Publicado em 06/02/2019, às 12h50 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h36 por Izabel Gimenez, filha de Laura e Décio
No fim das fériasde julho do ano passado, os pais de Clara, de 10 anos, perceberam que ela estava muito cansada, mas pensaram se tratar de algo normal. Os dois levaram em conta o quanto a menina estava brincandoe se divertindo. O tempo passou e ela não teve melhora, pelo contrário só ficou pior. Até o dia em que ela acordou com uma dor no peito e não conseguia por o pé no chão. A famíliase assustou e foi correndo para o hospital.
Clara teve uma hemorragiano pulmão, as plaquetas baixaram e não conseguiram encontrar a causa exata. Por recomendação de um amigo, os pais pediram transferência para o hospital infantil Sabará. “Ela entrou aqui de ambulância, mas vai sair andando pela porta da frente”, disse a médica plantonista na chegada.
No outro dia, a criança recebeu a notícia: Leucemia. “Em uma semana a gente teve uma reviravolta em nossas vidas”, conta a mãe Claudia ao Hospital. A meninapassou a se questionar muito: “Isso é um castigo?” A mãesempre tentava trazer calma.
As duas transformaram um momento ruim em um projeto lindo, resolveram ajudar outras crianças doentes. Por meio das redes sociais, elas fizeram uma campanha procurando por doadores. A meta inicial eram 100 pessoas, mas no final conseguiram mais de 300. Segundo o banco de sangueresponsável, as doaçãoeram suficiente para ajudar não só a Clarinha, mas também outras crianças internadas durante um mês.
Clara ficou 40 dias no hospitale teve momentos altos e baixos. Um dos momentos mais difíceis foi perder o cabelo e quando precisou ser intubada. Ela só conseguia conversar usando caneta e papel. Os pequenos momentos tinham um valor enorme, por exemplo, quando queria beber suco.
“Normalmente não se toma nada pela bocanessas condições, mas como negar isso para ela? A gente gosta de deixar os pacientes felizes”, conta a médica da UTI Doutora Regina Grigolli, que liberava 10ml de suco por dia o que fazia a alegriada garota. Com seu jeito único, Clara conquistou toda equipe do Hospital e mantém contato com eles até hoje.
Depois que recebeu alta, a menina se preocupava com o que os amigos iriam pensar da falta de cabelo, mas se acalmou depois que a família convidou um amigo para brincar e o menino não percebeu. Clara ficou muito surpresa. “Ninguém pergunta nada, é muito natural para eles”, relembra a mãe.
Claudia conversou com a ONG Cabelegria, que produz perucas a partir da doação de cabelos, para pedir uma peruca para a filha. Clara acabou participando de uma das campanhas, contando sua história com o objetivo de incentivar a doação de cabelos. A criança ainda tem que fazer quimioterapia a cada 15 dias, por conta da fase de manutenção do tratamento. O mielograma, exame para avaliar a medula óssea, teve um resultado bom e a medula está “limpinha”, afirma a mãe confiante e orgulhosa.
Dá uma olhada no vídeo da campanha:
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