Publicado em 07/06/2020, às 05h44 - Atualizado em 09/06/2020, às 12h19 por Jennifer Detlinger, Editora-chefe | Filha de Lucila e Paulo
Presença confirmada no 9º Seminário InternacionalPais&Filhos, Tiago é pai de Clara Luz, psicólogo, pós-doutor em psiquiatria e ciências do comportamento e especialista em Mindfulnesspela Escola de Medicina da Universidade da Califórnia. Neste bate-papo, ele fala sobre a importância de identificar e entender as emoções que dão origem às reações no dia a dia e como lidar com as frustrações e dificuldades para sermos pais e mães melhores.
Tiago Tatton: É colocar o coração em frente à razão e se envolver com coisas duradouras. A gente tem sido educado para encontrar a felicidadeem algo material. O contato com as pessoas que te fazem bem, com a família, a amizade e as experiências, faz muito mais sentido. Se eu comprar um telefone novo, por exemplo, em um ou dois dias a felicidade já se esgotou. Fico muito mais feliz se minha filha falar um ‘eu te amo’. Causa uma marca de felicidade mais intensa e duradoura.
E como encontrar essa felicidade? Não tem receita pronta, né?
TT: Encontrar a felicidade é a gente se entender enquanto seres vulneráveis. O fato de podermos conversar sobre as nossas emoções e insatisfações é muito importante e tem tido pouco lugar na sociedade. Às vezes, achamos que a felicidade é igual a uma receita de bolo. Na verdade, as pessoas precisam se escutar mais e se acolher.
Como funciona o verdadeiro mindfulness na prática?
TT: O mindfulness é entrar em contato com o que acontece momento a momento, na mente, sentimento e corpo. Quando minha filha sorri para mim e diz que me ama, apresenta-se uma grande felicidade. Mas se no minuto seguinte eu percebo que minha mente está ansiosa, desesperada com essa quarentena, com medos financeiros ou de adoecer, é isso que está presente naquele momento. Então, preciso olhar para o todo e cuidar daquilo.
É importante lidar com essas emoções tristes também?
TT: Não dá para ficar criando expectativas de ser feliz sempre ou aquela imagem caricata do mindfulness de ser uma pessoa zen o tempo todo. É importante parar para olhar a experiência tal qual ela se apresenta, a cada momento. Ao longo de um dia, minha experiência passa por vários momentos, alguns em que estou feliz e outros tristes ou com medo. Eu vou encarar esses sentimentos de uma maneira sincera, aberta, olhando e entendendo que às vezes não vou dar conta e preciso pedir ajuda. Sem acreditar que sou um Super-Homem ou Mulher Maravilha e preciso dar conta de tudo. Mindfulness é esse exercício de criar uma maior familiaridade com tudo de bom que há em nós, mas também com tudo o que tem de ruim.
O que que mudou na sua vida depois da paternidade, principalmente em relação à felicidade?
TT: Eu me casei com a Letícia e muito rapidamente a gente resolveu ter a Clara Luz. Eu brinco que escolhemos não ter lua de mel, tivemos apenas depois que ela já estava maior. Quando ela chegou, eu estava completamente despreparado e era jovem emocionalmente. Hoje, aos 41 anos, consigo entender melhor. Eu imaginava, como muitas pessoas, que viria um bebê que mama, dorme e faz coisas bonitinhas. Óbvio que ela mamava, mas eu não dormia. Ela fazia coisas bonitinhas, mas vinha todo aquele outro pacote junto: desde a primeira noite em que a Clara dormiu ao lado da nossa cama, eu passei a noite inteira acordando para ver se ela estava respirando, por exemplo. A minha vida mudou completamente.
Como foi essa mudança para você?
TT: Você tem o eixo da sua vida arrancado do umbigo para o dos filhos. Como eu amava (e amo) muito, todo meu afeto foi deslocado para isso. Eu tinha minhas necessidades atendidas, conseguia comer e me locomover, mas ela não. Desde aquele momento, metade de mim foi arrancado na direção da Clara, o que me fez crescer enquanto ser humano.
E como os filhos ajudam na construção da felicidade?
TT: A felicidade é construída coletivamente e os filhos são o primeiro grande treinamento para isso. Antes, o pensamento é: “O que me faz feliz?”. Depois deles, essa pergunta se expande: “O que me faz feliz e deixa o meu filho feliz?”. Eu comecei a apreciar a alegria e a tristeza de um outro ser. É como se algum membro do seu corpo crescesse e você precisasse cuidar daquilo. Foi e vem sendo uma oportunidade de crescimento, de mudança de centro, do abandono do egoísmo existencial.
Você acha que é normal perder a cabeça de vez em quando como pai ou mãe?
TT: Com certeza. Nesse processo da parentalidade, a gente vai se deparar com raiva e outras emoções difíceis. É muito importante conversar abertamente sem medo ou vergonha para mostrar que somos desafiados pelos filhos, sim. A gente vai se sentir fora do controle em alguns momentos e não vamos saber o que fazer. Às vezes, podemos ter até ações que a gente não gostaria. Mas falar sobre aquilo, encontrar o cansaço e o medo é essencial. Como pais, precisamos entender que não estamos no controle o tempo todo e temos que pedir ajuda.
Nossa última edição do seminário falou sobre a importância de pedir ajuda. Como foi para você?
TT: Foi desafiador, porque a Letícia é de Porto Alegre e estávamos em Minas Gerais. Nos primeiros 5 anos de relacionamento, nossa rede de apoio foi um ao outro e uma babá que tivemos. Minha esposa sofreu comigo no começo, porque eu era muito imaturo. Ajudava pouco, estabelecia coisas do tipo: “Eu vou dar banho e a fralda você que troca, porque eu não sei”. E ela falava: “Não, a fralda é de todo mundo”. Fui pai aos 29 anos, então era um guri mimado, meio menino de apartamento que a mãe arrumava a cama, sabe? As mulheres que casam com meninos como eu na época sofrem muito, até porque precisa cair a ficha deles. E se não cai, eles não amadurecem. Minha esposa me ajudou muito no processo de me tornar tanto um homem, quanto um pai melhor. Ela foi muito valente comigo.
E quando caiu a ficha para você?
TT: Quando a gente se separoupor uns quatro meses e depois voltamos (risos). Sempre fui um pai muito presente, mas aconteceu por um conjunto de coisas relacionadas a esse amadurecimento como homem, de estar junto de verdade, de dividir realmente tudo igual. Para nós, homens, é uma questão ainda mais complexa, do machismo estrutural da sociedade.
Como assim?
TT: Nós chegamos nos relacionamentos com a ideia de uma supermulher que tem que assumir tudo. Estamos vendo nesse tempo de coronavírus o quanto as mulheres estão sofrendo e os caras largados no sofá, jogando videogame ou fazendo o trabalho remoto deles e no fim do dia esperando o jantar na mesa. No caso dos homens, vejo que em geral tem um desafio duplo. Mas o meu período de separação foi muito importante para crescer dentro da dor.
Então você precisou vivenciar essa mudança na pele?
TT: Eu passei por um período de muito sofrimento por amar muito ela e minha filha. Foi um período para que eu pudesse estar sozinho em casa e exercer minha parentalidade com a Clara. Aconteceu de uma das maneiras mais trágicas e difíceis, mas foi um período de muito crescimento e maturidade.
Para você, família é tudo?
Tiago tatton: É óbvio que a minha família é muito importante para mim, mas gosto de pensar na família como todos os seres. Acredito que precisamos pensar no planeta e todas as pessoas como uma grande família. As famílias dos meus pacientes e das pessoas que eu vejo nas ruas também são importantes. Esse conceito amplo de família é essencial.
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