Publicado em 14/11/2021, às 06h00 - Atualizado em 16/01/2023, às 09h00 por Jennifer Detlinger, Editora-chefe | Filha de Lucila e Paulo
A diabetes gestacional é um distúrbio caracterizado pelo aumento do nível de açúcar no sangue nas grávidas e que pode levar a futuros problemas de saúde, tanto para a mãe, quanto para o bebê. Segundo o Ministério da Saúde, a diabetes gestacional afeta cerca de 18% das gestantes. Os casos da doença têm aumentado expressivamente. Os últimos estudos relacionam esse aumento às mudanças nos critérios para seu diagnóstico e a fatores como obesidade, sedentarismo e maus hábitos alimentares da população.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) passou a considerar glicemia elevada e alerta de diabetes gestacional as taxas de 92 mg/l de glicose no sangue quando analisado em jejum. Antes, esse valor era de 95 mg/l. A nova diretriz prova que o diabetes quando aparece na gestação é um sinal de alerta e precisa ser diagnosticado e tratado o quanto antes. Segundo Maurício Sobral, ginecologista e obstetra, pai de Luiza e Beatriz, a doença não costuma apresentar sintomas específicos, por isso pode ser confundida com os da própria gravidez, afinal inchaço e ganho de peso, por exemplo, são comuns.
Algumas mulheres são mais predispostas a terem a doença do que outras, especialmente se a gestação for tardia. “Primeiramente se o exame do açúcar no sangue tiver alterações, ou seja, maior que 92mg/dl em jejum. Depois, se a paciente tem histórico de diabetes na família ou na gravidez passada deve ficar muito atenta”, explica Maurício. A gestante também deve suspeitar quando começa a engordar e apresentar inchaço nas extremidades acima do normal. A elevação da pressão sanguínea é um sinal indireto. Na ultrassonografia, seu médico pode notar sinais como o bebê aumentar muito de tamanho e peso e o líquido amniótico aumentar de volume.
O diabetes gestacional causa o aumento dos níveis de glicose no sangue. Geralmente, o problema desaparece depois do nascimento da criança, mas, quando não tratada, pode trazer riscos à saúde do bebê, como parto prematuro, doenças cardíacas, desenvolvimento da síndrome da angústia respiratória (que é a dificuldade para respirar ao nascer), icterícia e obesidade na infância ou adolescência.
De acordo com a obstetra endócrina, da Endoclínica São Paulo, Dra. Ana Claudia Amaral de Souza, o diabetes gestacional pode ser diagnosticado desde o início da gravidez, a partir dos primeiros exames realizados no pré-natal, ou se manifestar mais tardiamente, em geral, a partir da 24ª semana de gestação. O problema acontece pois durante a gravidez a placenta produz uma série de hormônios que podem levar a resistência da ação da insulina, hormônio responsável por controlar a glicose no sangue.
A doença pode ser descoberta por meio de exames como de glicemia de jejum, curva glicêmica e hemoglobina glicada, que devem ser indicados pelo seu ginecologista ou obstetra. A partir daí, o acompanhamento médico se torna mais específico e deve inclui avaliações periódicas e mais detalhadas. “Além das consultas com o obstetra, é muito importante que a gestante opte por uma mudança de hábitos, incluindo uma dieta saudável e a prática de exercícios, que auxiliam no controle dos níveis de glicose no sangue e no funcionamento da insulina”, comenta o Dr. Maurício.
O tratamento depende muito do caso. Pode ser somente com exercícios e dieta até o uso de insulina. “Em casos mais complicados, tem de internar a paciente para controlar o açúcar no sangue e monitorar o bem-estar do bebê”, finaliza o especialista. A diabetes gestacional, em si, não é indicação para o parto cirúrgico.
Para prevenir a diabetes gestacional, o ideal, segundo as especialistas, é se afastar do excesso de açúcar, doces e carboidratos, assim como ingerir uma maior quantidade de frutas, verduras e legumes, ricos em fibras, que melhoram a circulação e diminuem o inchaço. “O diabete gestacional acontece principalmente depois de 24 semanas, quando a placenta produz hormônios que são hiperglicemiantes, e essa hiperglicemia fisiológica se não for contrabalanceada com uma qualidade de estilo de vida favorável, com exercícios físicos, dieta equilibrada, pode desenvolver esse problema. Isso pode levar a complicações para o bebê, inclusive má formação cardíaca, alteração respiratória e um ganho exagerado de peso, que repercute na vida adulta, com síndrome metabólica, pressão alta, alteração de triglicérides e obesidade”, explica a ginecologista Ana Carolina Lúcio Pereira, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
Segundo o estudo publicado no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, sim. O risco de uma mãe grávida ter diabetes gestacionaldurante a gravidez, bem como diabetes tipo 2 mais tarde, está ligado a saber se ela está carregando um filho ou filha. E acontece que as mulheres no estudo que carregavam meninos eram mais propensas a ter diabetes na gravidez do que aquelas que carregavam meninas.
No entanto, enquanto o estudo determinou uma ligação entre o sexo do bebê e o risco da mãe, ele não provou causa e efeito (nem foi projetado para isso). “Acredita-se que o diabetes gestacional ocorre devido a uma combinação de anormalidades metabólicas subjacentes na mãe e alterações metabólicas temporárias que ocorrem durante a gravidez”, disse Baiju Shah, autor do estudo em um comunicado para a imprensa. “Nossas descobertas sugerem que um feto masculino leva a maiores alterações metabólicas associadas à gravidez do que um feto do sexo feminino”.
Em outras descobertas da pesquisa, descobriu-se que as mulheres que tiveram diabetes gestacional durante a gravidez com bebês do sexo feminino também apresentaram um risco maior de desenvolver diabetes tipo 2 posteriormente. Isto sugeriu, no entanto, que essas mulheres tinham outros problemas de saúde subjacentes.
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