Publicado em 12/07/2019, às 08h45 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h22 por Redação Pais&Filhos
Pela primeira vez nos Estados Unidos, uma bebê nasceu de um úterotransplantado de uma doadora falecida. A Cleveland Clinic, foi responsável pelo procedimento bem sucedido que resultou em uma menina filha de uma mulher de 30 anos.
“Por meio desta pesquisa, pretendemos tornar esses eventos extraordinários comuns para as mulheresque escolhem essa opção “, disse o cirurgião do transplante Andreas Tzakis em um comunicado no site do hospital. “Somos gratos ao doador. Sua generosidade permitiu que o sonho de nosso paciente se realizasse e que um novo bebênascesse”. A especialista em medicina materna fetal, Uma Perni, comentou estar muito feliz com o desenvolvimento da medicina. “É importante lembrar que isso ainda é pesquisa. Os transplantesde útero estão evoluindo rapidamente, e é emocionante ver que as opções para as mulheres aumentam conforme o tempo”.
O transplante e o nascimento dos bebês fazem parte de um estudo que procura oferecer esperança às mulheres que não podem ter filhospor causa da infertilidadeuterina. Há uma estimativa de que 1 em cada 500 mulheres em idade fértil são afetadas por essa condição. Os transplantes de úteros permitiram que mais de uma dúzia de mulheres pudessem realizar o sonho de ser mãe.
A meninanasceu no dia 9 de julho e é muito saudável! Outras mulheres que também participaram do estudojá foram transplantadas e estão esperando a transferência dos embriões. Apesar desse ser o primeiro caso nos Estados Unidos, o Brasil já tinha realizado o procedimento inovador.
Em dezembro de 2017, médicosbrasileiros relataram o primeiros nascimento do mundo usando o útero de uma doadora falecida no Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo)
O caso no Brasil
Um problema congênito impedia que Claudia realizasse o sonho de ser mãe: ela nasceu sem útero. Porém, a proeza de pesquisadores brasileiros permitiu que isso acontecesse.
Realizado pelo Hospital das Clínicas, Claudia foi submetida a um transplante de útero vindo de uma doadora falecida. Em outras partes do mundo, antes de Claudia, outros bebês já tinham nascido após uma gestação em úteros transplantados. O primeiro caso foi na Suécia, em 2013. Porém, todos os úteros foram doados por mulheres vivas.
Contudo, o transplante de um doador falecido é muito mais complexo. Aqui no Brasil, o órgão ficou sem receber oxigênio por 7 horas e 50 minutos. Quando o transplante é de alguém que está vivo, o tempo de transferência é de 3 horas, no máximo.
O médico que liderou a pesquisa, Dani Ejzenberg, do centro de reprodução humana da USP, disse que quando é usado um doador que já faleceu, não há risco de procedimento e o custo é menor. Porém, não é possível programar quando o órgão estará disponível. “Isso pode ocorrer num lugar diferente de onde está o receptor, então é preciso ter um esquema de comunicação, de captação. O tempo é maior. Mas podemos favorecer muito mais pessoas”, ele explica em entrevista à IstoÉ.
Conforme uma pesquisa feita no Hospital das Clínicas, é estimado de que 1 em cada 4 mil mulheres nasce sem o útero. Em São Paulo, se considerarmos as mulheres que estão em idade reprodutiva, cerca de 1.500 podem estar nessa condição.
A paciente passou por um processo de fertilização in vitro e, 7 meses depois do transplante, o embrião foi transferido para o útero. Para diminuir o risco de trombose, a ligação do órgão foi feita com duas artérias e quatro veias, melhorando o fluxo de sangue.
A gestação ocorreu normalmente e Gisele, filha de Claudia, nasceu completamente saudável: “Ela já está com quase 1 ano e está com desenvolvimento normal”, conta o médico. Depois do nascimento de Gisele, o útero foi retirado para que Claudia não precisasse tomar imunossupressores, medicamentos usados para evitar a rejeição do órgão transplantado.
Dani Ejzenberg afirma que se forem somados os casos de mulheres que precisaram retirar o útero por conta de um câncer ou, por exemplo, em uma cirurgia por mioma, é possível que elas se beneficiem com essa técnica.
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