Criança

Brilha Brilha Estrelinha: YouTube remove vídeo com mensagem de suicídio em música infantil

Reprodução / YouTube

Publicado em 28/10/2019, às 16h45 - Atualizado em 29/10/2019, às 07h43 por Isabella Zacharias


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O vídeo “Brilha Brilha Estrelinha (suicida)” deixou muitos pais preocupados (Foto: Reprodução / YouTube)

Um vídeo está circulando pelo YouTube e deixando muitos pais preocupados. Com o nome de “Brilha brilha estrelinha (suicida)”, o vídeo fala abertamente sobre suicídio ao som da música infantil. Originalmente, a música, chamada “Luna”, vem de um personagem de um desenho japonês, chamado Shinigami. Shinigami é um termo japonês usado para falar sobre seres mitológicos e sobrenaturais, que induzem os seres humanos a cometerem suicídio.

O vídeo não está no YouTube Kids, mas está no YouTube normal, com acesso para pessoas de todas as idades. Pais e mães estão apreensivos com a mensagem que o vídeo traz porque está chegando nas crianças. Apesar de ter sido publicado em maio de 2018, o vídeo já tem mais de 29 mil visualizações e 1,6 mil likes. Com quase 150 comentários, algumas pessoas relataram que viram crianças ouvindo ou cantando a música.

Em entrevista para a Pais&Filhos, a Andressa, mãe das gêmeas Manuella e Isabella, de 2 anos, conta como o vídeo chegou até ela. Andressa explicou que as filhas adoram a música Brilha Brilha Estrelinha e seu marido foi procurar para as meninas ouvirem e, na busca, se deparou com a opção “Brilha Brilha Estrelinha suicida”.

O vídeo tinha mensagens suicidas (Foto: Reprodução / YouTube)

“Como tava na mão dele, ele abriu, clicou e começou a ver o vídeo, que era um vídeo todo escuro e falando de morte“, explica Andressa. O marido comentou sobre o assunto com Andressa, que respondeu que nunca tinha visto aquele vídeo. “Aí peguei outro celular e fiz a mesma busca. Busquei as palavras ‘brilha brilha’ e já apareceu como sugestão o ‘Brilha Brilha suicida'”.

Andressa diz que sua preocupação como mãe é o fato das crianças não saberem o que estão assistindo e não entenderem a gravidade do vídeo. “Elas acabam assimilando essas coisas que são ruins e acabam levando elas a fazerem coisas que elas nem sabem o que são. É muito preocupante. A gente tenta ter o controle também, mas é uma coisa tão simples e tão fácil de se achar e qualquer criança pode ter acesso”, conta a mãe de Manuella e Isabella.

A Pais&Filhos procurou a assessoria da plataforma para mais informações sobre o vídeo. A partir do nosso contato, o conteúdo foi retirado do ar pelo YouTube por violação de termos de serviço da plataforma. Em outros vídeos com o mesmo conteúdo, o YouTube dá uma notificação para o usuário com um comunicado alertando sobre o conteúdo, identificando-o como impróprio ou ofensivo. Sendo assim, o usuário escolhe se deseja continuar e assistir o vídeo ou não. Andressa disse que achou certa a posição da rede social. “Esse é o caminho. Eu acredito que um vídeo como esse com tanta facilidade não pode ser uma opção de busca, é muito grave”, diz a mãe.

A plataforma removeu o vídeo alegando violação dos Termos de Serviço (Foto: Reprodução / YouTube)
Em outros vídeos, o usuário pode optar por assistir o conteúdo ou não (Foto: Reprodução / YouTube)

Nota oficial 

O Youtube ainda nos enviou uma nota falando sobre como a empresa se posiciona em relações à esses casos. “O YouTube é uma plataforma aberta e destinada a adultos, como está observado em nossos termos de serviço. O uso da plataforma por menores de 13 anos deve sempre ser feito pelo YouTube Kids e com supervisão dos pais ou responsáveis. Em relação ao conteúdo gerado por usuários, todos devem seguir nossas Diretrizes da Comunidade. Contamos com os membros da nossa comunidade para sinalizar conteúdos que violem essas diretrizes. As políticas de nossos produtos proíbem conteúdo de assédio e intimidação virtual, conteúdo prejudicial ou perigoso, conteúdo explícito ou violento, e nos incentivamos que qualquer usuário pode realizar denúncias.

É preciso falar sobre

Felizmente, não houve casos de suicídio causados pela música, mas é preciso estar atento sobre o assunto, saber como conversar com seu filho sobre isso e prevenir os casos. Ao falar sobre suicídio, é comum ouvir que “quem ameaça se matar só quer chamar a atenção”. Mas a ciência e os dados provam o contrário: a pessoa que ameaça tirar a própria vida provavelmente o fará em algum momento, se não receber ajuda de quem está ao seu redor.

Em todo o mundo, uma pessoa tira a própria vida a cada 40 segundos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No geral, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos. “O suicídio é uma questão global de saúde pública. Todas as idades, sexos e regiões do mundo são afetadas”, diz o relatório. A OMS pediu aos governos que adotem planos de prevenção de suicídio.

Segundo o médico e terapeuta Marcelo Katayama, os pais e a escola devem olhar para a causa raiz de um suicídio, em vez da causa evidente. “É preciso trabalhar a inteligência emocional nas crianças e adolescentes. Para resolver a causa, não adianta só olhar superficialmente, mas sim encontrar os problemas e sentimentos anteriores como medo, raiva, tristeza, frustração e insatisfação.”

Para Mônica Pessanha, psicopedagoga e psicanalista de crianças e adolescentes, a ferramenta mais eficaz é a observação dos sinais e da predisposição, tanto dos pais quanto das escolas. “Cabe conversar sempre que possível e buscar ajuda sempre que necessário. Discuta com franqueza e abertamente o suicídio com a criança e o adolescente, especialmente se achar que ele pode estar em risco. É importante compartilhar preocupações e incentivar a expressar suas ideias e emoções.”

Também vale ficar de olho em algumas mudanças de comportamento:

– Mudanças na personalidade: tristeza, abstinência, irritabilidade, ansiedade, exaustão e indecisão

– Mudanças de comportamento: deterioração das relações sociais e desempenho escolar, redução do envolvimento em atividades positivas

– Distúrbio do sono: insônia, dormir demais, pesadelos

– Mudanças na alimentação: perda de apetite, perda de peso ou excessos

– Medo de perder o controle: comportamento errático, prejudicar a si mesmo ou aos outros

Infância

Na infância os distúrbios do humor podem se apresentar de maneira muito mais sutil e silenciosa do que em adultos. Depressão pode ser uma possibilidade quando a criança que tinha um desenvolvimento normal muda o comportamento. O psiquiatra e pesquisador especializado em doença afetivas e transtornos do humor da Universidade de São Paulo e Faculdade de Medicina do ABC, Diego Tavares, elenca aspectos que podem chamar atenção de pais e responsáveis:

Se seu filho fala sobre se matar, entre imediatamente em contato com um profissional de saúde mental. Vale também ligar para o centro de valorização da vida, serviço de apoio emocional e prevenção do suicídio — basta discar 188.

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Palavras-chave
Comportamento Família Notícias Educação Desenvolvimento Criança

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