Publicado em 14/06/2019, às 07h59 - Atualizado às 08h29 por Yulia Serra, Editora | Filha de Suzimar e Leopoldo
Essa foi a conclusão de uma longa pesquisa apresentada no Congresso de Ciências Humanas e Sociais, em Vancouver (Canadá). A queimada, um dos esportes mais famosos nas escolas, pode ser usado como ferramenta de “opressão” para “desumanizar” outras pessoas. Você com certeza já esteve em uma partida e pode se lembrar da correria para não ser acertado.
“Quando você está estabelecendo o ambiente para os estudantes aprenderem e introduz a ideia de que está tudo bem bater a bola em quem quiser, mesmo que seja macia, a intenção (de agressividade) está lá”, explicou Joy Buttler, uma professora que estuda pedagogia e desenvolvimento curricular na University of British Columbia, ao The Washington Post.
A especialista entende que as aulas de Educação Física devem ser um espaço onde os professores ajudem os alunos a controlar sua agressividade, ao invés de expressá-las através do ódio. O estudo contou com entrevistas de vários estudantes sobre essa aula especificamente e ouviu repetidas vezes a frase: “Eu odeio queimada” e, por isso, os pesquisadores decidiram se aprofundar no assunto e quiseram entender o motivo desse sentimento comum.
As respostas que encontraram foram muito parecidas com o que Iris Marion Young escreveu no artigo “As cinco faces da Opressão, publicado em 1990 pelo livro “Justiça e as Políticas de Diferença”, são elas: exploração, marginalização, impotência, imperialismo cultural e violência.
A pesquisa percebeu que quanto mais atlético e autoritário era um estudante na aula, maior a chance de estabelecer regras e práticas sem inserir os outros. E esse hábito era claro na hora de criar as próprias equipes, excluindo outros alunos. “Quando eles pensam que está tudo certo, porque alguém disse para fazerem isso, o que irão aprender?”, questionou Buttler.
A pesquisa deverá ser publicada na revista European Physical Education Review e outros estudos devem ser feitos em relação ao tema. Mas é impossível negar que as explicações fazem sentido, e não apenas para esse esporte.
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