Publicado em 26/08/2017, às 08h22 por Rafaela Donini
Assisti a uma palestra muito interessante na semana passada que corrobora o que temos lido, dito e ouvido sobre maternidade contemporânea. Um dos temas abordados no painel foi o puerpério, aquele período pós-parto em que muitas mães enfrentam dificuldades para lidar com o bebê, muitas chegando a vivenciar uma depressão pós-parto. A questão é que, além do sofrimento da mãe, esse tipo de experiência deixa marcas profundas no bebê, que ecoarão pelo resto da vida.
Por quê?
Porque nos primeiros meses o bebê não se enxerga no mundo como um indivíduo, ele se situa no mundo através dos olhos da mãe. E quando uma mãe está em sofrimento, sem se dar conta ela tende a não olhar nos olhos da criança – e isso provoca uma angústia existencial que refletirá na vida adulta e mesmo na infância. E é consenso na psicologia que, se a gente não é feliz na infância, época em que mais temos condições para isso, nossas chances só diminuem de sermos adultos felizes ou bem-resolvidos. Aliás, é das memórias da infância que, quando adultos, tiramos energias para a resiliência, que é a capacidade de lidarmos com nossos problemas e vencermos obstáculos.
Por que abordo esse tema?
Primeiro porque ele é mais comum do que imaginamos. Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz (2016), mostra que uma em cada quatro brasileiras apresenta sintomas de depressão entre seis e 18 meses após o parto. Não é à toa que países desenvolvidos têm período mais amplo de licença-maternidade: essa atitude está inserida inclusive nas políticas de redução de violência. Mães equilibradas emocionalmente criam filhos mais saudáveis – em todos os aspectos.
Segundo, porque é essencial que cuidemos das mães.
Uma mãe bem cuidada tem muito mais chances de criar um bebê feliz, amado, que desenvolva segurança e autoestima. Como a psicopedagoga argentina Laura Gutman bem disse no Seminário Internacional da Pais & Filhos, “no puerpério é preciso que a mãe esteja bem, física e emocionalmente, para que o bebê sinta sua presença integral e mais tranquila”.
Todos que cercam uma mãe devem estar atentos a sua saúde física e emocional. Ajudar não se limita a dividir as tarefas do dia a dia ou se oferecer para ir ao supermercado dar conta das compras. É preciso perceber as necessidades emocionais dessa fase tão delicada. Sempre estive cercada de pessoas amorosas que me acolheram logo depois do nascimento da Donatella, e esse cuidado tem o poder de transformar a experiência da maternidade. Ela se torna mais leve, prazerosa e responsável.
Um beijo e até a próxima!
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