Família

Vacinar é a melhor forma de combater as doenças: entenda a importância de proteger sua família

A vacina é a melhor forma de proteger seu filho e sua família contra as doenças - Getty Images
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Publicado em 16/04/2019, às 16h00 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h36 por Jennifer Detlinger, Editora-chefe | Filha de Lucila e Paulo


Em 2018, a vacinação de crianças atingiu o nível mais baixo no Brasil em 16 anos. Esse dado preocupante foi divulgado pelo Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde. Você conseguiria imaginar um mundo sem vacinas? É só voltarmos ao começo do século 20, época em que uma a cada cinco crianças morria de alguma doença infecciosa antes mesmo de completar 5 anos.

Para evitar esse tipo de retrocesso, é preciso entender que a vacina é a melhor forma de proteger seu filho e sua família contra as doenças. Os dados provam: a vacinação foi responsável por um aumento de cerca de 30 anos na expectativa de vida da população. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça que a vacinação ajuda a prevenir uma média de três milhões de mortes ao ano em doenças como tétano, sarampo e difteria. Graças à vacina, doenças altamente contagiosas e perigosas, como a varíola, foram erradicadas. A vida dos bebês, pais e pediatras ficou muito mais fácil, e o número de internações e mortes por doenças infecciosas caiu.

Por isso, é difícil entender o porquê do movimento antivacina e as fake news sobre vacinação estarem ganhando cada vez mais força. Infelizmente, alguns pais ainda hesitam em dar vacina e até encontram argumentos com profissionais que, com certeza, não estão alinhados às melhores práticas médicas da atualidade. “As vacinas são vítimas do próprio sucesso”, define Melissa Palmieri, filha de Antônio Carlos e Maria, pediatra especialista em infectologia, membro da Sociedade Brasileira de Imunizações e coordenadora médica de vacinas do Grupo Pardini.

Segundo a especialista, conforme as doenças são eliminadas, a população se esquece das ferramentas de prevenção e ganha uma falsa sensação de segurança. “Temos uma geração de adultos que se beneficiaram do Programa Nacional de Imunizações no passado e agora estão negligenciando esse direito aos filhos. Como os pais não tiveram essas doenças, não existe uma memória em relação à gravidade delas, e eles acabam relaxando em relação à vacinação dos filhos”, explica a especialista. Além disso, muitas famílias também enxergam a vacina como cura, e não prevenção, e só vão atrás da imunização dos filhos em casos mais graves.

Sem medo da vacina

Com o sucesso da imunização no país, muitas doenças tornaram-se desconhecidas. Isso faz com algumas pessoas não tenham ideia do risco que elas carregavam e acabem se preocupando bem mais com os possíveis efeitos colaterais de vacina do que com a prevenção de doenças graves. “Não há mais desculpas para falar que as vacinas causam mal. Claro que todo produto que seja vacina ou medicamento não está isento de reações adversas, mas se colocarmos na balança, é um risco muito pequeno e que vale ser corrido”, defende Melissa.

Os benefícios da vacinação universal superam de longe os riscos, que incluem reações leves, como febre ou dor local e (mais raramente) reações mais sérias. No geral, de 5% a 10% dos casos, as reações adversas consistem em inchaços, vermelhidão e dor no local da aplicação da vacina. As reações sistêmicas, como febre, mal-estar e dor de cabeça, ocorrem em cerca de apenas 2% dos casos. Já o risco de reações adversas graves é mínimo: cerca de 0,05% e geralmente acontecem em pessoas que apresentam alguma contraindicação. Por isso, se você tem algum problema de saúde, informe ao serviço para avaliar se você ou seu filho pode ser vacinado ou se a vacinação deve ser postergada para outro momento. O médico pediatra também deve sempre ser consultado para uma orientação segura. Mas as reações às vacinas são bem menos prejudiciais se comparadas aos efeitos da doença em uma criança não imunizada. Então, pode vacinar seu filho sem medo.

Juntos pela vacinação e prevenção

Imunizar a família toda funciona como um ato coletivo de responsabilidade e cuidado. Pense que, para uma doença conseguir sobreviver e se propagar, é preciso que outras pessoas estejam infectadas. Por isso, quanto mais gente protegida, o ciclo de um vírus ou bactéria se encerra e a doença pode ser erradicada. “A vacinação é algo maior que uma escolha pessoal. Precisamos olhar o bem social do outro e do coletivo também. Exceto para as doenças com exposição de risco individual, como o tétano e a febre amarela, a vacina funciona como uma arma coletiva e diminui a circulação do agente infeccioso”, afirma Melissa.

Junto com o Ministério da Saúde, a Pais&Filhos acredita que o Brasil seria um lugar melhor se todos lembrassem o quão importante foi a imunização para que todos chegassem saudáveis até aqui. Nosso país tem o maior programa público de vacinação do mundo — não faz sentido deixar que doenças erradicadas há décadas voltem a aparecer como ameaça.

Protegendo seu filho

Você faria algo que pudesse fazer seu filho ou sua família ficarem doentes? Com certeza, não. A gente entende que você só deseja o melhor para o seu filho e que os receios, dúvidas e medos causados por falta de informações, fake news ou movimentos antivacina são naturais. Mas como falamos anteriormente, a vacinação é a melhor forma de proteger sua família contra as doenças. “A vacina é uma das maiores descobertas da medicina e uma das principais causas da longevidade das pessoas. Abrir mão dos avanços da ciência por causa de uma crença pessoal ou de uma orientação individual de um médico não faz sentido. Recomendo que os pais com esse tipo de pensamento reflitam e conversem com outros médicos para formarem uma ideia mais consistente sobre o assunto, além confiar somente em fontes seguras e oficiais, como o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria”, explica o Dr. Claudio Len, pediatra e médico do departamento Materno-Infantil do Hospital Albert Einstein, nosso colunista e pai de Fernando, Beatriz e Silvia.

Não à toa, deixar de imunizar as crianças na época adequada é ilegal no Brasil, já que esse é um direito assegurado há 29 anos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Lembre-se que, enquanto é pequeno, seu filho não tem o poder de escolha sobre a vacinação e depende exclusivamente de você. “Os pais precisam começar a tratar a vacinação como algo positivo entre os filhos. Essa nova geração não pode ter ainda mais medo da vacina. Vale trazer a imunização para o universo lúdico das crianças, falar que os super-heróis ou as princesas também tomam a gotinha ou a picadinha para ficar mais forte, além de evitar ao máximo vincular a vacinação com qualquer aspecto negativo”, aconselha Melissa.

Sem gripe neste ano!

A campanha nacional de vacinação contra a gripe, promovida pelo Ministério da Saúde, começou na última quarta-feira (10). Até o dia 18 de abril, serão priorizadas crianças e gestantes, que formam o grupo mais vulnerável às complicações causadas pela influenza. A novidade é que neste ano a faixa-etária do público infantil foi ampliada, de até 5 anos para até menores de 6 anos, incluindo 2,8 milhões de crianças na campanha. Além disso, grávidas e crianças poderão atualizar as demais vacinas previstas na caderneta de vacinação.

Em 2018, as gestantes e as crianças foram os únicos grupos que ficaram abaixo da meta de cobertura vacinal, com 80,8% e 77,8%, respectivamente. Por isso, é preciso, mais do que nunca, vacinar seu filho contra a gripe. “Historicamente, a gripe foi a doença mais avassaladora de todas. Antes da vacinação, morriam populações inteiras pela doença. O benefício é muito grande e a vacina da influenza é extremamente segura. As reações são muito raras e nem se comparam com os efeitos da doença em uma criança não imunizada”, explica Dr. Claudio. E aquela velha história de que a vacina leva a um quadro de gripe é mentira. Os pedaços de vírus usados na fabricação da vacina estão inativados e não conseguem causar mal algum, ok?

Se você é gestante, também pode se vacinar sem medo. “As grávidas podem e devem fazer a vacinação em qualquer período gestacional. Além do benefício individual, a vacina produz anticorpos que passam pela placenta e são transmitidos ao bebê. Isso faz com que ele fique protegido até completar 6 meses, idade em que já poderá ser vacinado”, explica Melissa. O aleitamento materno também passa os anticorpos da mãe que foi vacinada ao bebê – a vacinação só traz benefícios, tanto para você, quanto para o seu filho.

Combatendo as fake news

Caso você veja alguma notícia ou informação sobre vacinas nas redes sociais e fique em dúvida se elas são verdadeiras ou não, o Ministério da Saúde criou uma ferramenta que funciona com um Google. Desde agosto de 2018, existe um número de WhatsApp para envio de mensagens com o objetivo combater as fake news sobre saúde. Basta enviar a informação que deseja confirmar sobre a vacina e, depois de analisada, o Ministério retorna dizendo se é fake news e o porquê. As mensagens podem ser enviadas gratuitamente para o número (61) 99289-4640.

Lembre-se sempre de que a espalhar informações falsas e escolher não se vacinar e imunizar sua família, independentemente do motivo, é uma ameaça à saúde e à vida das pessoas. Não coloque sua vida e das pessoas que você ama em risco. Vacine.

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