Publicado em 22/02/2019, às 12h52 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h36 por Yulia Serra, Filha de Suzimar e Leopoldo
Empreender vai além do ganho financeiro. É uma chance de recomeçar. E foi exatamente essa a motivação de dona Zoraide Martins Ferraz. Aos 56 anos de idade, a mãe de Priscilla se reencontrou na costura.
Trabalhando desde muito nova como doméstica, faxineira e porteira, ela desafiou todos os obstáculosque surgiram. Mãe de quatro, fez o que pôde para oferecer tudo de melhor a eles e os filhos reconhecem esse esforço. “Tenho muito orgulho dela. Foi a primeira porteira da empresa”, comenta Priscilla, sua segunda filha.
Quando surgiu a possibilidade de crescer na carreira, com o convite de se tornar supervisora, dona Zoraide não pensou duas vezes antes de entrar para a autoescola e tirar a carta de moto: ela não sabia dirigir, mas não julgou tarde para aprender.
Buscando um novo patamar na carreira, a vida de Zoraide foi colocada em xeque. Durante uma das aulas, em 2002, o instrutor entrou na contramão e bateu o carro. Ela fraturou a perna direita. Por causa do acidente, ela foi obrigada a ficar muito tempo na cama, sendo submetida a seis cirurgias.
Sempre ativa, foi aposentada por invalidez. Com sequelas na perna direita e dores absurdas, desanimou. O tempo passou, os filhos casaram e os netos vieram. Esse era o gás que dona Zoraide precisava.
Nesse tempo em casa, começou a costurar algumas peças de roupa para os netos. Eram roupas temáticas, vestidos, saias, tutus, macacões… A felicidade dos netos contagiou a avó, que aumentou a sua produção.
Mas o incentivo não veio apenas dos netos: a família toda apoiou o trabalho. Seja na divulgação, compra dos materiais, sugestão de ideias ou na função de modelo, todos participaram dessa conquista.
E Priscilla garante: “Esse negócio tem aproximado toda a família”. Por essa razão, a filha visa montar uma loja, com peças exclusivas, feitas por Zoraide e outras confeccionistas. Ela quer ampliar as vendas e ser sócia da mãe.
A funcionária pública contou que está pronta para trocar a estabilidade pela incerteza do empreendimento: “É um trabalho de resgate das raízes. Minha mãe aprendeu a costurar vendo a mãe e avó. É algo bem família”.
O empreendedorismo também atrai Priscilla pela possibilidade de passar mais tempo com os filhos. Costurar fez Zoraide ser mais ativa, ajudou a ter contato com outras pessoas e a se reinventar. “Ela ficou mais confiante e orgulhosa, vendo o que é capaz de criar”, comenta a filha.
Aos 61 anos de idade, a vontade de avó, mãe e filha se resume no lançamento do Ateliê da Zô. Há gerações, esta é uma família que se une pela costura e, agora, quer espalhar esse amor em uma loja própria.
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