Publicado em 13/07/2023, às 04h43 - Atualizado às 11h40 por Jennifer Detlinger, Editora-chefe | Filha de Lucila e Paulo
A mosca que está voando, a voz da mãe chamando, o lápis na mão do irmão que está desenhando e o som da televisão que parece hipnotizar. Tudo isso tem a mesma intensidade para uma criança com Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade – também conhecido pela sua sigla, TDAH. Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, este é um dos transtornos com maior incidência entre crianças e adolescentes, e é caracterizado, basicamente, por três sintomas: déficit de atenção, hiperatividadee impulsividade
E nem sempre é necessária a presença dos três fenômenos simultaneamente: crianças com TDAHtêm dificuldades de focar em um objeto, têm fácil distração e dificuldade em terminar atividades, como o dever de casa. Além disso, podem apresentar facilidade em perder materiais escolares ou brinquedos, e dificuldade em ficar parada, com o hábito de levantar várias vezes da cadeira na escola ou na hora do jantar. Mas, além do comportamento, é importante analisar todas as áreas da vida dessa criança antes de bater o martelo com o diagnóstico.
O transtorno reconhecido pela Organização Mundial da Saúde(OMS) se manifesta por volta dos 6 anos e, de acordo com a Anvisa, é um dos problemas neurológicos de comportamento mais comuns da infância, atingindo de 8% a 12% de crianças no mundo. “não é um diagnóstico simples, não basta uma única observação ou avaliação geral. É necessária a avaliação neuropsicológica bem fundamentada, observando todas as esferas da vida da criança”, explica André Wolter, psiquiatra, pai de Catarina e Estela.
Além disso, ainda há muito preconceito envolvendo esse transtorno. Às vezes, ele é encarado como frescura ou até um assunto relacionado exclusivamente ao desempenho escolar. Segundo André, muitas pessoas acreditam que os sintomas do TDAH são falta de limite dos pais ou até mesmo um problema na criação. Negligenciada, a criança pode acabar passando por problemas na escola e em casa que não precisaria enfrentar com um tratamento adequado. “Os pacientes que têm o transtorno sofrem porque muita gente ainda acha que isso não existe, que é uma doença inventada por preguiçosos, enquanto, na verdade, eles realmente precisam de tratamento”, esclarece Antônio Geraldo da Silva, pai de Ana Luiza, psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
A disfunção neurobiológica tem como um dos seus principais fatores a herança genética. Claro que para chegar ao diagnóstico, é preciso uma avaliação profunda do comportamento da criança, do ambiente e rotina que ela vive, tanto em casa, como na escola. “Precisamos levar em conta todo o contexto em que ela vive, escutando os pais e a escola”, afrma Rossano Lima, pai de Arthur e psiquiatra de crianças e adolescentes.
Mas é fundamental levar em consideração a possível hereditariedade. Ou seja, os genes podem não ser os responsáveis pelo transtorno em si, mas, sim, por uma predisposição da pessoa. Então, muitas crianças com TDAH possuem familiares (pais, tios, avós, irmãos) com o mesmo diagnóstico. E, segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, várias pesquisas foram necessárias para provar que a recorrência familiar realmente pode existir.
Para isso, os especialistas estudaram gêmeos, para poder comparar as características inatas (aquelas que nascem com a gente). Então, eles analisaram gêmeos idênticos – chamados de univitelinos e que têm quase 100% dos mesmos genes –, com gêmeos fraternos– os bivitelinos, que compartilham cerca de metade dos genes. Assim, quando existe algum distúrbio e ele é genético, as chances dos gêmeos idênticos o compartilharem, é maior. Os resultados provaram que a genética pode, sim, influenciar e mais: a incidência pode chegar até dez vezes mais em famílias com histórico quando comparadas à população geral. Além disso, outros fatores genéticos podem estar relacionados.
Há anos existe tratamento para a condição, possibilitando uma vida melhor tanto nos aspectos pessoais, quanto sociais. Porém, segundo André Wolter, muitos pais têm receio de medicar os filhos com Ritalinapor conta de um dos componentes da fórmula: psicoestimulantes derivados de anfetaminas, que estimulam o sistema nervoso central.
No Brasil, há um uso de medicação muito intenso – e teve aumento de 775% em dez anos, segundo pesquisa feita pela psicóloga Denise Barros, filha de Imaculada Lucia e José Maria, em sua tese de doutorado, em 2014, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Por isso, o médico precisa de muita cautela, tanto no momento da avaliação, quanto ao dar o veredito. “Antes de imaginar que a criança tem o transtorno, é preciso investigar se o comportamento dela tem alguma relação com o ambiente em que vive, com o método pedagógico do colégio ou com alguma situação familiar em que está inserida. São comportamentos antes de serem sintomas”, explica Rossano.
Mesmo com o diagnóstico feito, apenas 10% das crianças brasileiras recebem a prescrição correta, segundo André Wolter – e isso engloba muito mais do que o uso da medicação. O tratamento completo inclui outras áreas, como Psicoterapia, a Psicologia, a Fonoaudiologia e o que mais ela precisar. Por isso, ele reforça que é superimportante começar a terapia desde cedo para que o desempenho na escola não seja afetado, já que é nessa época que o cérebro da criança está em desenvolvimento. “O ensino fundamental vai moldar se ela vai ser um adulto proativo. Porque ela não consegue aprender não por ser desleixada, mas porque ela tem um transtorno”, explica.
Mas, cá entre nós, muito além de consulta, prescrição médica, remédios ou terapia, é muito importante que seu filho esteja inserido num ambiente saudável, onde possa se desenvolver da melhor maneira possível. E, claro, ter a atenção dos pais é imprescindível para qualquer criança, sempre com muito carinho, amor e cuidado.
Segundo dados da ABDA, estes são alguns fatores que podem influenciar na tendência ao transtorno quando associado à herança genética:
Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por predisposição de até 10 vezes mais do que na população em geral.
Pesquisas indicam que mulheres com problemas com álcool têm mais chance de terem fi lhos com problemas de hiperatividade e desatenção. É importante lembrar que estes estudos não mostram necessariamente a associação entre esses fatores, ou seja, não mostram uma relação de causa e efeito.
Alguns estudos mostram que mulheres que tiveram problemas no parto, causando sofrimento fetal, tinham mais risco de terem fi lhos com TDAH.
Crianças pequenas que sofreram intoxicação por chumbo podem apresentar sintomas semelhantes aos do transtorno.
Seu filho pode apresentar dificuldade em se concentrar, focar e, segundo André Wolter, ele também pode apresentar comportamentos como: se mexer muito o tempo todo; contorcer mãos e pés; não conseguir ficar sentado; ter dificuldade para executar alguma tarefa; não conseguir esperar sua vez; fala excessiva; interromper pessoas.
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