Jovem alfabetizada pela mãe gari faz promessa emocionante após ser aprovada em medicina

Angélica Óton é uma jovem de 20 anos que, após três anos seguidos fazendo o Enem, finalmente conseguiu realizar o sonho de passar em Medicina na UFPB (Universidade Federal da Paraíba). Mas o que poucos sabem é que por trás dessa história houve bastante luta.

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A jovem é moradora da cidade de Boa Ventura, que conta com apenas 5 mil habitantes. As coisas nunca foram fáceis para ela, que inclusive, foi alfabetizada pela mãeem casa, que dividia o tempo entre o trabalho de gari e os ensinamentos para a filha. Além disso, Angélica enfrentou privações financeiras dos pais para conseguir bancar os estudos dos filhos.

Os pais da jovem, Maria do Rosário, de 47 anos, e João Salviano, de 51 anos, já passaram pela função de gari, no entanto, o homem teve que mudar de cargo por conta de um problema de saúde. Maria precisou alfabetizar a filha porque antes de morar em Boa Ventura, ela morava em Curral Velho, cidade que possui apenas 2,2 mil habitantes. "Lá não tinha nenhuma escola para a minha idade, e minha própria mãe me ensinou a ler e a escrever aos 4 anos de idade", contou a jovem em entrevista ao UOL.

"Lembro que eu contava à minha mãe sobre meu medo infantil de nunca estudar e ser 'burra'. Daí viemos para cá [Boa Ventura] e eu tive mais oportunidades". Foi só aos 6 anos que ela conseguiu se matricular em uma escola, quando mudou de cidade.

Após o fim do ensino médio ela não conseguiu ser aprovada em medicina, mas não desistiu. Como os pais não tinham dinheiro para pagar um cursinho, ela passou a estudar sozinha em casa, usando livros doados. "Eu estudei com livros que foram doados por um rapaz chamado Arthur, que mora em João Pessoa e passou para medicina também na UFPB. Assim que ele foi aprovado, meu tio conhecia a famíliae entrou em contato, e aí ele me deu", conta Angélica.

Agora, depois de aprovada no curso dos sonhos, a jovem pretende retribuir o esforço dos pais para dar a ela uma boa educação. "Meu maior objetivo é retribuir pelo menos 1% do que eles fizeram e ainda fazem. Quero dar uma qualidade de vida e uma casa melhor a eles, conforto e descanso". Além disso, ela quer servir como médica às outras pessoas de sua cidade.