Publicado em 27/06/2020, às 07h08 - Atualizado às 08h02 por Marina Paschoal, filha de Selma e Antonio Jorge
Cientistas da USP (Universidade de São Paulo) estão desenvolvendo uma vacina por spray nasal contra o coronavírus. O novo modelo de imunização já foi testado em camundongos contra a hepatite B e é a nova aposta para combater a covid-19.
Segundo informações do Jornal da USP, a equipe de estudiosos desenvolveu uma nanopartícula a partir de uma substância natural e colocou dentro dela a proteína do vírus do coronavírus. Assim que aplicada no nariz, espera-se que o corpo produza os anticorpos presentes na saliva, lágrima, colostro e superfícies do trato respiratório, intestino e útero. “Além de inibir a entrada do patógeno [causador da doença] na célula, a vacina impedirá a colonização deles no local de aplicação”, explicou o médico veterinário Marco Antonio Stephano, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, e coordenador do estudo.
Essa nanopartícula possui propriedade chamada de ‘muco-adesiva’, que nada mais é do que ‘duradoura’ dentro das narinas. Na prática, ela permite que o material do spray fique nas narinas de 3 a 4 horas até ser absorvida pelo organismo e ativar a resposta imune no corpo. Isso também impede que a partícula produtora do anticorpo (o chamado antígeno) seja expelido por meio de espirros.
Marco Antonio Stephano, coordenador da equipe de pesquisadores, tem em seu histórico de modelos vacinais, que faz desde 2009, uma vacina contra hepatite B no modelo spray. “Testamos em camundongos e depois de 15 dias eles estavam imunizados”, ele conta. Essa tecnologia serve de base para a vacina spray contra o coronavírus.
Segundo o pesquisador, os protótipos devem ficar prontos em três meses, quando será possível começar os testes em animais. A equipe acredita que o produto chegue ao público a um custo de R$ 100 reais. “Temos todos os atores necessários para que ele se torne realidade”, ele acredita.
Segundo o estudioso, esse tipo de imunização é mais vantajosa do que as vacinas injetáveis. E isso porque é bem aceita por crianças, não é invasiva e tem menos reações ou efeitos colaterais. “Sempre que se pensa em infecções respiratórias, acreditamos que uma vacina com esse tipo de abordagem é melhor, pois ela gera imunidade no local da aplicação e produz IgA [os antocorpos]”, explica a imunologista Cristina Bonorino, da Sociedade Brasileira de Imunologia e professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, ao Jornal da USP.
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