Família

Padre Fábio de Melo defende: “Independente da religião, Natal é uma chance de recomeçar”

O Padre abriu o coração e falou sobre como os valores do Natal são importantes para a família - divulgação
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Publicado em 25/12/2018, às 16h16 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h39 por Isabella Zacharias, Filha de Aldenisa e Carlos


Fechamos o ano da melhor maneira. Uma conversa especial com Padre Fábio de Melo, filho de Ana Maria e Dorinato.

Conhecido (e querido) nacionalmente, o convidamos para discorrer sobre o principal assunto que o Natal inspira, a família. Sem dúvidas essa data é uma das mais importantes para a gente. É tempo de amor. Família unida.

Esse período resgata o mais puro sentimento que existe dentro de cada um. Mas Fábio vai além, nos mostra que de janeiro a dezembro é possível, sim, viver o puro amor da família no
dia a dia. Oportunidade para amar, nunca falta.

P&F: O que você acha que o Natal representa, independente de qualquer religião?
FÁBIO DE MELO: O Natal tem uma força de renascimento em cada um de nós, porque ao final de toda etapa, o que a gente trouxe para a nossa vida, independente de qualquer religião, é uma oportunidade que cada ser humano tem de inventar uma nova forma de ser.

P&F: Para continuar precisa recomeçar…
FM: Acho que finalizar uma etapa proporciona essa oportunidade de ser e fazer diferente. O Drummond tem uma expressão que fala que foi muito inteligente quem teve essa ideia de fracionar o tempo, porque toda vez que nós temos a oportunidade de finalizar algo, naturalmente a gente se dispõe a ter um recomeço. Eu acho que o Natal é isso, uma oportunidade de recomeço para todos nós.

P&F: Realmente precisamos disso. Ainda mais no mundo que a gente vive hoje. Qual o peso para a família de hoje?
FM: Temos um risco de vida que nos torna muito reativos. O ser humano é muito mais reativo do que reflexivo por causa da pressa que a gente vive. Então, eu acho que no Natal, por ser um tempo de reflexão e finalização, temos a oportunidade de mergulhar um pouco mais nessa reflexão que nos qualifica como pessoas.

P&F: Precisamos escutar mais…
FM: Eu acho que a qualidade da vida depende do tanto que a gente reflete e consegue encontrar respostas que nos ajudam a mexer no tabuleiro do tempo, da vida, para podermos viver um pouco melhor.

P&F: Nesse clima de renovação e renascimento, o que os pais podem aproveitar disso para se aproximar ainda mais dos filhos?
FM: Eu acho que essa possibilidade de se aproximar mais dos filhos tem que acontecer todos os dias, toda hora. O vínculo de parentesco é muito pouco para segurar uma relação. A gente precisa ter o vínculo da autoridade afetiva, que é quando a criança reconhece no pai e na mãe as pessoas favoráveis ao seu crescimento emocional, seu desenvolvimento humano.

P&F: Mas o Natal tem um peso nisso?
FM: A gente não pode deixar essa responsabilidade esmorecer. É preciso viver diariamente a renovação do vínculo com o filho porque senão, daqui a pouco, os pais viram apenas parentes dele.

P&F: Então o que é esse vínculo?
FM: Eu acredito que o vínculo sanguíneo é importante, mas não é definitivo na vida, porque pode ser que em um determinado momento da nossa história aquele com quem a gente tem um vínculo sanguíneo já não represente muita coisa na nossa vida porque esse vínculo não foi renovado ao longo do tempo.

P&F: Vínculo vai além do sangue, com certeza!
FM: Aliás, a festa de Natal é tediosa para muita gente por causa disso, né? Porque ela não representa um momento espontâneo de encontro. É um momento obrigatório para muitos, que exige que você esteja com pessoas com quem não tem nenhum tipo de identificação.

P&F: Nunca tinha pensado nisso…
FM: Eu acredito que o vínculo familiar é o mais fácil de ser perdido porque a gente entra em uma mesmice. É diferente de uma amizade que é cultivada porque a gente gosta de estar junto. Muitas vezes não conseguimos viver isso dentro da família.

P&F: O que os pais podem fazer diante desse cenário ou para evitar?
FM: Os encontros devem ter mais qualidade. A nossa forma de lidar com vínculos nos colocou em um ritmo que dificulta demais o encontro que proporciona intimidade.

P&F: Com certeza! Parece um piloto automático…
FM: Nós estamos muito devassados nas nossas intimidades, parece que nunca vamos comer à mesa sem os celulares, por exemplo. Eu acho que se a gente pudesse alterar um pouco a nossa rotina qualificaria mais o nosso tempo.

P&F: Com certeza! Mas vamos voltar para a noite do Natal, parece que tem uma magia no ar. Você sente isso?
FM: A gente tem essa sensação porque viemos de uma época em que as pessoas ritualizavam a data. As famílias estão fazendo cada vez menos esses rituais. Então, essa memória afetiva que você tem te ajuda a ver o Natal da maneira que a sua família construiu.

P&F: Como era e como é hoje para você?
FM: Não era só uma noite festiva, era também uma momento que nos interiorizava e nos dava espiritualidade. A sua geração e outras um pouco antes, sentem o resquício do que a nossa memória afetiva recorda, de que o Natal é uma noite especial. Mas como hoje nós estamos cada vez menos ritualizados, não tem horário para comer junto, ninguém se encontra mais em nenhum momento do dia.

P&F: E você acha que tende a piorar nas próximas gerações?
FM: Vai depender do quanto nós seremos capazes de retomar a ritualidade da vida. Eu acho que essa geração fica muito empobrecida quando a gente não cultiva os ritos. O ritual do comer, do estar junto, de criar situações lúdicas.

P&F: Talvez comemorar coisas menores ao longo do ano também, criar outras situações e não deixar tudo nas costas do Natal possa ajudar, correto?
FM: Exatamente, precisamos ritualizar a vida, mexer nessa estrutura mecânica que é a rotina. Ela é positiva, mas tem que ser ritual. A gente acorda e faz tudo sempre igual, mas não tem poesia e não tem mais o lúdico.

P&F: Entrando nesse lado lúdico, o que você acha da importância da criança acreditar que existe, sim, o Papai Noel?
FM: Eu pessoalmente acho que não tem vantagem. É difícil falar sobre isso porque o Papai Noel é uma figura que faz parte do imaginário. Eu escolheria não criar o meu filho acreditando nele. Eu preferiria, como cristão, ensinar o significado do Natal a partir de Jesus. Agora, o Papai Noel acaba sendo uma figura mágica justamente para criar um pouco dessa magia do Natal. Mas isso é uma questão de escolha, de como cada um educa o filho.

P&F: Não tem o certo, é cada um do seu jeito
FM: Isso mesmo, eu acho que é muito cruel a gente dizer o que cada um tem que fazer.

P&F: Esse Natal de ritual era costume na sua família?
FM: Nós tínhamos, era bem simples, mas tinha, sim.

P&F: Você tenta resgatar e trazer isso no lugar que você passa o Natal hoje em dia?
FM: Eu busco na minha memória as boas lembranças do Natal, que é uma forma que eu tenho de derramar, nos dias de hoje, um pouco do passado. Eu acho que ele sempre nos ajuda a resignificar as coisas do presente. Então, eu sempre busco fazer aquilo que eu sei que no passado me fazia bem.

P&F: O que você acha que é o melhor do Natal?
FM: Eu acho que é a oportunidade que a gente tem de reavaliar o que foi vivido e projetar um presente um pouco melhor e lúcido. Acho que quando a gente olha pra aquilo que viveu com lucidez e honestamente, a gente repensa e faz uma proposta de vida para reunir os melhores caminhos, esse é o melhor do Natal, a oportunidade de repensar a vida.

P&F: Para a gente fechar, você quer deixar uma mensagem de Natal para todos os leitores da Pais&Filhos nesse final de ano?
FM: Eu desejo que todos nós tenhamos a oportunidade de viver um dia de mais esperanças, menos polarizações, que os nossos corações se disponham a viver com muita dignidade e respeito o que a vida nos trouxer.

P&F: Para você, família é tudo?
FM: Família é tudo, porque é um vínculo que agrega todos aqueles que passam pelo meu caminho e que ficam. Eu nunca reduzi o conceito de família aos vínculos sanguíneos que a vida me deu, aqueles que me foram impostos pela biologia. Família para mim é tudo porque eu compreendo todas as pessoas que tornam o meu cotidiano possível como os meus familiares.

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