Publicado em 18/11/2019, às 16h10 - Atualizado às 16h40 por Jennifer Detlinger, Editora-chefe | Filha de Lucila e Paulo
A educação financeira deve começar cedo na vida da criança. Mas não basta simplesmente dizer “não” aos pedidos do seu filho e cercá-lo de teorias. É essencial fazer com que ele entenda o valor do dinheiro e a importância de gastar menos do que se ganha. “Diante de um cenário de consumismo desenfreado, população endividada ou frustrada por não conseguir realizar seus sonhos, ensinar como lidar com dinheiro e anseios para crianças e jovens tornou-se um dos principais desafios de pais. As famílias têm um papel fundamental no significado que os filhos atribuem ao dinheiro e a forma como se lida com seus recursos financeiros pode influenciar a maneira como a criança administra seus bens no futuro”, explica Reinaldo Domingos, PhD em Educação Financeira e autor do livro Mesada não é só dinheiro (Editora DSOP).
O aprendizado que a criança tem na infância refletirá na vida adulta, quando ela precisar trabalhar, gerir as próprias finanças e se sustentar. Um dos caminhos para famílias educarem financeiramente seus filhos é estimular que esses identifiquem seus sonhos de curto, médio e longo prazos; ensinando a investigar quanto custam esses e, junto com os pais, começarem a poupar. Para ajudar você nessa tarefa, separamos 4 dicas práticas que ensinarão o uso consciente do dinheiro às crianças:
É uma característica das crianças serem muito observadores e desde cedo começam a perceber que o dinheiro tem uma importância na vida dos pais. Em paralelo, as crianças já têm os desejos de consumo. A partir da percepção deste entendimento, que ocorre normalmente por volta dos 3 anos, os pais já podem começar a educação financeira com os filhos. Frequentemente, as crianças observam os adultos entregarem dinheiro, cartões, cheques em vários locais em troca de mercadorias. Ou seja, observam que trocamos dinheiro por coisas que queremos ter. Ao mesmo tempo, crianças e jovens estão expostos às mensagens publicitárias que estimulam o desejo de ter. São duas forças importantes que movimentam a sociedade e, portanto, precisam ser bem compreendidas.
O antídoto para os possíveis efeitos nocivos do estímulo ao consumo é envolver as crianças nas decisões familiares sobre os gastos, colocando os sonhos em primeiro lugar. Temos de mostrar que é preciso ter objetivos, fazer escolhas e que nada é mágico, porém, tudo é possível, desde que o dinheiro seja usado com foco e sabedoria. Dessa forma, habituamos as crianças que os acordos não significam negação, mas sim negociação. Eles vão perceber que é possível ter, porém, nem sempre no momento que se quer. Essa prática também ajuda a aliviar o sentimento de culpa de muitos pais porque, nesse exercício, eles também aprendem a se reeducar financeiramente e deixam de ver o dinheiro – ou o poder de comprar – como uma válvula de escape para suprir lacunas em outros aspectos da vida.
Uma criança que não é educada financeiramente trará grandes problemas de descontrole para os pais, por querer tudo que vê e fazer birra. A exposição das crianças às ações publicitárias faz com que elas se tornem consumistas cada vez mais cedo. Hoje a criança é elevada ao status de consumidora sem estar preparada. E a publicidade utiliza de propagandas apelativas, que causam desejos imediatos nas crianças de querer o produto, e isso não significa necessariamente que essa criança é excessivamente consumista, pois o desejo será rapidamente esquecido. Uma situação que indica uma criança excessivamente consumista é quando ela gasta todo o dinheiro da mesada e logo pede mais dinheiro para seus pais.
Os pais são referências para os filhos. Cada família deve ter seus valores, mas mesmo assim é essencial ter cuidado em relação ao dinheiro. Se a criança vê os pais comprando sem parar, vão tender a seguir esse exemplo e acabar ficando dessa forma. Assim, é fundamental ter muito cuidado com o exemplo que os familiares passam, e desde cedo demonstrar que a felicidade não está associada ao consumismo desenfreado e sim na atitude de atingir seus objetivos. No caso do exemplo externo, a família também terá um papel de grande relevância, que é o de estabelecer os limites para esta atitude. Os pais podem reforçar ou não a atitude consumista dos filhos e se o comportamento da criança não mudar nesse primeiro momento é muito provável que ela se torne um adulto sem limite nos seus gastos.
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