Publicado em 30/09/2020, às 11h09 - Atualizado às 12h24 por Cinthia Jardim, filha de Luzinete e Marco
Com a pandemia, as incertezas e mudanças na rotina familiar podem causar certo impacto e aumento do estresse nas crianças. Para ajudar seu filho a passar por essa fase, tiramos as principais dúvidas sobre o assunto e te contamos como a meditaçãopode influenciar positivamente uma postura mais tranquila dentro de casa.
Em uma conversa com a cardiologista pediátrica e integrativa, Renata Isa Santoro, mãe de Francisco e Laura, descobrimos um guia (na prática!) de como você pode incentivar a meditação com as crianças. A partir do passo a passo, elas ficarão mais tranquilas, além de criar um ambiente bastante aconchegante para a família.
Geralmente, é mais comum que as crianças fiquem preocupadascom assuntos relacionados a escola, família ou deles mesmos, segundo Renata. “O problema é quando essa preocupação se torna algo exagerado e, podemos perceber quando a forma como a criança lida com suas preocupações chama a atenção de algum adulto familiar ou cuidador ou, quando isso começa a limitar a vida desses pequenos como dificuldade no convívio social e reações exageradas a pequenos problemas”, define a especialista.
Como alerta, ela explica que quando isso vai além de algo passageiro, a pessoa questiona e reage aos acontecimentos da vida cotidiana e passa a ser algo pesado, que traz sofrimento. É possível notar que há algo de errado quando a criança passa a ter medos não identificáveis como, por exemplo, medo de dormir sozinha e quando estiver dormindo algo terrível aconteça, medo de se afastar dos pais, medo que algo ruim aconteça a qualquer momento. A médica identifica também os sinais de perda ou aumento expressivo do apetite, medos e preocupações excessivas, que podem dificultar na realização de diversas atividades.
De início, a família pode ficar confusa em como agir com essa alteração de humor e não entender que é uma forma dela pedir ajuda. “Muitas crianças passam muito tempo com ansiedade pois não são diagnosticadas e acabam desenvolvendo outros transtornos como depressão ou fobias sociais o que traz mais dificuldades familiares pois a criança sente-se insegura fora de casa, não quer se afastar dos pais, não se diverte e tem pensamentos de fuga e medo”.
Como conselho, Renata orienta que os pais se mostrem bastante pacientes e levem a criança ao pediatra ou médico da família para conversar sobre o que está acontecendo. “Quando necessário, pode ser solicitado alguns exames que irão diferenciar se os sintomas são realmente físicos ou causados pelos transtornos da ansiedade”.
Por isso, é tão importante ficarmos de olho no modo em que agimos. “Às vezes as brigassão por algo superficial e sem valor para os adultos, mas a criança não é a razão, ela é o sentir, e então ela sente o desafeto, o desamor, não sabe lidar com isso e com o tempo passa a achar que pode perder o amor dos pais, fica ansiosa, irritada e quer chamar atenção com situações de birra“.
Dependendo da idade, as crianças ainda não têm o discernimento para refletir uma briga familiar, por exemplo, e acaba absorvendo o assunto para si. “Quem tem criança em casa precisa ter a responsabilidade de tentar manter uma transparência afetiva, sem falsidade mas tomando cuidados de que você está sendo o exemplo de uma personalidade que está se formando ali, e isso é uma responsabilidade muito grande e sagrada”, explica.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, a meditação “mindfulness“, que é a prática de atenção plena, já é recomendada no Documento Científico do Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento. Para criar curiosidade nas crianças, crie um hábito diário e inclua a atividade na rotina.
Como outras alternativas para lidar com a ansiedade, é recomendado ainda: organização da rotina de sono, com horário e tempo satisfatório; tempo e conteúdo de tela controlados de forma saudável para a idade; brincadeiras que tragam diversão para a criança; tempo qualitativo com os pais; atividades físicas durante cerca de 60 minutos ao dia; atividades de lazer; técnicas de relaxamento ou “mindfulness”.
De forma leve, a atividade deve ser inserida aos poucos na vida da família, sem que seja imposta como uma obrigação. Para a criação do vínculo, a cardiologista recomenda que os pais comecem a meditar antes das crianças, pois alimenta o autoconhecimentoe a maneira de lidar com as mais diversas situações
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