Publicado em 06/10/2022, às 07h04 por Redação Pais&Filhos
Kelly Osbourne, filha de Sharon e Ozzy Osbourne, está grávida do primeiro filho e descobriu na reta final da gestação que está com diabetes gestacional. Em uma recente entrevista a “People”, ela contou que inicialmente pensou que estava fazendo “algo de errado”.
Ela fala que não comia muito, mas mesmo assim continuava a engordar mais do que deveria durante a gestação. Começou a notar também que seu único desejo eram sucos muito doces.
A diabetes gestacional ocorre quando o corpo da gestante não consegue produzir insulina suficiente, sendo assim Kelly afirma que depois que foi diagnosticada com a condição precisou cortar o açúcar da sua dieta e já perdeu 10 quilos. “Eu não tive que usar meias de compressão desde que cortei o açúcar, o que é irreal para a gravidez… Eu só tenho mais energia, estou dormindo melhor… Você não percebe o que isso está fazendo com você até tirá-lo, é tudo o que posso dizer”, explicou.
Ela ainda complementa dizendo que a situação está sendo um “incentivo” para a mudança. “Eu nunca fui capaz de manter nada cem por cento do jeito que tenho feito, isso porque não estou fazendo isso por mim… estou fazendo isso pelo meu bebê”, justificou.
Kelly Osbourne fala que a gravidez tem sido a experiência mais difícil, estranha e selvagem que está vivendo em sua vida e também pontua que não pretende amamentar o filho ao nascer, porque quer continuar tomando suas medicações. Com isso, muitos internautas a criticaram diante da decisão da mãe de primeira viagem: “O julgamento que recebi de meus amigos e também da família é extensa. Mas não consigo prestar atenção a comentários negativos”, afirma, falando que a escolha será a melhor para sua família.
A diabetes gestacional é um distúrbio caracterizado pelo aumento do nível de açúcar no sangue nas grávidas e que pode levar a futuros problemas de saúde, tanto para a mãe, quanto para o bebê. Segundo o Ministério da Saúde, a diabetes gestacional afeta cerca de 18% das gestantes. Os casos da doença têm aumentado expressivamente. Os últimos estudos relacionam esse aumento às mudanças nos critérios para seu diagnóstico e a fatores como obesidade, sedentarismo e maus hábitos alimentares da população.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) passou a considerar glicemia elevada e alerta de diabetes gestacional as taxas de 92 mg/l de glicose no sangue quando analisado em jejum. Antes, esse valor era de 95 mg/l. A nova diretriz prova que o diabetes quando aparece na gestação é um sinal de alerta e precisa ser diagnosticado e tratado o quanto antes. Segundo Maurício Sobral, ginecologista e obstetra, pai de Luiza e Beatriz, a doença não costuma apresentar sintomas específicos, por isso pode ser confundida com os da própria gravidez, afinal inchaço e ganho de peso, por exemplo, são comuns.
Algumas mulheres são mais predispostas a terem a doença do que outras, especialmente se a gestação for tardia. “Primeiramente se o exame do açúcar no sangue tiver alterações, ou seja, maior que 92mg/dl em jejum. Depois, se a paciente tem histórico de diabetes na família ou na gravidez passada deve ficar muito atenta”, explica Maurício. A gestante também deve suspeitar quando começa a engordar e apresentar inchaço nas extremidades acima do normal. A elevação da pressão sanguínea é um sinal indireto. Na ultrassonografia, seu médico pode notar sinais como o bebê aumentar muito de tamanho e peso e o líquido amniótico aumentar de volume.
O diabetes gestacional causa o aumento dos níveis de glicose no sangue. Geralmente, o problema desaparece depois do nascimento da criança, mas, quando não tratada, pode trazer riscos à saúde do bebê, como parto prematuro, doenças cardíacas, desenvolvimento da síndrome da angústia respiratória (que é a dificuldade para respirar ao nascer), icterícia e obesidade na infância ou adolescência.
De acordo com a obstetra endócrina, da Endoclínica São Paulo, Dra. Ana Claudia Amaral de Souza, o diabetes gestacional pode ser diagnosticado desde o início da gravidez, a partir dos primeiros exames realizados no pré-natal, ou se manifestar mais tardiamente, em geral, a partir da 24ª semana de gestação. O problema acontece pois durante a gravidez a placenta produz uma série de hormônios que podem levar a resistência da ação da insulina, hormônio responsável por controlar a glicose no sangue.
A doença pode ser descoberta por meio de exames como de glicemia de jejum, curva glicêmica e hemoglobina glicada, que devem ser indicados pelo seu ginecologista ou obstetra. A partir daí, o acompanhamento médico se torna mais específico e deve inclui avaliações periódicas e mais detalhadas. “Além das consultas com o obstetra, é muito importante que a gestante opte por uma mudança de hábitos, incluindo uma dieta saudável e a prática de exercícios, que auxiliam no controle dos níveis de glicose no sangue e no funcionamento da insulina”, comenta o Dr. Maurício.
O tratamento depende muito do caso. Pode ser somente com exercícios e dieta até o uso de insulina. “Em casos mais complicados, tem de internar a paciente para controlar o açúcar no sangue e monitorar o bem-estar do bebê”, finaliza o especialista. A diabetes gestacional, em si, não é indicação para o parto cirúrgico.
Para prevenir a diabetes gestacional, o ideal, segundo as especialistas, é se afastar do excesso de açúcar, doces e carboidratos, assim como ingerir uma maior quantidade de frutas, verduras e legumes, ricos em fibras, que melhoram a circulação e diminuem o inchaço. “O diabete gestacional acontece principalmente depois de 24 semanas, quando a placenta produz hormônios que são hiperglicemiantes, e essa hiperglicemia fisiológica se não for contrabalanceada com uma qualidade de estilo de vida favorável, com exercícios físicos, dieta equilibrada, pode desenvolver esse problema. Isso pode levar a complicações para o bebê, inclusive má formação cardíaca, alteração respiratória e um ganho exagerado de peso, que repercute na vida adulta, com síndrome metabólica, pressão alta, alteração de triglicérides e obesidade”, explica a ginecologista Ana Carolina Lúcio Pereira, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
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