Publicado em 14/07/2021, às 08h11 por Mayra Gaiato
Quando conversamos com um familiar ou amigo e ele nos conta do processo de descoberta do autismo em um filho, é muito comum que venha o complemento na sequência: “Mas é leve”! Essa fala acontece bastante em função do preconceito que ainda existe com o tema, o desejo de que, sendo leve, a criança teria “menos” autismo.
Independente de grau, para estar dentro do TEA precisa haver déficit em duas áreas: interação social/comunicação e interesses restritos e estereotipados. Ambos são consequências do neurodesenvolvimento, que se dá de forma alterada nessas pessoas. A interação social e comunicação estão no mesmo tópico, pois, entende-se que o déficit principal do autismo é relação interpessoal, e a linguagem está diretamente ligada a esse fator.
Falando sobre a gravidade dos sintomas, anteriormente falava-se em autismo leve, moderado e grave. O conhecido termo ‘Síndrome de Asperger’ por exemplo, caracterizava casos de autismo “leve”, com poucas dificuldades comportamentais e sem atraso cognitivo. Esse diagnóstico não se aplica mais nas abordagens médicas e terapêuticas. Agora, devido a nova versão do DSM 5, divide-se o TEA em nível 1, 2 ou 3 de suporte, baseado em quanto apoio e intervenção a pessoa precisa.
Refere-se aos casos em que os principais sinais de autismo são percebidos, mas não há atrasos consideráveis em comunicação, autonomia e independência. Não precisam de tanto suporte e menos intervenções no dia a dia, já que não tem tantos obstáculos de aprendizagem ou para seguir orientações.
É comum que essas pessoas tenham desenvolvido a habilidade da fala sem tantas adversidades, mas ainda assim possuam dificuldade em manter a comunicação social, manter interação, entender entrelinhas da conversa ou ironias. Tendem a interpretar mais ‘ao pé da letra’ o que ouvem e dizem. Por esse fato, podem não se interessar tanto pelas relações, se tornando um pouco mais introvertidas e preferindo passar o tempo com foco em seus interesses restritos.
Os casos de nível 2 de suporte precisam de um pouco mais de ajuda do que o anterior. Os déficits na interação são maiores e, consequentemente, as dificuldades de interação com outras pessoas também se torna mais desafiadora.
Com relação aos comportamentos repetitivos e estereotipados, nesse nível são mais evidentes e, por isso, podem interferir também no contexto social. Tendem a ser mais apegados a rotinas e rituais, fazendo com que as mudanças sejam processos difíceis para eles e podem se desregular quando algo imprevisto acontece.
O terceiro nível de suporte se define por necessidade de apoio constante em diversas áreas da vida. Há um alto déficit tanto na comunicação verbal quanto não verbal, e a interação social é mais limitada. Com relação aos comportamentos restritos, nesses casos ele interfere em mais contextos da vida, mesmo com as terapias intensivas.
Também é possível que apresentem prejuízos como deficiência intelectual, associada a outros fatores relativos ao autismo. Por consequência, atividades escolares e da vida diária são mais desafiadoras. Precisam de apoio para tarefas da rotina, como alimentação e higiene.
Isso significa que a criança diagnosticada como Nível 3 nunca terá desenvolvimentos em algumas habilidades e comportamentos? Não! Com os estímulos corretos, de acordo com a necessidade de cada caso, ela pode ter várias melhorias na sua qualidade de vida. É possível a criança evoluir rapidamente e transitar entre níveis, hora precisando de mais suporte para algumas atividades, hora conquistando sua independência e autonomia para outras. Mas, para que isso aconteça, o pequeno precisa iniciar e o tratamento especializado o quanto antes! É muito importante que a intervenção especializada, ou seja, o tratamento, comece assim que os primeiros sinais forem percebidos. Dessa forma os profissionais podem observar a resposta de evolução ou não para entender o nível de gravidade e trabalhar o que for necessário para a evolução e bem estar de cada paciente.
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