Publicado em 23/02/2023, às 15h00 - Atualizado às 15h02 por Redação Pais&Filhos
Um relatório feito nesta quinta-feira, 23 de fevereiro, pela agência das Nações Unidas (ONU), mostrou que a tendência de mortalidade materna é um motivo para causar preocupação. De acordo com a análise, a cada dois minutos, uma mulher morre durante a gestação ou na hora do parto. Ainda segundo o estudo, esse retrocesso na saúde materna tem se agravado com o passar dos anos em grande parte do mundo.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), falou sobre o fato de um momento feliz para a mãe ter a grande possibilidade de se tornar uma tragédia: “Embora a gravidez deva ser um momento de imensa esperança e uma experiência positiva para todas as mulheres, tragicamente ainda é uma experiência chocantemente perigosa para milhões de pessoas em todo o mundo que não têm acesso a cuidados de saúde respeitosos e de alta qualidade”.
Ele afirmou que os novos dados servem de alerta: “Essas novas estatísticas revelam a necessidade urgente de se garantir que todas as mulheres e meninas tenham acesso a serviços de saúde críticos antes, durante e após o parto, e que possam exercer plenamente seus direitos reprodutivos”.
O relatório elaborado faz um rastreamento das mortes maternas de modo nacional, regional e mundial de 2000 a 2020. Foi estimado que 287 mil mortes ocorreram apenas em 2020, uma pequena diminuição em comparação a 2016, ano em que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU entraram em vigor, quando 309 mil óbitos aconteceram.
Nas regiões analisadas pela ONU, a Europa e a América do Norte tiveram 17% de aumento na taxa de mortalidade materna entre 2016 e 2020, enquanto a América Latina e Caribe, tiveram o aumento de 15%.
A Diretora executiva do UNICEF, Catherine Russell, falou sobre as altas taxas: “Para milhões de famílias, o milagre do parto é prejudicado pela tragédia das mortes maternas. Nenhuma mãe deveria temer por sua vida ao trazer um bebê ao mundo, especialmente quando existem conhecimentos e ferramentas para tratar complicações comuns. A equidade na saúde oferece a todas as mães, não importa quem sejam ou onde estejam, uma chance justa de um parto seguro e um futuro saudável com sua família”.
O maior número de fatalidades acontecem em regiões mais precárias do mundo, o exemplo disso é que em 2020, 70% dessas mortes aconteceram na África ao sul do Saara.
Para Juan Pablo Uribe, diretor global de Saúde, Nutrição e População do Banco Mundial e diretor do Mecanismo de Financiamento Global, este relatório fornece mais um lembrete da necessidade urgente de dobrar o compromisso com a saúde das mulheres e adolescentes. “Com ação imediata, mais investimentos em cuidados primários de saúde e sistemas de saúde mais fortes e resilientes, podemos salvar vidas, melhorar a saúde e o bem-estar e promover os direitos e oportunidades para mulheres e adolescentes”, afirmou.
Um fator importante que pode alterar esse número, são cuidados com a saúde, já que, sangramento grave, pressão alta, infecções relacionadas à gravidez,complicações de aborto inseguro e condições subjacentes que podem ser agravadas pela gravidez como HIV/aids e malária, apesar de serem a principal causa das mortes, são problemas que possuem tratamento.
A falta de profissionais da saúde treinados e preparados para atender a saúde primária é um fator que retarda o progresso, já que o subfinanciamento do sistema agrava a precariedade da situação.
Os exames pré-natais de extrema importância que são recomendados não são feitos nem por um terço das mulheres, assim como os cuidados pós-parto.
Além disso, cerca de 270 milhões de mulheres não têm acesso a métodos modernos de planejamento familiar e nem da saúde sexual e reprodutiva sobre a decisão de querer ter filhos ou não, um direito que deveria ser fundamental tanto para a saúde da mulher quanto do bebê. As desigualdades sociais fazem com que mulheres grávidas marginalizadas tenham menos acesso a uma saúde e cuidados de qualidade, o que reflete em uma gestação de maior risco.
A diretora executiva do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Natalia Kanem, deixou clara a indignação com a alta quantidade de mortes que poderiam ser evitadas: “É inaceitável que tantas mulheres continuem morrendo desnecessariamente durante a gravidez e o parto. Mais de 280 mil mortes em um único ano são inconcebíveis. Podemos e devemos fazer melhor investindo urgentemente em planejamento familiar e suprindo a escassez global de 900 mil parteiras para que todas as mulheres possam receber os cuidados vitais de que precisam. Temos as ferramentas, o conhecimento e os recursos para acabar com as mortes maternas evitáveis; do que precisamos agora é vontade política”, falou ela.
Outro agravante para a situação foi a pandemia de Covid-19, que gerou impacto na quantidade de mortes já que a doença aumenta riscos na saúde da gestante, isso faz com que seja essencial que mulheres grávidas tenham as vacinas contra o coronavírus em dia.
John Wilmoth, diretor da Divisão de População do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, apontou a necessidade de uma boa qualidade de vida para as mães: “Reduzir a mortalidade materna continua sendo um dos desafios globais de saúde mais prementes. Acabar com as mortes maternas evitáveis e fornecer acesso universal a cuidados de saúde materna de qualidade requer esforços nacionais e internacionais sustentados e compromissos inabaláveis, especialmente para as populações mais vulneráveis. É nossa responsabilidade coletiva garantir que todas as mães, em todos os lugares, sobrevivam ao parto, para que elas e seus filhos e filhas possam prosperar”
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