Publicado em 18/09/2020, às 07h30 - Atualizado às 14h09 por Yulia Serra, Filha de Suzimar e Leopoldo
A comunicação vai muito além do ato de falar e ouvir. Há muitas formas da criança perceber o mundo e é desde o nascimento que ela começa a aprender, a partir do exemplo. Por isso, antes de tudo, os pais precisam entender a diferença entre fala e linguagem. Fala diz respeito aos sons (que as cordas vocais produzem), já a linguagem é algo mais amplo. De acordo com a fonoaudióloga Tatiane Lettieri Conte, mãe de Isabella, diz respeito a todos os tipos de comunicação, de troca de informação, sejam verbais ou não verbais.
Embora não se tratem de sinônimos, a especialista reforça que precisam acontecer juntas sempre. “A fala se refere ao movimento da boca, já a linguagem ao significado das coisas e as crianças precisam nomear as coisas com significado”, justifica. Se você quiser mais detalhes sobre a fala das crianças, pode acessar aqui, mas o nosso objetivo agora é focar na linguagem, perceber a importância desse processo para o desenvolvimento do seu filho e de que forma é possível promover isso dentro de casa.
“Para seu filho se comunicar bem, você precisa oferecer os estímulos adequados”, pontua Tatiane. Ela conta que uma boa maneira de estimular a criança é justamente que os pais façam perguntas, para que ela consiga acessar e processar a informação, e permitindo que se expresse a seu modo. Mas atenção, o objetivo não é pressionar, muito pelo contrário, respeite o tempo do seu filho. Outras alternativas interessantes são brincar com outras crianças, a terra e animais ou até que os pais narrem o mundo para que exercitem a audição.
Como é importante de frisar, as crianças têm os pais como modelo, então para permitir que seu filho explore a linguagem, é necessário dar o exemplo e liberdade. “É essencial permitir isso, já que nesse período acontece o desenvolvimento cognitivo, emocional e social”, completa. A partir do momento em que a criança domina a linguagem passa de um sujeito passivo para ativo, e essa é uma transformação determinante para seguir ao longo de toda a vida.
0 – 3 meses: produz sons (choro, barulho)
4 – 6 meses: já faz a discriminação dos sons (as expressões faciais, produção das vogais, balbucia)
7 – 9 meses: aponta os objetos e fala algumas sílabas da maneira dela
10 – 12 meses: fala as primeiras palavras
12 – 18 meses: consegue produzir palavras e até frases com 2 palavras
2 anos: já faz frases com três palavras
3 anos: consegue colocar artigos e preposições
4 anos: já completa toda inteligibilidade, tem um vocabulário fechado
Tatiane diz que o atraso na linguagem acontece quando essas conquistas acontecem de forma mais tarde que o habitual. A fonoaudióloga informa que uma causa muito comum para isso é a superproteção dos pais. Na intenção de ajudar os filhos, acabam oferecendo o que eles querem antes que possam indicar por si só, seja através da fala oral ou gestual. Os problemas que mais aparecem em relação à linguagem são gagueira, autismo e fala infantilizada. “Nem sempre o atraso significa que a criança tem alguma doença, mas é fundamental fazer uma investigação”, opina.
A nova rotina a partir da pandemia pode, sim, afetar o desenvolvimento da linguagem. “Uma criança sem estímulo por 6 meses é muita coisa!”, acrescenta. Por isso, sugere que os pais continuem estimulando a fala, evitem passar o estresse que sentem, brinquem muito, cantem, e façam atividades para incentivar a visão e audição, como escutar o barulho do carro passando na rua.
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