Publicado em 18/03/2019, às 08h38 - Atualizado às 19h56 por Emily Santos, filha de Maria Teresa e Francisco
Os paisde um garoto de 4 anos, de Goioerê, no Paraná, fizeram um alerta após o filho cortar os pulsos e ter comportamento violento após ver vídeos nas redes sociais. A família desconfia que os atos do garoto foram incentivados por aparições da “Momo”, que viralizou em 2017 com um desafio violento.
De acordo com informações do portal Guia Medianeira, a família observou comportamentos erráticos do menino que, primeiro tentou cortar os pulsos com uma faca e depois atacou o pai, tentando enforcá-lo.
Após estes episódios, os pais passaram a observar atentamente o garoto e desconfiaram que o incentivo poderia estar vindo de vídeos de YouTube vistos pelo celular. Entramos em contato com o Youtube Brasil que deixou claro que não encontraram nenhum conteúdo relacionado a personagem Momo no Youtube Kids.
Ano passado, denunciamos aqui na Pais&Filhos que dezenas de vídeos infantis eram interrompidos por mensagens violentas da personagem Momo, porém não estavam na parte Kids do Youtube. A personagem infantil Peppa Pig, por exemplo, já foi usada como atrativo para vídeos com conteúdos inadequados. No caso que aconteceu em Goioerê, o menino não confirmou aos pais que o vídeo o incentivou àqueles atos.
O que os pais podem fazer
Segundo o CyberHandbook, somente no Brasil, 62 milhões de pessoas foram vítimas de cibercrimes em 2017, o que representa 61% da população adulta com acesso à internet. Entre crianças e adolescentes, esse número aumenta: cerca de 80% dos pais não têm ideia dos conteúdos acessados pelos filhos diariamente na internet, o que os coloca em uma posição vulnerável.
Para Andrea Ramal, consultora em Educação, Doutora em Educação pela PUC-Rio e autora do livro Educação na Cibercultura, os pais precisam estar conectados e participar ativamente do mundo digital para conseguir monitorar a atuação dos próprios filhos nas redes sociais.
“Eles precisam se informar cada vez mais sobre as novas tecnologia e aprender a usar os dispositivos e mídias que os filhos dominam. Só assim, vão conseguir saber o que está acontecendo e agir de forma preventiva sempre que uma possível ameaça for detectada”.
Mas tudo deve ser feito com consciência, não vale entrar com uma postura de somente vigiar e controlar. É preciso construir um diálogo em família sobre o uso da internet, para que a criança ganhe autonomia e aprenda aos poucos o que pode ou não fazer nas redes. “Os pais devem se mostrar sempre receptivos a conversar e se interessar pelo ocorrido, sem sermões, mas buscando informações que possam elucidar o caso e confortar a criança”, aconselha Andrea.
De olho no seu filho
Para proteger sua família de desafios onlines desse tipo, que nada têm de brincadeira, é preciso observar comportamentos que fujam do normal, como alteração do humor, aumento da agressividade, tristeza, prostração ou emagrecimento. “A atenção deve ser redobrada com aqueles jovens que já apresentem tendência à depressão, que costumam ser especialmente atraídos por jogos prejudiciais”, aconselha Andrea.
Caso seu filho seja exposto a golpes e cibercrimes como esse, o melhor caminho é denunciar e registrar pelo número 181 ou diretamente em uma delegacia. “Para contribuir com o trabalho das autoridades, é indicado que os pais consigam uma imagem da página, que pode também ser impressa, registrem as conversas e armazenem todas as informações que possam contribuir para o esclarecimento do caso. Também vale entregar computadores e aparelhos celulares para que sejam realizadas perícias e os criminosos possam ser encontrados e punidos”, explica Andrea.
Além disso é muito importante procurar a escola, conversar com o diretor, psicopedagogo ou psicólogo, e com os professores que acompanham a criança, para avaliar a situação como um todo, a partir de diferentes pontos de vista. “É necessário incentivar, na escola e em casa, o questionamento sobre as razões e consequências de atos e escolhas, e refletir sobre valores. Esses desafios online, e outros tipos de riscos do uso da internet, precisam ser debatidos de forma transparente entre professores, pais e alunos”, aconselha a especialista.
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