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Seu filho está acima do peso? Saiba qual o primeiro passo para sair dessa!

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Publicado em 27/06/2018, às 09h00 - Atualizado às 09h32 por Redação Pais&Filhos


Foi-se o tempo em que criança gordinha era vista como saudável. E excesso de peso, a gente já sabe, não faz bem pra ninguém, muito menos para nossos filhos. As complicações vão de doenças cardiovasculares, renais, gastrointestinais, até distúrbios psicológicos, como depressão e transtornos alimentares. Quando o excesso de peso vira obesidade, as coisas ficam ainda piores.

A obesidade é uma epidemia. Cerca de 41 milhões de crianças menores de 5 anos têm excesso de peso, de acordo com o relatório Ending Childhood Obesity (Pelo Fim da Obesidade Infantil, em tradução livre), de 2016. A pesquisa, feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra ainda que nos últimos 25 anos o sobrepeso passou de 31 milhões para 41 milhões de crianças.

No Brasil, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) registra que, entre crianças pequenas, com dados mais antigos, de 2008 e 2009, apontam que, entre os menores, 33% tinham excesso de peso e 14% eram obesos.

“Da década de 1970 para cá, aumentou em 30% a ocorrência de sobrepeso em crianças”, conta Maria Aparecida Vargas, mãe de Alice e Vinícius e pediatra do Hospital Prontobaby, do Rio de Janeiro. “O número é alarmante”, completa. Fechar os olhos não é a saída, porque o problema é sério e está espalhado pela sociedade. A endocrinologista Maria Edna de Melo, presidente da Abeso e mãe de Maria, lembra que, na infância, o excesso de peso causa ansiedade, compromete as articulações e limita os movimentos e as relações.

Além da predisposição genética, a vida que se leva hoje favorece muito o aumento de peso entre as crianças. Nossos filhos são mais sedentários em função da violência, restrição de espaços públicos para brincar, excesso de brinquedos eletrônicos. Também consomem mais alimentos industrializados, ricos em gordura, açúcar e sal. Como são mais calóricos, eles ganham mais peso. Mas como saber então se uma criança pode ficar ou já está obesa? Não é fácil, nem rápido.

O primeiro passo é não comparar o filho com outros meninos e meninas. Maria Aparecida ensina que o cálculo mais usado para verificar se o peso de uma criança está adequado é o Índice de Massa Corpórea (IMC), obtido ao dividir o peso pela altura ao quadrado. A conta é a mesma que se faz para saber o IMC de um adulto. Mas a interpretação é bem diferente no caso das crianças. Disciplina, rotina, qualidade nas refeições, horário para comer, para brincar e para dormir são regras que devem ser inseridas na vida das crianças.

“Elas estão em crescimento e tudo pode mudar de acordo com a idade. Apenas um ano pode separar uma criança da obesidade e do peso correto”. Ou seja, aquilo que a gente não cansa de repetir: a melhor pessoa para analisar o IMC de uma criança e confirmar ou não a obesidade é o pediatra.

Condição coletiva
Os pais têm dificuldade de notar quando o filho está acima do peso. E essa percepção piora com o aumento da epidemia de obesidade: “O padrão mais comum tende a ser o obeso, e isso ajuda na demora para entender que, sim, meu filho está acima do peso”, explica Maria Edna. Se a obesidade já se instalou, vale ressaltar que a família inteira precisa mudar os hábitos. Fazer a criança que está acima do peso comer frango grelhado, enquanto pais e irmãos magros comem cachorro-quente, é cruel. Mudar os hábitos em casa pode não ser o suficiente. Essas crianças precisam de acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, com nutricionista, educador físico, endócrino, pediatra e até psicólogo.

Para o alto e avante
A nutricionista Sophie Deram, mãe de Emilie, Victor, Audrey e Paul e autora do livro O Peso das Dietas (Editora Sensus) ressalta que as crianças acima do peso ou obesas não precisam necessariamente emagrecer.

Dá para controlar a qualidade dos alimentos ingeridos e a evolução da altura da garotada. Se a criança crescer e mantiver o peso, já é um ponto muito positivo. O grande foco deve ser parar de engordar. A questão do peso não pode ser traumatizante. “Acompanhando o estirão com qualidade e equilíbrio tudo deve voltar ao normal.”

Até porque fazer a criança pesar o tempo todo e incentivar a perda de peso faz mal para a autoestima e para a construção da imagem pessoal. Isso pode desencadear até um transtorno alimentar. “A criança pode ficar tão obcecada em pesar menos que deixa de respeitar o
corpo, entra em guerra, em restrição e fica para sempre com medo de comer.”

Dá pra mudar
Se a resposta do pediatra for sim, seu filho está acima do peso, é hora de arregaçar as mangas e encarar o enrosco. Mas a grande notícia é que 40% das crianças obesas não levam a condição para a vida adulta, são os dados da Organização Mundial da Saúde que provam. Isso significa que há como reverter a situação. “Disciplina, rotina, qualidade nas refeições, horário para comer, para brincar e para dormir são regras que devem ser inseridas por pais e cuidadores na vida das crianças”, explica a nutricionista Sophie Deram.

No caso das obesas, foco total nas atividades físicas, mas elas precisam ser prazerosas. Os esportes, como vôlei e basquete, costumam atrair mais o interesse das crianças. Segundo a pesquisadora na área de obesidade infantil e doutora em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), se a criança já está obesa, o que se pode fazer é controlar a rotina e a qualidade dos alimentos oferecidos.

“Tente dar preferência a comida de verdade, fresca e feita na hora”. E os pais precisam dar o exemplo. Sempre. “Na rotina alimentar, menos é mais: não é necessário grandes investimentos em produtos especiais. Não esquecer o tradicional arroz com feijão e manter os vegetais sempre disponíveis. Não proíba nenhum alimento, mas o consumo daqueles ricos em açúcar, gordura e sal devem ser exceções. E o consumo de produtos como doce e refrigerante, não pode ser precoce.” Controlar a quantidade de comida também não é indicado pela nutricionista. “A criança é a dona da fome. É muito importante saciá-la. Se ela quiser comer mais depois de limpar o prato, não tem problema, pode repetir.”

Se a gente não respeita essa fome, ela vai querer comer escondido depois. Aí, as chances de a escolha ser errada são grandes. Guloseimas, como biscoitos recheados, chocolates e sorvetes, devem ser evitados, mas nunca proibidos. Se estiverem disponíveis pela despensa e geladeira, vão chamar muito mais atenção e serão atacadas. O apetite das crianças precisa ser respeitado, principalmente porque é flutuante. Em algumas fases da vida seu filho pode ter mais fome, e em outras menos. Se você satisfaz a fome, vai ver que a criança não precisa de muito.

Já se a fome for restringida o tempo todo, você vai ter uma criança que nunca está satisfeita. E, atenção, mesmo os alimentos ultraprocessados e cheios de açúcar não devem ser totalmente negados. A proibição, segundo Sophie, traz uma supervalorização das comidas de baixo valor nutricional e alto valor calórico. Elas vão se tornar valiosas, como recompensas. Isso vai deixar as crianças curiosas, com vontade de comê-las. A relação com a comida deve ser de paz e prazer, mesmo para as crianças que estão obesas e acima do peso.

*Por Isabella Kalil de Lima, filha de Kátia e Fábio

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