas.
Então quando for planejar sua agenda familiar, escolha atividades que goste também, se não gosta de Lego, por exemplo, escolha outra alternativa que seu filho curta também. Vejo pais se forçando a fazer exatamente o que o filho pede, mas que são “torturas” para eles. Isso não é tempo de qualidade.
Não faltam atividades de lazer ou bem-estar. Basta usar a criatividade. O importante é a dedicação e a convivência exclusiva naquele momento. O carinho, o toque, o colo, enfim a construção de uma sintonia emocional, que seja uma conexão profunda com seu filho.
Também incluímos no tempo de qualidade as obrigações, que independem de gostar ou não, mas são necessárias e ajudam na construção da relação, tais como: acompanhar lições de casa, tarefas domésticas que precisam ser realizadas como, por exemplo, guardar os brinquedos, hábitos de higiene, educação, entre outras atividades do cotidiano da criança que precisam ser supervisionadas.
Os pais não são amigos dos filhos, são seus educadores e por isso precisam dedicar-se e monitorar os pequenos nessas tarefas também, dando a devida importância às obrigações. Elas ajudam também na proximidade e intimidade entre pais e filhos.
Para ajudar na distribuição e administração do tempo, separei algumas dicas e regras valiosas, como avaliar a importância e a urgência de cada atividade. Abaixo, uma das principais ferramentas, a lista:
Assim, quando for colocar a prioridade de cada dia, semana e mês, terá mais clareza de por onde começar.
Espero que com essas ideias e sugestões, vocês possam se organizar melhor, com agendas humanas, flexíveis e de qualidade – sem atropelos e aliviando o sentimento de culpa que nos invade quando não conseguimos atender às necessidades importantes dos nossos amados e queridos filhos.
Dúvidas, envie um e-mail para [email protected].
Acesse também meu site www.reginapoliti.com.
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