Publicado em 23/09/2022, às 06h00 - Atualizado às 06h08 por Jennifer Detlinger, Editora-chefe | Filha de Lucila e Paulo
Podemos dizer que ter filhos, hoje em dia, é uma escolha. Isso porque temos recursos anticoncepcionais para evitá-los, as técnicas de reprodução assistida ajudam quem tem dificuldades fisiológicas e sempre existe a (linda) opção de adotar uma criança. Claro que ter filho não é (ou pelo menos não deveria ser) uma obrigação. Muitas vezes, não rola mesmo. Faltam condições financeiras, físicas ou emocionais. Ou a pessoa simplesmente escolhe não ter filhos. E não há nenhum problema nisso, desde que você se sinta bem com sua decisão.
Hoje, nossa missão com esta reportagem não é fazer você refletir sobre a escolha de ter ou não ter filhos, mas sim ajudar a fortalecer o vínculofamiliar. Criar filhos é, sem dúvida, a tarefa mais difícil da vida. A família atual mudou muito de configuração e uma nova sociedade foi criada. Mas em meio aos novos papéis, uma coisa nunca muda: seu filho continua precisando do convívio com você, seja pai, mãe ou responsável. Por isso, aproveitamos este dia 23 para te dar 23 bons motivos para ter um (ou mais!) filhos. Olha só:
A gente não acha que ninguém é obrigado a ter filho, claro. Só tem de ter mesmo quem quer de verdade. E hoje isso é mais do que possível. A pílula é um pouco mais velha que a Pais&Filhos – chegou ao Brasil em 1962. Mesmo com todos os recursos que existem, 20% dos bebês no país nascem de mães com menos de 20 anos, e tem coisa errada aí. A gravidez nasce de um desejo (pode ser o de ter um lugar dentro da sociedade), e, para muitas jovens, acaba sendo o de ser mãe. O que a gente defende é que esse desejo seja consciente e venha na hora certa. Filho só pode ter a função de ser filho.
E crescer! Básico: se você não tem filho, nunca deixa de ser filho. E aí, o seu crescimento é mais lento e mais difícil. Claro que a gente não deixa de ser filho nunca, mas deixar de ser SÓ filho amplia, abre possibilidades novas, importantes, ricas. Filho nos traz essa oportunidade de nos tornarmos adultosde verdade.
Quando temos filho, somos apresentados a esse tal de amor incondicional. “Passamos por uma renovação e ampliação do repertório emocional, que é o que faz a vida interessante”, diz a psicoterapeuta Lidia Aratangy, mãe de Claudia, Silvia, Ucha e Sergio.
Hoje, a gente vive mais e há quem diga por aí que os 30 são os novos 20, mas não dá para usar isso como desculpa para não amadurecer. Na adolescência, alguns de nós juramos que nunca vamos ter filhos. O escritor britânico Ian Sansom, autor do livro De A a Z, A Verdade Sobre os Bebês, escreve: “Existe algo esquisito nas famílias. Existe algo triste nas famílias. Existe algo tão triste nas famílias que nos faz sair correndo para formar outras famílias.” É meio dramático, mas mostra que é possível reinventar a nossa história, outra lição que os filhos nos dão…
Saber que você pode gerar um novo ser é mágico. Não é à toa que as mulheres sempre foram vistas assim meio como bruxas, exatamente por causa disso. Ver a barriga crescer, sentir os primeiros movimentos da criança, é incrível. Apesar de a gente achar que, no fundo, no fundo, gravideznão faz ninguém ser mãe de verdade. É uma delícia e tal, mas, na hora que o bebê nasce é que começa a história pra valer.
Por mais que você seja rígido na educação, é bom baixar a bola: seu filho nunca vai ser exatamente da forma como você imagina – e ainda bem! Se você prestar bem atenção, vai perceber isso desde o primeiro momento: na primeira hora em que pegamos a criança no colo, já vem a sensação meio estranha: “Nossa, ele é outra pessoa!”. Que bom que é. E perceber quem é essa pessoa é o melhor da história toda. Descobrir o temperamento do seu filho, ir sacando como ele funciona, como reage, o que gosta, o que não gosta… Junto com isso, aprender a respeitar e ajudá-lo a ser do jeito dele é maravilhoso. E, se a gente conseguir levar um pouco dessa experiência pras outras relações que temos na vida, então… Melhor ainda!
A primeira vez que ele consegue engatinhar, andar… Quando escreve o nome, com as letras ao contrário ainda… Desde os anos 60, muita coisa mudou, somos a geração do “muito bem!” a cada passo da criança. Mas é importante saber que ele não vai ser o campeão sempre, claro. Então, deixe seu filho tentar, testar, errar. Acertar vai ser consequência. E o que importa é o processo, não esqueça que isso vale pros filhos também…
Ter filhos é golpe mortal no perfeccionismo, não tem jeito. As coisas vivem fugindo do roteiro o tempo todo. Você planeja dar a papinha ao meio-dia, ele cai no sono. Vai dar banho às 19h, ele já dormiu. Claro, a gente precisa ter organização, um mínimo de estrutura, mas também precisa aprender a se adaptarrapidinho.
Não é à toa que quem tem filho pequeno paga menos na hora de fazer o seguro do carro! As seguradoras sabem muito bem que esse público tem menos tendência a se acidentar, porque é mais cuidadoso mesmo. Quando recebemos o resultado positivo já cai a ficha de que, dali pra frente, você não está mais sozinho…
A expectativa de vida cresce a passos largos. Hoje, segundo o IBGE, a expectativa de vida ao nascer é de 80 anos para mulheres e de 73 anos para homens, no Brasil. Em 1960, ficava na casa dos 50,4. Por outro lado, vivemos numa sociedade que supervaloriza a juventude. Mas a gente envelhece mesmo, e isso é muito bom, cada fase da vida tem sua beleza. Com os filhos, isso fica mais claro. A gente não precisa ser eternamente jovem, podemos curtir a juventude deles. A passagem do tempo ganha um outro sentido.
A criança é egocêntricapor definição. No começo, acha que o mundo e ela são a mesma coisa. Depois, acredita que o mundo gira em torno dela. Demora pra perceber que não é bem assim. Tem uns que não percebem nunca, aliás… Nem depois de grandes! Ter filho ajuda a fazer essa ficha cair.
Filho gosta de quantidade e qualidade. Aquele papo do “fico pouco tempo com meu filho, mas funciona” a gente sabe que não cola. É preciso estar esperto e não bobear: quanto mais tempo com eles, melhor. Fériasjuntos, então… Fundamental! Ou seja, o tempo passado junto é que é o grande luxo. E para ficar mais tempo com os filhos, temos de nos organizar no trabalho e fazer as coisas funcionarem melhor. É duro, mas… A verdade é que estamos bem no meio de uma transição. Se em 1976, só 20% das mulheres estavam no mercado de trabalho, hoje as trabalhadoras são mais da metade da população feminina no Brasil. Ainda são poucas as empresas que adotam horários flexíveis e programas de home office, começaram a se tornar realidade mesmo depois da pandemia.
Em 1975, aqui no Brasil, uma a cada duas mulheres amamentavao filho apenas até o segundo ou terceiro mês de vida. Hoje sabemos todos dos enormes benefícios do leite materno para a criança. E sentir que seu corpo é capaz de produzir o alimento de seu filho é uma experiência fantástica.
Algumas mães amamentam as crianças até os dois ou três anos de idade. Outras começam a dar mamadeiradepois de 4 meses, quando precisam voltar ao trabalho depois da licença maternidade. Outras, ainda, não conseguem amamentar logo depois do primeiro mês por fatores físicos: o leite seca, o bico do peito racha… Mas nenhuma das duas coisas torna você menos mãe ou menos mulher. Se não puder amamentar, não sinta culpa. Faça da hora da mamadeira uma hora especial, gostosa, única, de intimidade e cumplicidade.
Foi durante os anos 70 que o índice de cesarianas no Brasil começou a viver este boom. Pra equilibrar o jogo, vem crescendo cada vez mais o movimento pelo parto humanizado, com o mínimo de intervenção médica, que deveria ser o básico para todos os tipos de parto. De novo, não precisa radicalizar: anestesia está aí para ser usada sempre que necessário e ninguém aqui está defendendo sofrimento. O que a gente sabe é que, com ou sem ela, o parto é um daqueles momentos fundadores, em que a vida se renova e a gente nasce de novo, junto com o filho.
Ter filho é comprovar a validade da lei do eterno retorno. “Acompanhar uma criança permite retomar em nós aquilo que fomos. Há uma sabedoriainfantil que conta com a espontaneidade, com a vontade de descobrir o mundo e com a capacidade de brincar. Quando o adulto consegue recuperar em si essas atitudes, ele se beneficia enormemente”, diz o psicólogo André Trindade.
A gente sabe: as previsões são catastróficas. Metade da Amazônia pode dançar até 2030, temperatura subindo, calotas derretendo… Ter filho torna a coisa ainda mais urgente, porque a gente quer que o mundoexista pra eles, certo? O que não dá é para acreditar em tudo, se imobilizar e resolver que já acabou e não tem mais o que fazer. Tem, sim, e muito. Pra começar, dentro da sua casa mesmo, na sua vida cotidiana. As próprias crianças estão nos ensinando que tem de cuidar pra ter.
Com criança em casa a gente revê tudo. Aprendemos, ou reaprendemos e confirmamos, que não precisa de açúcar porque fruta já é doce, que sal tem de ser bem pouquinho, trocamos fritura por grelhado, porque o médico falou, porque a gente leu que é bom. Hoje, estudando o histórico familiar, os pediatras conseguem prevenir uma série de problemas, fazendo ajustes na dieta: se há tendência a alergias, certos alimentos podem ser evitados etc. E, quando a gente vê, está comendo direito esse cuidando mais, junto com eles. A teoria tem muito mais chance de virar prática.
Sabe aquele talento que mãe tem pra saber o que a criança tem só de olhar e a gente acha impressionante? Logo logo você também passa a ter, você vai ver. Ninguém aqui está falando de se automedicar ou sair usando remédio que nem louca, a torto e a direito, nada disso. Tem de ligar pro médico sempre, isso é básico. Mas ao menos você fica conhecendo os sintomas e já passa o serviço mais completo. E, logo, você vai ser aquela pessoa no trabalho pra quem a colega pede pra ver se está com febre mesmo. Coisa de mãe. Ou pai.
O comediante norte-americano Jerry Seinfeld, que a gente adora, disse uma vez: “Já sei o que esses bebês estão fazendo aí. Eles estão aí pra nos substituir”. É piada, óbvio, mas ter filhos, de certa forma, é apostar numa sucessão, em uma continuidade. Você assistiu ao filme Rei Leão? Sabe aquela coisa de pertencer, de estar dentro do ciclo da vida, de ser elo de uma cadeia? É por aí, e é bacana….
“Aprendi com meu filho de dez anos/que a poesia é a descoberta/das coisas que eu nunca vi”. Esses versos de Oswald de Andrade (1890-1954) resumem tudo o que a gente quer dizer. É fácil cair nessa cilada de crescer e ir deixando de se surpreender com as coisas e ligar um tipo de piloto-automático – tudo em nome de, sei lá, um suposto “facilitar a vida”, que, no final das contas, é perder o milagre que a vida é. O filho nos ajuda a trazer tudo isso de volta. O mundo ganha novos sentidos e tudo começa outra vez a cada nova descobertadele e sua…
Não adianta fazer discurso: criança se espelha no exemplo, não tem jeito. É como você é e como se comporta que vai fazer diferença. É no seu comportamentoque seu filho está ligado e é o que ele vai registrando, não tem conversa nenhuma. Falar uma coisa e fazer outra não dá. Ter filho é aguentar a barra do que a gente é, as consequências de ser quem somos e das escolhas que fazemos.
Tem gente que diz que a escolha de ter filhos é difícil porque é definitiva… Bem, definitivo, para nós, é não ter filhos! E cada um vai descobrir seu jeito de ser pai e mãe, não tem uma receita. Cada universo único que uma vida é. Nós, aqui da Pais&Filhos, só podemos mais uma vez dizer o que a gente vem falando desde sempre, até na missão da nossa revista: aproveite tudo que a maternidadeou a paternidadeestá te trazendo!
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