Publicado em 06/05/2022, às 05h54 - Atualizado em 31/05/2022, às 14h10 por Cecilia Malavolta, filha de Iêda e Afonso
Quando o assunto é matemática, é muito comum ver dois cenários opostos: crianças que lidam com números com facilidade e nem parecem que precisam estudar para passar em uma prova, e outras que ficam arrepiadas só de ouvir o nome da disciplina escolar. E, se o filho enfrenta uma dificuldade, os pais certamente sentem na pele também.
Mas, para todo enigma existe uma solução. A matemática pode não ser a matéria mais fácil do mundo e exigir bastante, mas é importante lembrar que ela está presente em todos os lugares, não só nas salas de aula. Na hora de ir fazer compras no mercado, durante uma brincadeira, jogando videogame… são vários os momentos em que lidamos com os números – sem nem ao menos perceber que estamos lidando com a tão temida matemática.
A ideia é incorporar a relação com os números na rotina do seu filho de maneira natural. Assim, quando ele estiver diante de uma tarefa complicada ou estudando para uma prova da escola, ele já estará acostumado a lidar com subtração, multiplicação e vários outros tipos de conta. Aqui, a gente te mostra vários caminhos mostrando como fazer a criança olhar para a matemática sem medo. Pode vir que a dica é boa mesmo!
A primeira dica a gente já adianta por aqui: seja lúdica. Abra mão de métodos mais sérios, como planilhas e listas, isso pode acabar com o interesse natural do seu filho no assunto. Em vez disso, use atividades divertidas para ajudá-lo a desenvolver uma base no entendimento do assunto. As crianças são naturalmente curiosas e quanto mais os pais estimularem esse sentimento em casa, melhor.
Por mais que a matemática seja uma ciência exata, os conceitos de certo e errado não precisam ser vistos como regras. Os problemas, equações e operações têm um único resultado, mas existem diferentes caminhos para chegar a esse resultado. Além disso, é preciso lembrar que para chegar a um número, mesmo que não seja o resultado esperado, houve a construção de um raciocínio e isso vale muito. Portanto é sempre bom ter em mente que matemática é uma disciplina de exatas, mas não é engessada.
A gente fica sem entender quando o filho tira uma nota baixa na escola. E não adianta exagerar na bronca achando que essa atitude irá ajudá-lo a tirar boas notas no futuro. Ao invés de gritar, pergunte o que está acontecendo com ele. Fazendo isso será mais fácil saber se foi falta de estudo, se ele não entendeu a matéria ou se não se esforçou para ir bem na prova. Vale lembrar que pode acontecer de o problema não ser necessariamente a matemática e sim alguma questão existencial ou um problema na escola.
Já é comum nas escolas dizerem que a matemática é muito difícil e que precisa ter cuidado com ela. As palavras têm poder, por isso, fique atento à maneira como você introduz a sua opinião sobre essa matéria. Muitas crianças podem ser influenciadas negativamente por comentários desse tipo. Os pais devem transmitir confiança para o filho encarar a matemática como uma disciplina como qualquer outra.
Proporcione estímulos diários para os seus filhos envolvendo assuntos que fazem pare do cotidiano dela relacionados a somar e subtrair. E se achar que o seu filho mandou bem, você pode recompensar ele com um presente, um passeio ou um abraço. Reforços positivos fazem muita diferença, principalmente se essa é uma questão que gera insegurança ou medo na criança. Carinho e apoio nunca são demais!
Mostre para o seu filho de que ele não está sozinho, ajude, converse, faça ele perceber que é capaz de resolver qualquer problema. Estimular a matemática durante a infância e adolescência do seu filho faz toda a diferença para que no futuro ele não venha a ter “bloqueios” com a matemática.
Distâncias pequenas que parecem longas, dificuldade para fazer contas, não saber ler números. Tudo aquilo que diz respeito à matemática dá um nó na cabeça do seu filho? Saiba que isso pode ser sinal de discalculia. Ela afeta de 3 a 6% da população mundial e consiste na dificuldade em reconhecer, calcular e lembrar fatos numéricos. O problema pode andar de mãos dadas com a dislexia, distúrbio mais conhecido, que atrapalha a leitura e a escrita.
“É um transtorno de neurodesenvolvimento e de aprendizagem. A pessoa começa a dar alguns sinais já na infância, mas fica mais evidente na fase de escolaridade, época em que a criança realmente começa a ter um contato mais estruturado com números”, explica Luciana Brites, psicopedagoga e mãe de Helô, Gustavo e Maurício. Trata-se de um problema causado por uma malformação neurológica. “Essa dificuldade de aprendizado não acontece a partir de uma deficiência mental ou má escolarização. As crianças não têm problema de inteligência ou QI, mas para o raciocínio matemático, por exemplo, ela não tem noção de proporção e posição numérica”, explica a especialista.
Para diagnosticar a discalculia, é necessário realizar uma avaliação multidisciplinar com o envolvimento de especialistas nas áreas de psicopedagogia, neuropsicologia e neuropediatria. “Os testes são qualitativos e quantitativos, mas o mais importante é o diálogo entre a equipe para fazer o diagnóstico”, explica a especialista.
Não existe cura para a discalculia, mas sim mecanismos para ajudar a criança a se desenvolver da melhor forma, apesar de suas restrições. O tratamento é somente psicopedagógico, com exceção de casos com transtornos associados, como o TDAH, que requerem medicações. É baseado em adaptação curricular e suporte psicopedagógico para a criança. O diálogo com a escola deve estar sempre presente — professores e coordenadores precisam compreender a dificuldade e fazer modificações no conteúdo, para facilitar a aprendizagem da matemática. Não existe cura para esta condição e o portador deverá aprender a lidar com o transtorno.
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