Publicado em 18/07/2017, às 14h35 por Lô Carvalho
Outro dia, navegando pelas redes sociais, me deparei com o post de uma organização nacional que promove a leitura com a seguinte chamada: “leitura, uma reflexão numérica”.
Imaginei que iria encontrar dados estatísticos baseados em pesquisas científicas que comprovariam as (boas) consequências da leitura na formação da criança e fui logo me animando com o post. Só por isso já deveria ter largado o celular e aberto um livro. Obviamente minha presunção era ilusória…
O fato é que não existem pesquisas que comprovem definitivamente a relação entre quantidade de livros e o desenvolvimento da leitura. Mas, também, quem precisa delas para saber que ler é essencial e que faz bem para todo mundo, crianças, jovens, adultos?! É claro que a leitura daquele post seria, no mínimo, uma perda de tempo. Mas fui em frente. E se esperava alguma tolice me deparei com uma tolice ainda maior. Explico.
O tal post convocava os pais a lerem para seus filhos durante os seus primeiros seis anos de vida com base em uma continha bem simples: se os pais lessem dois livros por semana, ao completar seis anos, a criança teria tido contato com 600 livros! Olha só que maravilha!
Nem preciso dizer que levei um baita susto… O que eles queriam dizer com aquilo?! Que o mais importante é a quantidade de livros?! Que vence na vida quem lê mais? Que uma criança feliz é aquela que tem 600 livros?!!
Meu pensamento é rápido e bem prático. Imediatamente fiz outra continha também bem simples: se cada livro infantil, aqui no Brasil, custa em média 35 reais, uma família teria que gastar 21.000 reais apenas na compra de livros durante os seis primeiros anos do seu filho! Para minha família, essa conta não fechava. Aliás, ainda não fecha. É muito dinheiro. Além disso, onde guardar os 600 livros?
Mas que raios de pessoas são essas do post que acham que podem estimular a leitura em família apenas pela quantidade de livros a serem lidos? Será que elas próprias leram essa quantidade toda para seus filhos? Será que elas já leram mais de 600 livros? E a afetividade, os vínculos e a memória do leitor, onde ficam?!
Eu realmente não acredito que exista um número determinado de livros que a criança deva ler. Pode ser cinco, dez, vinte, trinta… Não importa. O mais importante é que as leituras realizadas em família sejam carregadas de afeto e significados.
Na próxima semana quero falar da biblioteca do bebê. Quantos livros ela deve ter? Já dou um spoiler: poucos, bem poucos. Não precisa muito. Do contrário eles correm o risco de virar um objeto qualquer, apenas mais um no quarto do bebê…
Antes de sair contando quantos livros seus filhos já leram (ou planejar quantos eles lerão nos próximos anos), tenho aqui algumas sugestões:
Bom, ufa, desabafei. E, mesmo sem fundamento cientifico algum, preciso discordar de mais um ponto daquele tal post dos 600 livros. Seus autores mencionam: “ler para os filhos duas vezes por semana”. Só isso?! Por favor, leia um pouquinho todo dia. Valerá a pena, tenho certeza!
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