Publicado em 03/06/2020, às 09h59 por Mel Albuquerque
As escolas voltaram em esquema conta-gotas esta semana na Inglaterra e dominou as rodas de conversa por aqui. Mesmo assim, muitos pais mesmo desesperados por um pingo de normalidade, optaram por manter seus filhos em casa. A classe do meu filho de 5 anos só volta oficialmente no final do mês e parece que só metade vai aparecer. De acordo com o jornal inglês The Guardian, a taxa de presença no primeiro dia de aula ficou entre 40 e 70%. A minha mais velha, a Duda, de 9 anos, não voltará mais neste ano letivo. Em setembro ela já inicia o 5o ano sem sequer se despedir da professora ou dos amigos, oficialmente. Mas os pais por aqui não decepcionam e já estão bolando um plano emergencial.
Serão longos meses até setembro e pensando nisso, os pais se juntaram esta semana e organizaram uma planilha com atividades pedagógicas, atividades físicas e lúdicas para os amigos da sala. Só esta semana já tem agendado: matemática com milkshake, caminhada na natureza, artes e reciclagem, culinária outdoors, inglês ao ar livre e caça ao tesouro na pracinha. Cada pai inventa uma atividade para liderar por 2 a 3 horas, propõe um lugar ao ar livre e podem se inscrever até 5 crianças através de um link. Genial.
Se tem uma coisa que me encantou aqui na Inglaterra foi a participação dos pais na escola. Não digo em relação à ajudar os filhos no aprendizado, não. Falo mesmo é de botar a mão na massa num nível, à primeira vista, assustador.
Em dois anos aqui, a nossa lista de exemplos pessoais é extensa: já ajudamos a pintar a escola, fizemos mutirão de limpeza, organizamos eventos para arrecadar fundos (para compra de equipamentos e aulas diferenciadas), já trabalhamos nas barracas desses eventos, já fui representante da sala, doamos coisas e muito mais do que isso, doamos tempo. Muito tempo.
Aprendemos que quanto mais engajados são os pais na escola, mais ela se destaca, mais o ensino ganha força, atrai bons professores e maior é a chance dessa escola ser considerada de alta performance no ranking nacional. Maior também é a concorrência para entrar em uma dessas escolas.
Nós demos uma sorte danada e conseguimos matricular as crianças em uma escola assim. Escola pública, só para deixar bem claro. A primeira vez que participamos de um grande evento foi pouco depois da nossa chegada. Era a famosa summer fair, ou feira de verão em português. Lembro da nossa energia vendo aquela engrenagem girar só com a participação dos pais. Da compra de materiais, à montagem e limpeza.
As reuniões duraram alguns meses e variaram entre uma sala na escola e pubs do bairro para definições de tema, decoração, localização das barracas, divisão de tarefas por ano escolar. Os professores nem são envolvidos e apenas curtem o dia. Lembro de levar a cada hora o dinheiro arrecadado da nossa barraca de bebidas para a secretaria onde não havia um funcionário da escola, apenas pais voluntários fazendo o controle financeiro da feira.
No final, nós mesmos limpamos, dobramos as mesas, guardamos a decoração e as sobras de materiais para o próximo evento. Varremos a escola ouvindo música, enquanto os pais serviam as sobras de cachorro-quente e crepe, acompanhado da bebida do verão inglês: o Pimms, uma espécie de sangria, mas à base de xarope com frutas cortadas e pepino. Inglês ama pepino.
Lembro que quando tudo acabou, sentamos nos bancos do pátio para um último papo e aquela sensação de missão cumprida, de recomeço, de pertencer e da alegria em meio ao caos da chegada por poder viver aquilo tudo e oferecer essa experiência impagável aos nossos filhos.
A vida por aqui continua devagar. Restaurantes e lojas só começam a abrir em meados de junho. Encontros só de até 6 pessoas em parques ou jardim de casa. A volta da escola gera muita insegurança e debate. As aulas só voltaram para os dois primeiros anos do ensino primário (5, 6 e 7 anos) e o último ano (11, 12 anos), que se prepara para provas importantes do próximo ciclo escolar.
Cada escola está adotando medidas diferentes e criando seu próprio sistema para retorno gradual. Mas os pais estão com medo. Compreensível. Afinal, qual criança de 5 anos consegue distanciamento social dos amigos depois de 3 meses longe? O que os pais debatem é que mandar o filho para a escola é assumir que acabou o distanciamento social.
Dito tudo isso, preciso contar que eu ainda não incluí a minha filha no novo esquema criativo de aulas com os amiguinhos. Estou criando coragem e dando um tempo para ver se os números continuam caindo. Mal posso esperar para olhar desesperada para o balde de roupa suja lotado de uniformes para lavar novamente, mas vamos com calma. Um dia de cada vez.
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