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Maternidade real preta

Thainá contou sua experiência como mãe de Apolo - Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal

Publicado em 07/08/2020, às 10h49 - Atualizado em 26/10/2020, às 11h52 por Toda Família Preta Importa


**Texto por Thainá Baltar, idealizadora do coletivo Pais Pretos Presentes, moderadora do grupo Mães Pretas Presentes, mãe de Apolo

“Quando você for mãe, você vai entender!”. Essa frase não é estranha para muitas de nós, mães! Mas será que ela é totalmente verdadeira? Há 1 ano e 3 meses me tornei mãe e me lembro que desde que recebi a notícia de que meu filho estava a caminho muitos pensamentos começaram a ocupar a minha mente. Eu, uma mulher preta vivendo numa sociedade estruturalmente racista e gerando um filho preto.

Thainá contou sua experiência como mãe de Apolo (Foto: Arquivo Pessoal)

Como seria o parto? Seria eu também vítima de violência obstétrica? Meus direitos seriam respeitados num país em que 62,8% das mulheres mortas são negras (OMS)? E quanto ao meu filho? Sua infância? Passaria ele pelo o que passei quando na escola sofria bullying por causa do cabelo, dos traços, da cor da pele? E como eu trataria disso? No meu caso minha mãe me entregou um encarte com as diversas raças para que eu mostrasse aos meus colegas e os tentasse convencer a não me tratarem daquela forma porque afinal de contas “todos nós éramos iguais”. O encarte foi rasgado na minha frente e as professoras nada fizeram! Como entender?

“Em uma cultura com racismo, o racista é, portanto, normal” já dizia Fanon. Eu penso que nós, pretos, mães pretas, sabemos do que se trata, quando todos os dias nos deparamos com  o preterimento, a exclusão, os olhares tortos, a violência e a morte, enfim, com o racismo. Mas no fundo não entendemos. Não entendemos  como um policial mantém o seu joelho durante 8 minutos sobre o pescoço de um homem vendo-o perder o ar até a morte. Não entendemos como um menino de 5 anos é colocado sozinho dentro de um elevador pela patroa branca de sua mãe sem saber que caminha para a morte. Como compreender as balas “perdidas” que encontram os corpos dos nossos pequenos pretos? Todos pretos…

Frente a tudo isso, vi que não posso esmorecer. Aprendi que maternar é servir de amparo para a minha criança, um menino preto. Protegê-lo, empoderá-lo e ajudá-lo a ter uma autoestima elevada, amando seus traços, sua pele. Mostrá-lo que é necessário olhar para os valores ancestrais, crescer em comunidade, estar junto dos nossos. Nós, mães pretas presentes, compreendemos que só através da troca e da prática dos valores africanos é possível redescobrir a nossa essência.

A educação antirracista começa em casa (Foto: Arquivo Pessoal)

Também estou muito interessada neste movimento que promove uma educação antirracista. É urgente que essa educação comece pelas crianças, na escola e na família. Não mais uma caricatura, é necessário promovermos uma educação antirracista séria e comprometida. Livros pseudoeducativos que retratam o negro como uma exceção, ou onde um personagem branco pinta sua pele para se tornar negro, não são antirracistas. Mostrar a verdadeira origem do povo preto, abrir espaços, enaltecer a nossa cultura e ancestralidade é o caminho para a formação antirracista.


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