Publicado em 06/06/2020, às 18h38 - Atualizado em 09/05/2022, às 16h06 por Andressa Simonini, Jéssica Anjos, Jennifer Detlinger e Marina Paschoal
Famílias e histórias não faltam. Algumas que se conectam logo de cara e outras nem tanto. Abrir as portas e falar sobre a intimidade não é fácil. Gera culpa, medo e também frustração. Ao mesmo tempo, alivia. E escutar, acalma ainda mais o coração, principalmente se você está passando pela mesma dificuldade. Antes de começar essa matéria, precisamos agradecer a Amanda* (*nome fictício criado para preservar a identidade da família) por abrir sua história, a todos os profissionais da área jurídica, aos especialistas em psicologia e educadoras.
Começamos com uma realidade muito comum nos dias de hoje, infelizmente, mas que é necessário falar. A história da Amanda é uma delas, que nos ajuda a ilustrar a situação:
“Minha família sempre foi conservadora, então quando engravidei do meu primeiro filho acabei me casando. Nos primeiros anos conseguimos superar muitas diferenças. Por isso, o casamento durou 15 anos e tivemos dois filhos. Com o passar do tempo eu me sentia cada vez mais perdida e ele começou a ter crises de ciúme excessivas, sem motivo nenhum, e isso foi desgastando cada vez mais o nosso relacionamento. Até que a quarentena nos forçou a uma convivência muito grande juntos, e foi onde alguns sentimentos vieram à tona e eu percebi que não podia passar uma vida inteira conformada com uma relação que não me trazia felicidade.
Cerca de duas semanas após o distanciamento social, ele voltou a trabalhar. Todas as tarefas da casa ficaram comigo, somado cuidar das crianças e trabalho em home office. Ele não entendia quando eu pedia ajuda e, por ser da área da saúde, também não respeitava quando eu pedia para se afastar de mim e das crianças.
Chegou o dia em que ele foi ficando cada vez mais nervoso, até que, durante uma briga, me agrediu. Decidi sair de casa com as crianças e fui para a minha mãe. Fiquei uma semana lá até que ele encontrasse um lugar pra morar. Feito isso, voltamos pra nossa casa.
Tem sido difícil fazer todo esse movimento durante a quarentena, mas a sensação de alívio é maior do que qualquer incômodo ou problema. Meu filho mais velho é meu parceiro de vida, sabe de tudo e me apoia muito. O mais novo ainda pergunta pelo pai, e sempre que pode, quer ir pra casa dele. Eu não ligo, até porque seremos sempre uma família, só mudamos a configuração“.
Quando iniciamos o isolamento social, as primeiras preocupações eram saber sobre o básico do coronavírus. Estávamos em busca de respostas, pensando na nossa saúde e da nossa família. Viver em quarentena era (e ainda é) algo desconhecido, o que nos faz enfrentar realidades que nem sabíamos que seriam necessárias. O mundo foi para dentro de suas casas. E ali estava uma nova relação, um reencontro familiar, que mostraria as verdadeiras cores de cada ser humano. Pensamos que o planeta estava sendo infestado por um vírus, mas não chegamos a imaginar que ele traria uma outra pandemia: o término de muitos relacionamentos.
Como tudo começou na China, foi para lá que resolvemos olhar primeiro. Encontramos um artigo no site americano Bloomberg, que dizia que após 4 meses de quarentena, os escritórios locais registraram um grande aumento de pedido de divórcios. Steve Li, pai de Alice, advogado de família de Shangai do escritório Gentle & Trust Law Firm, afirmou em depoimento ao site, que quanto mais tempo os casais passam juntos, mais se odeiam. Em entrevista exclusiva para a Pais&Filhos, ele diz que é compreensível a situação e enxerga que quando tudo isso passar as coisas voltarão ao seu normal. “É óbvio que esse momento é incomum. Atualmente é difícil conseguir registrar o divórcio imediatamente porque há tantas pessoas na fila dos cartórios, que provavelmente terão que esperar um bom tempo para conseguir agendamento na China”, explica.
Os Estados Unidos foram um dos países mais atingidos pelo coronavírus e também apontam o mesmo comportamento relatado na China: casais confinados estão atrás de advogados para solicitar pedidos de divórcio. Conversamos com o norte-americano, especialista em direito da família em Nova York, Steve Mandel, pai de Corie e Emily, e por enquanto, os tribunais na cidade estão fechados desde março. “Mas nós sabemos que assim que tudo estiver aberto novamente teremos um aumento gigantesco nos pedidos”, aponta.
Outros países vivem a mesma percepção com as relações conjugais. Portugal registrou um aumento no número de divórcios, apesar de não ter índices concretos. “Temos notado em nosso escritório um crescimento de 25% na procura de aconselhamento jurídico na área da família com foco no divórcio, em comparação ao mesmo período do ano passado. Na maioria dos casos, o problema já existe, mas é amplificado com a maior convivência dos casais. Se as pessoas já não estão bem, vão ficar ainda piores. Aumenta a pressão, surgem mais discussões, e em alguns casos pode até levar a situações de violência doméstica”, define Frederico Assunção, advogado de Direito de Família, do escritório Dantas Rodrigues & Associados, em Lisboa.
25% de crescimento por aconselhamento jurídico na área de família, com foco em divórcio, no escritório Dantas Rodrigues & Associados, em Portugal, Lisboa
Já na Itália a curva de crescimento não é diferente. De acordo com o italiano Andrea Totò, pai de Ludovico e Sebastiano, advogado em Roma especializado em direito de família, eles testemunharam um salto nos pedidos por informação sobre separação e divórcio no país. “Ainda não temos um número preciso sobre o aumento, mas nós monitoramos um site italiano que lida apenas com causas ligadas à família e notamos um crescimento absurdo nas visitas em páginas dedicadas a processos de divórcio a partir do lockdown, que aconteceu no final de fevereiro”, ilustra.
177% representa a explosão da procura por consultoria em divórcios, na empresa Divórcio Brasil, em abril, se comparado ao mesmo período do ano passado
A brasileira Daniela de Souza, mãe de Giulia e Camilla, advogada também especializada em direito da família trabalha em Florença, na Itália, e tem a mesma percepção que Andrea e reforça o que Frederico Assunção citou: a violência doméstica. “Pessoalmente, como Cônsul Honorária do Brasil na Região da Toscana, recebi o telefonema de algumas mulheres brasileiras que foram vítimas de agressão e pediram ajuda para denunciar os abusos sofridos durante o isolamento social italiano”, conta.
Me diz o que você pesquisa, que vamos te dizer quem és. Brincadeiras à parte, dados levantados e divulgados com exclusividade pelo Google para a Pais&Filhos mostram que essa frase nunca foi tão verdadeira. Entre os dias 13 e 29 de abril, houve um salto de 9900% no interesse de buscas pelo termo “divórcio online gratuito” no Brasil. Um mês antes, o site de buscas também registrou um aumento de 82% na pergunta “como dar entrada no divórcio?” aqui no país.
De encontro à essa informação, segundo levantamento divulgado em nota do escritório Santana Silva, Garcia & Melo Advogados (SSGM), apesar desses números, o judiciário ainda não enxerga este crescimento: “Como estamos em isolamento, as pessoas que têm intenção de se divorciar ainda estão se informando a respeito dos procedimentos. É provável que os números oficiais só apareçam quando a quarentena chegar ao fim, como ocorreu na China”.
E essa vontade não ficou registrada apenas nos históricos de pesquisa nas casas Brasil afora. Para se ter uma ideia, segundo Diego Queiroz, filho de Marta e Raimundo, da empresa especializada Divórcios Brasil, que atende na maior parte dos casos pessoas de classe média, em abril deste ano houve um aumento de 177% na procura por advogados para consultoria sobre divórcio em comparação ao mesmo período do ano passado. Além disso, os números mostram-se crescentes desde o início da quarentena. Em janeiro deste ano receberam 55 contatos de pessoas que gostariam da separação matrimonial, já em abril 133.
O escritório Mattos Filho, que atende na área de gestão patrimonial, família e sucessões, para clientes de alta renda, costumava realizar dois divórcios ao mês antes da pandemia. Agora, passou a registrar consultas diárias sobre o assunto. “Seguramente acredito que o volume de consultas aumentou muito e sem dúvidas é um reflexo dessa situação, então, no nosso escritório, a gente deu uma virada para casos com pessoas físicas”, esclarece Alessandro Amadeu da Fonseca, pai de João e Joaquim, advogado e sócio do escritório.
A advogada Renata Tavares Garcia Ricca, mãe de Júlia, e sócia do escritório SSGM, entende que esse crescimento é um processo ainda em andamento, e que será cada vez maior e terá pico em alguns meses. Ou seja, a ideia aqui é entender a realidade, não tapar o sol com a peneira e pensar que, caso essa situação esteja acontecendo dentro da sua casa, é fundamental entender que o casal deixa de ser marido e mulher, mas pai e mãe, jamais. “Um casamento acaba, mas a relação familiar sempre vai existir, não é extinta pela lei”, defende Alessandro. E é esse olhar e caminhos que queremos mostrar daqui em diante. Vamos juntos enxergar as nossas crianças e preservar a qualidade emocional delas e a felicidade. Isso é uma responsabilidade de vocês e de mais ninguém.
A cena é essa: um dia os filhos estão na escola e no outro não estão mais. Um dos pais precisa assumir a responsabilidade de acompanhar os estudos em casa — o que em 99% das vezes fica com a mãe (conforme relatado na história de Amanda*), segundo Roberta Bento, mãe de Taís, nossa embaixadora e colunista, e fundadora do SOS Educação. Isso implica em muita cobrança e alguns desentendimentos com a criança. Nesse meio-tempo, o outro responsável se encarrega dos momentos de diversão e descontração com o filho. Essa diferença de responsabilidades gera um ressentimento na pessoa que ficou com a parte “chata” e mais difícil da história, e pode desencadear um grande estresse no relacionamento conjugal.
E os números comprovam isso: segundo uma pesquisa conduzida pela Catho, site brasileiro de classificados de emprego, feita com cerca de 7 mil pessoas, 60% das mulheres afirmam sentirem os impactos do isolamento social na saúde emocional. Entre esses problemas, o fato de ter que conciliar trabalho, tarefas domésticas e filhos durante a quarentena foi apontado por 40,5% delas. “Durante o lockdown, as pessoas estão confinadas em um lugar pequeno 24 horas por dia convivendo mais tempo com os cônjuges do que eles estavam acostumados antes”, aponta Steve Mandel de Nova York.
Esse mesmo sentimento acontece com as famílias australianas. Segundo o advogado Hayder Shkara, filho de Masako e Husam, o site do escritório Justice Family Lawyers, em que ele trabalha, teve aumento de 20% no tráfego. “Eu diria que as pessoas estão usando esse tempo da quarentena para refletir sobre a vida e seus relacionamentos”, acredita.
Todo tipo de relação ganha mais intensidade – ou seja, os relacionamentos foram postos à prova. O casal que já estava numa crise, tende a intensificar o desentendimento, e vice-versa. Como pai, você assume novos papéis neste período e encarar o desafio de lidar com os estudos das crianças, fazer comida, cuidar da casa e ainda trabalhar no sistema home office não tem sido nada fácil. “É como uma provação à nossa sanidade mental e capacidade de enfrentar desafios. É o momento de funcionar ou falhar. E para administrar todos esses sentimentos, precisamos dialogar”, aconselha Vera Iaconelli, psicanalista e mãe de Mariana e Gabriela.
“Não podemos deixar de mencionar que muitas pessoas perderam o emprego ou tiveram o salário reduzido. A diminuição da renda da família muda a vida de todos”, diz a advogada Renata Tavares Garcia Ricca. Obviamente que essa nova realidade também traz brigas para dentro de casa. As possibilidades de trabalho reduziram drasticamente, o que gera uma insegurança seguida de cobrança por ambos os lados.
Aqui no Brasil, o homeschooling não é liberado por lei oficialmente, mas as crianças estão com aulas online em casa. “É neste momento que os pais percebem o quanto a escola era uma rede de apoio muito importante para a família”, comenta Taís Bento, filha de Roberta, nossa embaixadora e colunista, especialista em educação. Com as aulas presenciais, os pais tinham um tempo individual e para o casal.
Nos Estados Unidos, o formato de ensino em casa, realizado pelos próprios responsáveis da criança, é frequente e regularizado. Mesmo sendo uma prática comum, o estresse também chega. “Lá, um dos responsáveis realmente assume o papel de professor, que decide a metodologia, os horários e as próprias formas de educação. Isso acaba tomando tempo e energia, além de gerar um desgaste no relacionamento dos casais”, explica Roberta Bento. Em Nova York, apesar do homeschooling ser uma prática comum, ele acaba se tornando o principal fator de desgaste dentro do confinamento para uma possível separação, por exemplo. Mas diante de problemas como esse, entramos em um ponto fundamental para ter atenção: o quanto precisamos ser honestos com nossos filhos?
Mas não deveria ser. Antes de qualquer coisa, lembre-se que o divórcio, a separação ou a falta de dinheiro são preocupações que seu filho não precisa (e nem deve!) ter, mas também não pode estar totalmente fora dessa nova fase dos pais. A conversa precisa ser feita da forma mais tranquila possível e adequada à idade da criança. “Essa é uma situação que seu filho não pode resolver, então é importante não sobrecarregá-lo. Terminar o diálogo com uma mensagem otimista significa dar espaço para ele falar sobre os medos e para que você possa acolher”, defende Vanessa Abdo, mãe de Laura e Rafael, nossa embaixadora, psicóloga e psicoterapeuta.
Encontrar maneiras de evitar discussões e trazer tranquilidade para o convívio e rotina da criança não é fácil, mas fará toda a diferença. Esse é o tipo de maturidade que, muitas vezes, mães e pais são obrigados a encontrar em busca do melhor para os filhos no meio de uma separação. “Esse é realmente um grande desafio. Muitos casais não conseguem entrar em um processo de separação sem ter conflitos. Então, as crianças acabam percebendo, principalmente em uma quarentena. É importante deixar claro que a relação com o filho não muda e que agora a configuração familiar é outra”, explica Silvia Lopes Coelho de Oliveira, mãe de Paulo, e psicóloga.
Com ou sem coronavírus, o que deve prevalecer nessa decisão é o bem-estar de todos. “Os filhos aprendem por repetição e se estão vendo os pais ansiosos e desesperados, vão entender que o momento é muito tenso e podem adoecer emocionalmente”, afirma Saulo Nardy Nader, pai de Mel, neurologista do Albert Einstein.
A criança é uma esponja do comportamento dos pais. “Apenas 7% da comunicação delas é a fala, o restante é não-verbal. Se os pais estão incomodados, ela vai perceber. Essa provocação gera até comportamentos de regressão e mais manhosos. Com isso, o filho se aproxima de um dos pais e demanda o dobro de cuidado, por estar desestabilizado. Você precisa entender que a criança está passando por um processo desafiador ao seu lado”, explica Michelle Occiuzzi, educadora parental, mãe de Hector.
Não se esqueça que seu filho está inserido em uma situação complicada com mudanças na rotina jamais vistas antes: longe da escola, sem poder encontrar os amigos e parentes, e nem brincar ao ar livre. Além disso, ainda tem o medo do desconhecido, do vírus e a incerteza de quando tudo isso vai passar. “As crianças não têm muita noção do que está acontecendo, e ao mesmo tempo a unidade familiar dela pode estar se dissolvendo. Então sempre recomendo que o casal tente minimamente manter a convivência, evitar discussões na frente dos filhos e, principalmente, não falar mal um do outro”, alerta Alessandro, da Mattos Filho.
Se não é fácil para vocês passar por essa situação, imagina para a criança. Por isso, pense sempre na saúde emocionaldela e ficar atento aos sinais que podem indicar ansiedade ou algo mais preocupante. “Marcar vídeos chamada com amigos, parentes e familiares pode trazer leveza para dentro de casa”, aconselha Taís Bento.
Olhar nos olhos de uma criança e dizer a ela que seus pais não ficarão mais juntos talvez seja um dos momentos mais difíceis de uma separação. Nunca poderemos prever qual reação ela terá diante de uma notícia como essa. Afinal, tudo depende muito da idade e da relação com os pais.
Mas existem alguns passos gerais que todos os pais podem adotar. O primeiro deles é dizer a verdade. “Os filhos têm o direito de saber por que está acontecendo o divórcio. Escolha algo simples e honesto”, explica Monica Pessanha, mãe de Melissa e psicoterapeuta de crianças e adolescentes.
Na hora de dar a notícia, é recomendado que pai e mãe estejam presentes, mas na maioria das vezes, isso não acontece. De qualquer forma, as chances da criança se sentir abandonada pode ser diminuída se ela entender que a separação é uma decisão conjunta. “Por mais simples que possa parecer, deixe que seus filhos saibam que seu amor por eles não mudou. Diga que ainda vai cuidar deles em todos os sentidos e que, juntos, vocês podem lidar com todos os detalhes”, afirma Monica.
Para crianças com menos de 3 anos, a dica é dar a notícia de uma forma lúdica, sem mencionar o fato da separação em si. “Não existe a conversa, apenas brinque com seu filho. Sente-se com ele e comece uma dinâmica com bonecos e brinquedos. Deixe ele discorrer uma história sobre a família. Desse jeito, você já irá perceber como ele enxerga a configuração familiar atual e como se sente diante disso”, aconselha Michelle. Para aquelas acima de 3 anos conseguem dialogar. Nesses casos, explique que a relação de namorados acabou, mas a ligação com o filho de pai e mãe irá sempre continuar.
O acompanhamento psicológico não é obrigatório, mas pode acontecer antes ou depois da separação, caso a família sinta essa necessidade. Esteja atento a qualquer mudança de comportamento do seu filho! Se você sentir que não estão conseguindo resolver todos os problemas em casa, procure a ajuda de alguém de fora. A família inteira pode ajudar nesses momentos.
Nem todas as crianças entendem uma separação da mesma forma, e a idade faz toda a diferença:
O bebê não entende a separação dos pais porque ainda não tem a maturidade emocional necessária. Para criar o vínculo, o pai pode visitá-lo com frequência.
A criança já tem um desenvolvimento afetivo e psicomotor. Ou seja, sabe quem
são os pais e confia neles. A conversa deve ser franca e simples, deixando claro que um deles não vai mais morar com a família, mas que ainda verá o filho.
Mais independentes nos quesitos emocional e psicomotor, elas já entendem o que significa
uma separação. Os pais podem explicar o que aconteceu, sem entrar em detalhes. As crianças podem fantasiar sobre a causa do divórcio, por isso, deixem claro que nada tem a ver com elas.
Mesmo que já entendam a separação, ainda fantasiam sobre a culpa e podem sentir
medo do abandono. Terão dúvidas, estejam preparados para responder, reforçando a relação de confiança. Contam com os encontros combinados, e pequenas provas de amor fazem diferença.
Para crianças a partir dos três anos, use a dinâmica da bexiga para contar sobre o divórcio.
* Essa atividade foi indicada por Fernanda Lee, mãe de Kris e Kate, pioneira em trazer a Disciplina Positiva ao Brasil e em Portugal. Veja o vídeo abaixo:
Manter os filhos em primeiro lugar requer muita maturidade e esforço por parte do ex-casal, sabemos que não é fácil conseguir isso. Mas também não é impossível, quando você deseja o bem da criança acima de tudo.“Os adultos precisam entender que existem duas entidades conversando ali. Quando eles têm consciência disso, é possível atravessar esse período de maneira digna e respeitosa”, explica Daniella Freixo de Faria, mãe de Maria Eduarda e Maria Luisa, nossa embaixadora psicóloga.
Pensar no bem-estar do filho vai depender da dinâmica e relacionamento de cada família. O momento da decisão sobre a guarda pode gerar conflitos e mais discussões entre o pai e a mãe. Existem três tipos de guarda previstos por lei: as duas mais comuns são a unilateral e a compartilhada. Já a alternada acontece em casos mais específicos.
Mesmo em casos que a guarda não é compartilhada, o ideal é que a criança perceba que nada na vida dela mudou. Um filho de pais separados precisa sentir que não perdeu o amor de nenhum dos dois, que continua tendo ambos em sua rotina, para que a sua insegurança seja eliminada. Aliás, quando os pais se separam e mantêm um bom relacionamento, é normal que a criança ganhe muita qualidade da presença dos dois, que se tornam mais atentos e dedicados a ela.
Cada família saberá o que se encaixa melhor na sua situação e no momento em que estão vivendo. Em ambos os casos, os pais não poderão deixar de conversar entre si, mas a guarda compartilhada exige ainda mais contato. “É fundamental entender que qualquer tipo de combinado não pode ser pensado somente no adulto. Essa guarda surgiu baseada na necessidade da criança em estar tanto com um como o outro. A rotina precisa ser planejada, não adianta ela ficar de mala para um lado e para o outro, principalmente em momentos como esse”, afirma a psicóloga Daniella.
A guarda compartilhada em si está relacionada às decisões sobre a vida da criança e não somente ao regime de convivência. “Dentro desse cenário todo, a palavra do momento é bom senso. Em uma situação extrema, é possível que o filho tenha que ficar em uma só casa. Os pais devem conversar e chegar em comum acordo. Não tem porque você submeter a criança a um risco grande apenas para cumprir regime de convivência”, defende Antonio Carlos Petto Junior, advogado especializado em direito de família, do escritório Duarte Garcia Serra Netto e Terra Advogados.
Para entender ainda mais como a preocupação com a criança deve ser levada em consideração, a lei hoje exige que, quando há menores envolvidos, seja definido primeiramente o tipo de guarda e a pensão alimentícia, depois o divórcio.
(Fonte: Alessandro Amadeu e Regina Beatriz da Silva, doutora em direito civil pela USP)
Um divórcio pode provocar raiva e as mágoas surgem a todo o momento. Exige um grande esforço deixar tudo isso de lado e manter o bom convívio entre pai e mãe. Mas, calma, vocês também não precisam ser melhores amigos caso não sintam-se à vontade. Uma boa relação não significa frequentar os mesmos eventos ou sair para tomar café e dar boas risadas.
Até que cada um encontre o seu próprio portal, é extremamente necessário ter em mente que a criança não pode ser envolvida nas brigas e discussões. Quando você desabafa com o seu filho sobre os problemas em relação ao seu ex-parceiro, ele se sente pressionado a escolher um lado, além de cultivar sentimentos negativos sobre o próprio pai ou mãe. Por mais que você esteja magoado, isso jamais deve acontecer, a fim de preservar a saúde familiar.
Inclusive, é essencial lembrar que essa atitude tem nome e sobrenome: alienação parental. No Brasil, um grande marco foi a Lei nº 13.431/17, que reconheceu a prática como forma de violência psicológica ao menor. “Jamais fale mal do outro responsável na frente ou próximo à criança (cuidado com aquela call-desabafo com a amiga!). Por causa disso, ela pode se tornar insegura no futuro”, alerta Michelle.
Esse novo momento está trazendo para dentro de cada um de nós um jeito novo de encarar a vida. “As pessoas estão mais em busca de felicidade. Ter que continuar levando um relacionamento de uma forma forçada não está mais em pauta. Além da convivência diária, é sobre essa perspectiva indefinida de futuro e as pessoas querendo de alguma forma ter o controle de tudo”, defende Alessandro Amadeu da Fonseca, da Mattos Filho.
Apesar de preferirmos os momentos felizes da vida, cada emoção tem a sua importância — e é necessário saber usá-las da melhor forma possível diante das frustrações e dificuldades. “Por conta de um futuro incerto, quando entendemos realmente a nossa finitude e vulnerabilidade, é comum que a gente perceba a importância das nossas escolhas e posturas, como algo para não viver como uma expressão americana do take for granted — não tirar como garantido. Quando a gente começa a entender que nós somos seres humanos imperfeitos e falhos, começamos a não mais perceber que a vida se trata dessa expectativa de plena felicidade, mas a oportunidade de aprimoramento humano que temos exatamente nas experiências desafiadoras”, define Daniella Freixo.
Que a felicidade não se compra em caixinha, todo mundo sabe. E também não tem receita pronta. Mas nesta longa jornada de construir (e manter) uma família, você vai aprendendo, aos poucos, como encontrar sua forma de ser feliz.
“O que sinto agora é incrível. Uma liberdade que eu não sentia há tempos, estou muito feliz. Era uma decisão que eu estava amadurecendo já há algum tempo, e acabou acontecendo durante essa pandemia. Apesar de todos os problemas, sinto que foi a melhor decisão que tomei na vida”, finaliza a corajosa Amanda* que se abriu com a gente. Seja responsável, pai ou mãe, feliz e nada mais!
O Disque 180, central de atendimento do governo federal para casos de violência doméstica teve aumento de quase 10% no número de ligações e de 18% nas denúncias de agressão nas duas primeiras semanas
de isolamento.
Se você está passando por essa situação ou presenciou uma violência contra a mulher, não hesite em ligar
para o número 180. A chamada é gratuita, confidencial e funciona 24 horas todos os dias da semana, inclusive finais de semana e feriados.
*Reportagem produzida por Andressa Simonini, filha de Branca Helena e Igor (separados), Jéssica Anjos, filha de Adriana e Marcelo (casados), Jennifer Detlinger, filha de Lucila e Paulo (casados) e Marina Paschoal, filha de Selma e Antonio Jorge (casados), e todos felizes, cada um do seu jeito
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