Família

Marcos Piangers e Ana Cardoso refletem sobre a intensidade de viver a vida

Evelen Torrens
Evelen Torrens

Publicado em 25/12/2019, às 09h25 por Redação Pais&Filhos


Ele

Marcos Piangers, pai de Anita e Aurora, é jornalista, palestrante e autor dos livros O Papai É Pop 1 e 2.

MANHÃ DE DOMINGO. 

Domingo de manhã a gente acorda com os passarinhos e o cheiro de folha molhada. A janela ficou aberta pra entrar um ventinho. Eu acordo primeiro. Meu movimento desperta minhas filhas. A mais velha quer tomar café comigo. A mais nova quer dormir um pouco mais. Quero saber se existem palavras para definir as coisas bonitas que a gente vive. Uma palavra para definir a sensação de acordar com seus filhos depois de alguns dias de saudade.

Uma palavra que resuma o sol que acorda gentilmente. Uma palavra pra explicar a conversa dos pássaros no domingo de manhã. Os japoneses tem uma palavra para definir a luz do sol filtrada pelas folhas das árvores: Komorebi. Coloco pães na chapa, minha filha mais velha ainda está sonolenta. O cheiro de café pela manhã, preciso de uma palavra que o defina. Comemos frutase planejamos um domingo cheio de nada, cheio de calma, cheio de tempo. Ailyak, do búlgaro, é a arte de fazer tudo lentamente e sem pressa, aproveitando o processo e a vida em geral. A mais nova acorda, senta no meu colo enquanto como.

Farelos de pão caem em nossos pijamas. Uma palavra que explique a alegria de tomar café da manhã com os filhos. A ideia era andar de bicicletamas choveu. Deitamos no sofá, lendo livros. Quando a chuva parou sentimos o “petrichor” – do grego, o aroma agradável e terroso que acompanha a primeira chuva após um longo período de seca. Saudade, dizem, só existe em português. Acho que “dengo” também. Faço um brasileiríssimo “cafuné” nas minhas filhas. Acaricio com a ponta dos dedos seus cucurutos. Almoçamos a janta de ontem, esquentada no micro-ondas. Uma palavra que explique quando a comida requentada fica mais gostosa do que quando acabou de ser feita.

Os japoneses chamam a busca pela beleza nas imperfeições da vida e na aceitação pacífica do ciclo natural de crescimento e declínio de Wabi Sabi. A vida não é perfeita, mas quase. Quase perfeita quando estamos juntos de quem realmente amamos. Quase perfeita em domingos calmos em que nada pode nos tirar o sossego. Uma palavra que explique não ter nada para fazer. Uma palavra para o preenchimento de satisfação do primeiro abraço do dia, ainda sonolento. Uma palavra que defina a alegria de estar vendo lentamente suas filhas crescendo felizes. Inventem uma palavra. Enquanto não inventam, chamo de amor.

Marcos e as duas filhas na sessão de fotos para a capa de agosto da Revista Pais&Filhos (Foto: Evelen Torrens)

Ela

ANA CARDOSO, mãe de Anita e Aurora, é jornalista, socióloga e autora dos livros A Mamãe É Rock, Natal, Férias e Outras Histórias e Quando Falta Ar.

PODE FICAR TRISTE SIM

Como é difícil falar quando estamos tristes. Ou parar quieto quando estamos radiantes. E quantas vezes nos vemos numa saia justa ao perceber que precisamos falar algo que pode magoar os outros, ou nos constranger? Encontrar a palavra certa, o tom adequado e o momento apropriado é um desafio enorme em nossa comunicaçãocom os outros.
E quando falamos com nós mesmos? Parece tão simples entender o que sentimos e nos comportarmos de acordo, não é mesmo? Não é. Quem nunca sentiu um desconforto e na hora de agir fez algo que lhe colocou numa situação pior? Existe, nos tempos atuais, uma aversão a admitir que falhamos, que estamos tristes e que não damos conta.  Com tanta perfeição no Instagram, os padrões de ‘vida aceitável’ foram elevados a uma escala inatingível. Agimos de acordo com uma positividade que pode ser tóxica. O óbvio precisa ser dito: nem tudo é bom.

Nem todo sentimento é agradável, mas todos têm o seu papel na saúde mental. Fingir que algo ruim não está em curso é mais danoso do que entender e respeitar o sentimento. Tudo passa. Uma tristeza bem vivida, logo dá lugar a uma nova alegria. Já um mal estar escondido debaixo de tapete, hummm… pode durar para sempre. De acordo com o psicólogo Renato Caminha, terapeuta cognitivo-comportamental da infância, os sentimentos ‘desagradáveis’ são muito importantes para regularmos nossa autonomia e capacidade de resiliência (o famoso se levantar depois de uma queda). Opa, não é justamente isso que precisamos ensinar para nossos frágeis e superprotegidos filhos? O medo, por exemplo, serve para nos proteger. Que perigo seria não sentirmos medo. Não evitaríamos cachorros grandes soltou ou becos mal iluminados. Medo demais atrapalha, mas um pouco é fundamental.

O nojo também nos auxilia, por conta dele evitamos comidas que poderiam nos fazer mal. Além de ajudar a definir a nossa personalidade, negando pessoas, ritmos musicais, ideias que nos parecem obtusas. Por fim, a raiva. Ninguém gosta de viver com alguém raivoso, mas é justamente isso que nos dá força para reagir a situações ruins. Sem a raiva, somos uma planta. Alguém incapaz de responder a provocações e lutar pelos seus direitos. Na vida, nem tudo é alegria e amor. Sentir e admitir (ou validar, como dizem os psicólogos) os sentimentos desagradáveis é fundamental para nossa segurança e força. Viu, só? Nada de engolir as lágrimas ou de ensinar para os filhos que não pode ficar bravo, triste ou ter nojo. Pode sim! Quando entendemos o que sentimos, entendemos melhor o outro e aí fica até mais fácil encontrar as palavras e os melhores gestos nessa coisa deliciosa que é não estar só, se relacionar.

MORAL:

“A vida é para ser vivida e para ser sentida. Com o máximo de intensidade possível.”

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