Publicado em 18/12/2020, às 09h43 - Atualizado em 31/03/2021, às 15h10 por Cinthia Jardim, filha de Luzinete e Marco
Em um ano cheio de desafios como 2020, os planos da gravidez acabaram sendo adiados por diversas famílias por conta da pandemia do novo coronavírus. Mesmo depois de dez meses, muitas mulheres ainda ficam em dúvida se é seguro engravidar e quais cuidados são necessários.
Em uma conversa com a Dra. Laura Penteado, obstetra, ginecologista e diretora clínica da Theia, ela esclareceu as principais dúvidas sobre o assunto, além de comentar sobre o comportamento de mulheres tentantes durante este período.
A especialista explicou que mesmo tendo se passado 10 meses, ainda é um período muito pequeno para análises maiores. Mesmo as gestantesestando no grupo de risco, as que foram infectadas pelo coronavírus “não evoluíram com quadros mais graves, quando comparadas com a população geral de mesma faixa etária”.
Segundo um estudo publicado pelo Jornal de Imunologia Reprodutiva, foi observado um aumento na taxa de prematuros entre as gestantes com covid-19. “Também observou-se uma maior taxa de baixo peso fetal ao nascimento e de restrição de crescimento fetal. Ainda não é possível estabelecer uma ligação entre um aumento do número de abortamentos e pacientes infectadas”, explica.
Sobre a transmissão do vírus de mãe para filho, o estudo citado por Laura Penteado sugere que é raro, pois não foi possível identificar partículas do vírus no líquido amniótico, sangue do cordão umbilical ou no leite materno.
“Assim, aparentemente, uma infecção por COVID-19 no início de uma gestação, não deve interferir de maneira negativa na evolução da gravidez. Entretanto, mais estudos e mais tempo observacional são necessários pra se comprovar os reais efeitos e comportamento deste vírus na mãe e no embrião”.
Apesar de várias famílias terem adiado o sonho de engravidar neste momento, outras já viram uma oportunidade maior para as tentativas. “Muitas mulheres começaram a se cuidar mais durante a pandemia: passaram a cozinhar, em vez de sair pra comer; iniciaram atividade física (até para manter uma boa saúde mental), muitas cessaram o tabagismo (para sair do grupo de risco), ou seja, adquiriram melhores hábitos de vida. Além disso, a maioria dos casais tiveram alguns planos pessoais e profissionais (como cursos, MBA internacionais, viagens a trabalho…) suspensos por tempo indeterminado, o que propiciou uma abertura para se planejar uma gestação”.
Os cuidados gerais devem ser os mesmos para toda a população, mas no caso da gestante, é importante seguir todo o pré-natal e a rotina médica de exames. “As gestantes devem manter o distanciamento social e as medidas de higiene: lavar as mãos com frequência, utilizar álcool gel e evitar contato físico com outras pessoas que não moram na mesma casa. Manter uma alimentação saudável e equilibrada, atividade física regular e boas noites de sono são fundamentais para garantir um sistema imune fortalecido. Contudo, o mais importante é preservar um bom acompanhamento pré-natal: manter o acompanhamento médico e a rotina de exames”, conclui.
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