Publicado em 20/03/2019, às 17h06 por Jennifer Detlinger, Editora-chefe | Filha de Lucila e Paulo
Idealizado pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra, o Programa Criança Feliz tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento cognitivo, motor, socioafetivo e de linguagem das crianças. Lançada em 2016, a iniciativa tem dado muito certo no Brasil: já são mais de 2,6 mil municípios brasileiros e 519 mil crianças e gestantes colhendo os benefícios.
O programa que integra ações nas áreas da saúde, assistência social, educação, justiça, cultura e direitos humanos, acompanha gestantese crianças, até 3 anos de idade, beneficiárias do Bolsa Família e também aquelas que recebem o benefício de Prestação Continuada (BPC) até os 6 anos de idade. Os profissionais visitam esses grupos familiares semanalmente em casa e orientam os responsáveis a estimularem as crianças a crescer e se desenvolver de maneira saudável em todas as áreas da vida.
Na última semana, o Programa foi destaque durante o Seminário Internacional da Primeira Infância, promovido pelo Ministério da Cidadania em Brasília. O evento reuniu especialistas internacionais e brasileiros para avaliar as políticas públicas e provocar reflexões para melhorar e ampliar o atendimento às crianças no país.
A intenção do evento foi continuar aprimorando o Programa Criança Feliz para que mais famílias sejam beneficiadas. Por isso, foi firmado um pacto pela continuidade e o avanço da iniciativa em todo o país, com a assinatura de representantes de 24 estados e do Distrito Federal.
A importância do programa
O governador do Piauí, José Wellington de Araújo Dias, por exemplo, afirmou que o programa está contribuindo para aumentar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado. “Com mais apoios, esperamos terminar 2019 com 1 milhão de atendimentos em todo o país”, afirmou o ministro da Cidadania, Osmar Terra, durante o evento.
“Essas criançasnão serão apenas apoiadas, mas ouvidas. O Criança Feliz já atingiu meio milhão de pessoas e esse é um arcabouço para conseguir as mudanças neste país. A ação vai impactar o Brasil e o mundo todo”, disse a pediatra Dana Landau, diretora do Programa de Implante Coclear Pediátrico da Universidade de Chicago, sobre a importância de programas voltados para a primeira infância. A especialista realiza um trabalho com crianças surdas, em que coloca dispositivos eletrônicos para a reabilitação da deficiência auditiva.
Educação na primeira infância
Durante o primeiro painel do evento, o assessor de Economia do Departamento Social do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Norbert Schady, e a diretora da Fundação Bernard Van Leer, Cecilia Vaca Jones, falaram sobre o quanto os primeiros anos de vida de uma criançae onde ela está inserida influenciam suas capacidades no futuro.
Por isso, os especialistas destacaram que as instituições devem ficar atentas à qualidade da relação da criança com os professorese cuidadores e não só à estrutura física das escolas, por exemplo. “Precisamos nos questionar se os centros pré-escolares estão realmente melhorando a educaçãodas crianças e devemos assegurar a qualidade processual dessas instituições”, disse Norbert.
Além disso, o especialista mostrou os muitos benefícios das visitas domiciliares nos primeiros anos de vida da criança. Um dos projetos falados por ele foi aplicado na Jamaica, na década de 1980, sobre um trabalho que acompanhou dois grupos de crianças: as que recebiam visitas de agentes de saúde e as que não recebiam. “Os resultados apontaram que as que receberam as visitas tinham QI mais alto, melhores resultados em matemática, menos depressão e menos participação em atividades criminais e salários mais altos”, contou.
No evento, Cecilia Jones também defendeu que a garantia de qualidade de vida deve começar antes mesmo da criança nascer, cuidando da nutrição e do ambiente em que ela vive. “Cerca de 70% da população da América Latina estão na zona urbana. Isso significa que devemos assegurar que a cidade seja um lugar que promova a interação da forma certa”, disse.
Entre as ideias para serem aplicadas para o desenvolvimento infantil, a especialista defendeu a contratação de pessoas para contar histórias às crianças ao ar livre e também ocupar os espaços públicos, além de ensinar às crianças a andar de bicicleta para convencê-las de que a prática esportiva é melhor do que o transporte automotivo. “Temos vários desafios de acessibilidade e adaptação, de acordo com o país no qual estamos trabalhando e a região. O que nós precisamos focar é na força de trabalho”, ressaltou.
Fonte: Ministério da Cidadania
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