Publicado em 06/02/2019, às 16h30 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h36 por Rhaisa Trombini, Edileyne e Geraldo
Nada foi esperado. Nem o câncer, nem a gravidez.Com 39 anos de idade, Adriana Zaru estava no auge de sua carreira como enfermeira. Fazia estágio, estudava muito, estava começando como instrumentalista cirúrgica e tinha planos para sair do Rio de Janeiro e começar sua carreira em outra cidade. Ela também é mãe de 3 meninas,Jade, de 19 anos, Anna Julia, de 17 anos, e Natália, de 11 anos, esposa e dona de casa.
Foi em julho de 2018 que descobriu o câncer de mama. Segundo a carioca, muitos médicos diziam que era apenas gordura acumulada na mama, que não era nada, e por conta dessa falta de preocupação que a doença só cresceu.
Porém o diagnóstico foi cedo. Seu tumor é de grau 1 com média de 2,5 a 3,00 cm. Ela realizou uma cirurgia para a retirada parcial da mama e parou com todos os medicamentos anticoncepcionais, tanto a pílula diária quanto a do dia seguinte, pois acreditam que o tumor possa ser hormonal. Os exames pré-cirúrgicos não apresentavam nenhuma alteração, Adriana comenta que estava menstruando normalmente, mas em setembro recebeu uma nova notícia: estava grávida.
“Foi choro, foi desespero, queria desistir de tudo. Minha reação foi a pior possível. Vou morrer, o bebê vai morrer”. A gravidez não era planejado e com a situação toda, decidiu interromper. O oncologista disse ‘de jeito nenhum’, explicando que quando ela fosse ter o bebê, já estaria praticamente livre do câncer.
Mas a cabeça de enfermeira de Adriana a impede de manter a calma, mesmo que a quimioterapia esteja tranquila. “Eu estou meio assustada que o tratamento está indo muito bem. Não sei se é essa força de vontade e preocupação por estar grávida que não me deixam estar mal. […] Às vezes eu me surpreendo com essa normalidade toda. Se eu estou assim, como deve estar o bebê? Para onde está indo tudo isso?”
Mesmo que médicos e oncologistas expliquem às suas pacientes que não há problema em fazer quimioterapia com o bebê na barriga, a gente não encontra muitas informações que ajudam pessoas que estão passando por essa situação como Adriana a ficarem mais calmas.
“Eu vou morrer, vou matar o bebê junto, ele vai morrer na quimioterapia, meu filho vai nascer sem braço, perna, sem nariz. Eram coisas que eu pensava”, comenta. Segundo o oncologista clínico, médico do grupo Oncoclínicas, especializado em câncer de mama pela Dana-Farber Cancer Institute/Harvard Medical School, Pedro Exman, filho de Rubens e Paulette, a quimioterapia não é contraindicada para mulheres grávidas depois do 3° mês de gestação, porque é quando a placenta começa a funcionar.
Se você está enfrentando a mesma luta que Adriana, converse com seu médico, provavelmente ele irá te acalmar. “A placenta filtra para que a medicação do tratamento tenham pouco ou nenhum contato com o bebê. Ela é uma rede de células que acabam deixando passar apenas nutrientes e substâncias pequenas, a quimio não consegue penetrar”, explica o especialista.
Um estudo realizado na Bélgica, Itália, Países Baixos e República Tcheca (Pediatric Outcome after Maternal Cancer Diagnosed during Pregnancy) analisou 129 crianças divididas em 2 grupos, os que nasceram de mãe saudáveis e o outro de mulheres diagnosticadas com câncer durante a gravidez.
Por 10 anos eles fizeram vários testes com cada criança durante fases diferentes da infância: primeiro com 1 ano e 6 meses e depois com 3 anos. Tudo isso para ter certeza se eles tiveram algum problema cognitivo ou cardíaco decorrente da quimioterapia da mãe.
Os resultados são incríveis! A média de nascimento das crianças foi de 36 semanas. 79 delas nasceram prematuras. O número e o tipo de malformações congênitas foram semelhantes aos da população em geral dos países. Ou seja, nada diferente!
Os dados biométricos mostraram números normais nos grupos para peso, altura e tamanho da cabeça. Não houve diferenças significativas entre os grupos quanto área de superfície corporal, freqüência cardíaca ou pressão arterial. A diferença cognitiva não tem relação com o tratamento, mas sim com o nível de escolaridade dos pais.
Pedro comenta que o cuidado maior deve ser na hora do diagnóstico. Pensando na saúde do bebê, alguns exames e métodos devem ser substituídos. “Radiação, Raio X e tomografia devem ser evitados. Pode usar ultrassom, ressonância. A cintilografia óssea também não é recomendada para gestantes”, explica.
Depois de 3 meses de gestação, o tratamento para mulheres gestantes e não gestantes é o mesmo e o prognóstico é muito positivo! Nas duas situações é possível ter vida longa e saudáveis. E não esqueça que a gravidez não aumenta o risco de câncer.
Adriana infelizmente não está conseguindo aproveitar a gestação como a maioria das mães. “Estou com um bloqueio de me libertar e aproveitar a gravidez. Não sei se é o fato de estar muito preocupada com o que pode acontecer ou pela falta de informações”.
A mãe ainda não comprou nada para o bebê por causa do medo. Na última ultrassonografia Adriana perguntou se os batimentos estavam ok, o que foi um pequeno passo para começar a aproveitar a gestação. “Espero que no futuro eu aproveite, mas meu momento agora é de preocupação e precaução, porque qualquer coisa pode prejudicar a mim e ao meu filho.”
A carioca ainda nem pensa sobre o sexo do filho, o que está levando a família à loucura! “’O que vier com saúde tá bom’ é a minha frase desse momento”.
Para Adriana, o câncer não é o vilão, ele é professor. “Eu não tinha tempo de tomar um banho, de me tocar, de fazer o autoexame da mama. Eram filhos, cachorros brigando, trânsito, chegar em casa para fazer comida, ir no curso, especialização, tinha que entregar trabalho, ações sociais”, relembra.
A mãe conta que o câncer a ensinou a respeitar seu corpo. “Também aprendi a ficar atenta aos meus limites e levar uma vida com mais calma. Se você for rápido, vai fazer, se você for devagar, vai fazer também”, comenta Adriana.
Leia também:
Menina de 10 anos enfrenta câncer e cria campanha para ajudar outras crianças com a mesma doença
Relato de mãe: “Minha filha sobreviveu duas vezes ao câncer e ela tem apenas 6 anos”
Pai perde a esposa para o câncer e escreve cartas aos filhos que valem como uma lição de vida
Notícias
Heloísa Périssé termina casamento após fala sobre frequência na cama que gerou polêmica
Notícias
Ciclone extratropical poderá atingir regiões do Brasil nesta semana
Notícias
João Guilherme dá presente inusitado para filhas de Virginia Fonseca
Notícias
Princesa Charlotte pode perder o título de princesa após situação com Rei Charles
Notícias
Anitta posta foto com barriga de grávida e pega fãs de surpresa: "Era pra manter segredo"
Notícias
Perlla desabafa após marido pedir separação depois de deixar a prisão: "Saindo com a mão vazia"
Notícias
Filho de Maguila critica parentes em discurso do velório: "A gente vê quem é quem"
Família
Rodrigo Faro paga colégio com mensalidade de R$4 mil para filhas e justifica: “Ensinar humildade”