Publicado em 18/04/2023, às 14h00 - Atualizado em 20/04/2023, às 11h47 por Redação Pais&Filhos
O Brasil já registrou 173 mortes por dengue neste ano, isto significa, uma média de dois óbitos por dia, conforme o Ministério da Saúde. Se isso já é de se preocupar, saiba que ainda tem mais óbitos em investigação no país. Os dados foram divulgados no dia 6 de abril e mostram mais de 592.453 casos de dengue em análise em todos os estados.
No ano passado, foram 209,9 mil possíveis casos de dengue, mas, neste ano, o número foram para 301,8 mil, em um mesmo intervalo de tempo. Com essa crescente, o Ministério da Saúde fez um Centro de Operações de Emergências de Arborivoses, para elaborar estratégias para o controle e redução dos casos graves e óbitos. Acontece que o aumento no país foi de 43,8% até março de 2023, em relação aos casos de 2022. Já, os casos de Chikungunya cresceram em 97%.
Sendo 141,5 casos a cada 100 mil habitantes e de 5.570 municípios do Brasil, 4.230 já positivaram para dengue. A região com as maiores incidências de casos da doença e é no Centro-Oeste, com 254,3 casos a cada 100 mil habitantes, seguido pela região Sudeste, com 214,7 casos a cada 100 mil habitantes. Já, o estado com mais incidência é o Espirito Santo, com uma taxa de 1.568 casos a cada 100 mil habitantes. Esse estado teve 1.742 casos nos primeiros três meses de 2022 e neste ano, foram 64.422 casos. No entanto, o maior aumento aconteceu em Minas Gerais, onde o estado começou esse ano com 170.164 casos, enquanto ano passado, foram 23.256 casos.
Mesmo que o Ministério da Saúde mostre uma alta nos casos, em São Paulo, a Secretaria da Saúde diz que a doença está incidindo menos, de 98.080 para 131.807. “São Paulo registra neste ano redução de 23,8% nos casos de dengue e 32% nos óbitos em todo o Estado, em comparação com o do ano passado”, segundo nota.
A dengue é uma doença infecciosa febril aguda, que é transmitida pela picada do mosquito Aedes Aegypti, responsável por disseminar a febre amarela. A doença pode aparecer de forma benigna ou grave, dependendo de inúmeros fatores, desde uma infecção anterior pelo vírus, até fatores individuais como boa saúde ou doenças crônicas como diabetes e asma.
A doença pode ser evitada de algumas formas, como:
Informações do Ministério da Saúde.
No dia 2 de março foi a provada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) uma nova vacina contra a dengue, a segunda registrada no Brasil. O imunizante tem como diferencial a abrangência mais ampla ao público – pessoas de 4 a 60 anos de idade poderão tomá-lo – e o fato de ser ministrada em duas doses.
A vacinaque se chama Qdenga, produto desenvolvido pela Companhia Farmacêutica Takeda, será aplicada em duas doses com intervalo de três meses e tem eficácia geral de 80,2%. Nos estudos, que incluíram mais de 28 mil crianças e adultos, foi possível verificar uma eficácia em mais de 90,4% das hospitalizações 18 meses depois.
Esse é o segundo imunizante que combate a dengue aprovado no Brasil. Antes, em 2015, a Sanofi chegou com uma vacina, ministrada em três doses, mas apenas quem já teve a doença poderia tomar, e o público era mais restrito: a faixa etária ia de 9 a 45 anos.
Apesar de parecer mais promissora, é natural que as famílias tenham dúvidas sobre como a Qdenga pode beneficiar adultos e crianças contra a doença. Pensando nisso, a Pais&Filhos conversou com a Dra. Vivian Lee, diretora médica da Companhia Farmacêutica Takeda Brasil, que atua diretamente com o imunizante para esclarecer tudo o que você precisa saber sobre a nova vacina da dengue.
De acordo com a Dra. Vivian, a vacina foi feita com vírus vivo enfraquecido. “A nossa vacina é toda formada pelo vírus da dengue. Ela é composta de versões atenuadas (vírus vivos enfraquecidos) dos quatro diferentes sorotipos do vírus causador da doença”.
A médica explica que a vacina expõe o organismo aos 4 sorotipos de vírus e induz uma resposta imunológica muito ampla. “O organismo produz anticorpos e imunidade por células, que vai resultar na redução no número de casos sintomáticos e principalmente a redução de hospitalizações”, pontua.
Tanto pessoas que já tiveram a doença, quanto quem não teve podem tomar a vacina – desde que estejam dentro da faixa etária estabelecida (4 a 60 anos).
Não há necessidade de se fazer nenhum exame ou teste sanguíneo prévio a tomada da vacina, além de que, segundo a profissional da saúde, a doençapode deter qualquer pessoa, independente da idade, sexo ou da condição socioeconômica.
Segundo Vivian, não há um diferencial de ação entre os dois grupos, uma vez que a vacina foi testa primeiro em crianças e depois passou a ser investigada em adultos. “Primeiramente, o estudo foi realizado em mais de 20 mil crianças e adolescentesde 4 a 16 anos. Em paralelo, se avaliou também se a vacina gera imunidade em adultos. Então, os estudos demonstraram de 1 ano e meio a 60 anos que a eficácia é similar”.
Tanto crianças, quanto adultos tem sintomas e eficácias iguais (Foto: Pexels)
Assim como muitas vacinas, a da dengue pode causar alguns efeitos colaterais. Dor no local da injeção, vermelhidão, mal estar, fraqueza, febre, infecções de vias aéreas superiores, diminuição do apetite, irritabilidade, dor de cabeça, sonolência e dor no corpo, são sintomas comuns (contraindicados na bula) causados após tomar o imunizante. Os efeitos podem ocorrer em adultos e crianças.
Vivian, que também é pediatra, afirma que no estudo principal, conhecido como TIDES (Estudo de Eficácia da Imunização Tretavalente com a Dengue), foram envolvidas mais de 20 mil crianças e adolescentes de 4 a 16 anos, o que demonstrou uma maior eficácia nessa faixa etária.
“Na faixa etária abaixo de 4 anos foram feitos estudos menores e não foi notada uma eficácia tão comprovada como foi a de 4 a 60 anos de idade”, completa ao explicar o motivo pelo qual a vacina não foi indicada para bebês e crianças abaixo de 4 anos.
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