Colunas / Se eu pudesse eu gritava

Os seis anos do Joaquim

Tatiana Schunck

Publicado em 05/04/2018, às 08h31 - Atualizado às 09h19 por Tatiana Schunck


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Era noite quando comecei a sentir a vontade enorme de acordar a pessoa e abraçar de tanto. Seis anos me causava uma emoção do tipo mundo. Um filho. Olhos meus, mas nem tanto, costas pai, mas nem tanto. Cada pedaço desse corpo se mistura em uma complexa forma de habitar que de tempos em tempos configura a lembrança da mãe e em outros, a lembrança do pai. Perceber no filho a ti mesma é algo que não cabe dentro, você acaba fazendo um quase não com a cabeça de amor e de vontade de rir. De repente, outro gesto, e o movimento é o corpo do pai, mais um novo acontecimento e volta ser a mãe. Ainda assim, a melhor hora é aquela em que você consegue se ver, ver o pai e ver alguém, nenhum pai e nenhuma mãe. Alguém. Seu filho.

Este alguém vive vidas sem que você possa tocar. Passa tempos e recebe coisas que você não imagina. Você solta e depois recolhe. Você solta e acha que recolhe. Você sente um prazer corpo em inspiração grande ao imaginar a vida que ele vive, longe de você. Você imagina tanto. Você não sabe de nada. De repente, sente medo deste não saber, não poder, não voltar. Tem vontade de ainda escutar um chorinho, de ver um pé pequeno pé se dançando no ar, escutar um ronronar de respiração criança pequena que aprofundou na entrega. Ai, a vida vai passando…

Você tem vontade de chorar e nem sabe por que. Você chora sem saber. Logo para e sorri de vida. Ai, a vida vai passando… Daí penso que a vida não passa. A vida está. Outras coisas passam, nem sei bem. O fato é que o filho começa a esticar em tamanho de seis e você sente seis milhões de sensações de soltura e de agarramento. E você sente meio boba. Você sorri tentando encontrar eixo.

O filho te conta uma frase de dez sobre seu dia. Se é que conta. Segue direto para seus interesses e você se emociona com simples escolhas que ele faz, revelando o gosto dele. Você se emociona quando ele sugere um pensamento novo. Quando pede para ler mais livros que antes. Quando joga bola só para dar voltas na quadra seguindo as listras coloridas no chão, nada a ver com futebol, mas com dança.

Antes de dormir, no dia do aniversário, ele está tranquilo e sabe que já foi. Algo passou. Você persiste em permanecer, sentada na cama, para dar a ver que a vida está. Continua a ler a escolha que ele fez e depois se leva para a sua cama, se deita, fechas os olhos e sorri com as mãos juntas na barriga. Ar entra e ar sai. A vida está.

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