Publicado em 08/04/2018, às 11h39 - Atualizado às 11h45 por Redação Pais&Filhos
O tempo ao ar livre tem diminuído tanto que as crianças passam mais de 90% do tempo em lugares fechados que abertos. Por mais chocante que soe, muitos detentos passam mais tempo ao ar livro que muitas meninas e meninos das cidades. O desenvolvimento infantil exige que as crianças façam movimentos desde o nascimento e a forma mais fácil e interessante de fazer isso é do lado de fora de casa.
O sistema nervoso serve para locomoção e muitos outros sistemas estão subordinados a ele.Os subsistemas sensoriais e emocionais estão a serviço do subsistema motor, que está relacionado com uma conduta de aproximação ou afastamento. Quando você coloca a mão em algo muito quente, por exemplo, afasta instintivamente. Se alguém ou algo nos atrai, nos aproximamos. Da mesma forma, nos afastamos se não gostamos de uma situação ou detectamos um perigo.
Resumidamente, tudo é questão de movimento. E o nosso cérebro dedica muitos neurônios para realizar esta função. Desde o começo, aprendemos a nos movimentar de forma cada vez mais sofisticada e, assim, aprendemos a comandar subsistemas envolvidos no movimento: o sensorial, o vestibular, o cognitivo e, obviamente, o emocional.
E essa aprendizagem se realiza na infância graças às brincadeiras!
Muitas funções do sistema nervoso exigem uma formação da sensibilidade. A criança aprende a andar e a falar nos três primeiros anos, por exemplo. A alteração dessas funções durante períodos críticos de desenvolvimento está ligada a muitos transtornos neurológicos pediátricos. Nossos sistemas precisam de estímulos para se desenvolver, sem estímulo, a criança fica com medo de qualquer coisa que envolva deslocamento em altura, velocidade, giros ou mudança posturais bruscas.
Por isso, hematomas, cortes e arranhões são um direito das crianças na hora de aprender. E cuidado: tentar evitá-los a todo custo pode causar déficits cognitivos e emocionais para toda a vida.
A brincadeira deve ser a principal atividade de uma criança. É o que cérebro dela espera: brincadeiras e mais brincadeiras, ainda mais relacionadas com a atividade física, e de preferência ao ar livre. Quanto maior for as diferenças de idade, melhor será para o desenvolvimento das relações pessoais e para a modulação da agressividade e da empatia. Mas não precisa se companhia sempre, não: o cérebro também precisa aprender a se entediar.
Faz poucos séculos que passamos a habitar cidades grandes e evoluídas, por isso, nosso organismo ainda não se adaptou viver nelas. Quando vemos crianças em parquinhos ou parques de diversão, vemos como são rápidas, não param, se desafiam com equilíbrio e altura. Quando uma criança brinca ao ar livre, ainda mais em um ambiente natural, o cérebro agradece com uma injeção de felicidade. Ela corre riscos? Claro, todos nós, estamos vivos!
A brincadeira permite que as pessoas aprendam a se movimentar com destreza, a não se machucar, a avaliar as situações de maneira adequada e, quando não houver outro remédio, a ser agressivo e na medida certa, respeitando dentro do possível os valores aprendidos. Nisso o ambiente familiar tem um papel fundamental.
Pudemos perceber que, durante as últimas décadas, houve um declínio na liberdade das crianças para brincar, especialmente em brincadeiras sociais e em grupos de idade heterogênea, longe dos olhares vigilantes dos adultos. E, ao mesmo tempo, um aumento considerável dos casos de ansiedade, depressão, sentimentos de tristeza, impulsividade e narcisismo entre as crianças.
A teoria da regulação emocional através da brincadeira diz que uma das principais funções da brincadeira entre meninos e meninas é a aprendizagem de como regular o medo e a raiva. Em uma brincadeira com certo riscos, eles aprendem a enfrentar pequenas doses manejáveis de medo, sem cair em emoções negativas por muito tempo. Assim, aprendem que é possível superar a situação e se recuperar para um estado emocional normal de alegria.
Ou seja, só existem vantagens em brincar, aproveita que hoje, 8 de abril, é domingo e vá estimular seu filho em um playground perto de casa!
Informações do El País.
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