Família

Marcos Piangers e Ana Cardoso falam sobre almoço de domingo em família

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Publicado em 19/10/2018, às 08h02 - Atualizado às 08h03 por Nathália Martins, Filha de Sueli e Josias


(Foto: iStock)
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Casados desde 2005, Marcos Piangers e Ana Cardoso são pais de Anita e Aurora e autores do livro Mamãe é Rock e Papai é Pop. A gente ama este casal! Todo mês, os 2 escolhem um tema do universo familiar para debater e você sempre vai encontrar dois pontos de vista: o de mãe e o de pai. Veja:

Ela diz: o lado da minha mãe

Minha mãe não curte almoço em sua casa. Ainda assim, todo domingo existe uma pré-combinação atávica de que comeremos lá. Isso acontece desde que eu e meus irmãos saímos do ninho. Durante nossa adolescência, a vontade dela de almoçar fora imperava. Argumentava que já havia cozinhado ou se preocupado com panelas a semana toda,
que merecia descansar no domingo. Justo, justíssimo. Bem é verdade que eu e meus irmãos fazíamos o almoço, mas sei bem que almoço é mero detalhe na rotina de uma família.

A base do problema começou há décadas. Quando éramos pequenos, meus pais tinham uma chácara a 15 km de nossa casa. Lá, minha mãe decretava: corram, gritem, aqui vocês podem berrar. Domingo era dia de zoeira, gritaria e comilança. Mesmo que com o tempo a gente tenha deixado de ir à chácara, e transferido os gritos para os nossos
próprios quartos, um fenômeno bem estranho aconteceu: nossos filhos, tempos depois, ressuscitaram o costume dominical de gritar.

Há alguns anos ela morava numa casa e o encontro de domingo era um caos. “Se esta é única forma de eu ver meus filhos, tudo bem, eu faço”. Falava como um condenado no corredor da morte. Dizia que o problema era meu pai: “Ele não gosta de barulho”.

Foi preciso ele passar dessa para outra melhor para percebemos que era ela quem não gostava. Ou os dois, algo normal em um casamento longo. Chega uma hora que não sabemos quem é quem.

Na casa, reclamava do entra e sai das crianças. Na sala de estar principal havia portas-janelas que davam para um jardim com dois cachorros histéricos, algumas árvores frutíferas, os cocôs desses cachorros e uma área cheia de grama e lama. Uma tentação quase irresistível para as crianças e para os adultos, quando o papo ficava chato.

E sempre ficava. Meu pai não admitia que ninguém discordasse dele. Como meus irmãos possuem opiniões políticas fervorosas e torcem para times de futebol distintos, o entrevero era certo. Eu também sempre fui “do contra”. Hoje em dia, só piorou. Todo assunto é polêmico. A gente se provoca o tempo todo, como se estivéssemos eternamente na quinta série. Família é isso e, minha mãe querendo ou não, é enchendo a barriga de todo mundo de comida, que a família entra em acordo de paz.

Em tempo: eu entendo o lado dela. Às vezes me ofereço para fazer o almoço na minha casa. Houve vezes que me arrependi antes de temperar a salada. Uma criança faz barulho, seis fazem muito muito mais. Chutam bola pela sala, brigam, derrubam luminárias, estragam o brinquedo do outro. Faz parte. É gostoso estar junto, o problema é a bagunça que fica quando todos vão embora para suas casas prontos para uma nova semana e você ainda tem que restabelecer a sua ordem interior. Eu realmente entendo a minha mãe.

Ele diz: almoço de domingo

Considero hilária e simultaneamente terrível aquela imagem de uma senhora sentada em um sofá, rodeada por familiares que olham para seus celulares e não conversam entre si, e a legenda: “Vovó está muito solitária. Vamos visitá-la”. Aquela coisa que chamávamos de “almoço de domingo”, com todos conversando e brigando ao mesmo
tempo, o momento familiar semanal em que demonstravam afeto com macarrão e sobremesa, aquele evento sagrado e desconfortável para genros recém-chegados, este tão importante evento parece com os dias contados nos tempos atuais.

Sou de família diminuta e nunca tive desses almoços de domingo de novela. Aquela gritaria sempre me fascinou. Pois, assim que viemos morar perto da sogra, o almoço de domingo se tornou meu dia favorito. A chance de experimentar um pouco daquela italianice cinematográfica. Os irmãos vão chegando com seus filhos, meninas de patins, kits para fazer pulseiras de elástico, slimes pegajosos, meninos com bolas de futebol e a sogra apavorada
com a sujeira, o barulho e a bagunça.

Minha sogra, quando está irritada, começa a bater forte as portas dos armários da cozinha, uma espécie de código para “parem de desarrumar minha casa e me ajudem aqui com essas panelas”. Deixa que eu levo a salada ali pra
mesa. Alguém pode arrumar os talheres?

Meninas parem de pular no sofá. Mãe, mãe, mãe. O quê? Posso ir na casa da prima hoje? Não, o arroz tá queimando. Desliga o fogo pra mim? Você viu a pesquisa que saiu? Mãe, mãe, mãe. O quê? Ela pode ir na minha casa? Pode. Eeee! Parem de pular no sofá. O macarrão está servido. Quem quer suco de uva? Não é pra comer com a mão! Pra mim vai ser um segundo turno desastroso. Mãe, mãe, mãe. O quê? Derrubei o suco.

Coisa boa é uma família que se encontra. Sem celular, sem tablet, sem videogame. Família que se pega, se abraça, se beija mesmo sem querer beijar. Mesmo que as crianças limpem o beijo da bochecha. É uma prática antiga, essa coisa
de “conversar”, o “olho no olho”. Menos touch screen e mais touch skin. Se você é jovem demais e não sabe como fazer, procure no Google ou veja um tutorial no Youtube. Essa é uma técnica antiga muito interessante. Você abre a
boca e fala, depois espera a outra pessoa falar, prestando atenção. Recomendo.

Olho para o almoço de domingo com fascínio. Sou espectador, apaixonado pela experiência. Gosto da bagunça, do barulho. Gosto até mesmo das brigas. Mesmo quando a família discute, geralmente por conta de alguma opinião
política, mesmo quando isso acontece, olho pra todos eles com deslumbre. Eles não sabem a sorte que têm. Ter uma família grande, hoje em dia, é luxo. Ter um momento semanal pra juntar os primos, brigar com os irmãos, desagradar a mãe com sobras no prato. É raro e valioso, um bom almoço de domingo. Tem que se admirar. É coisa de se agradecer.

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