Publicado em 26/03/2020, às 13h55 - Atualizado em 30/03/2020, às 08h34 por Jennifer Detlinger, Editora-chefe | Filha de Lucila e Paulo
Um grupo de cientistas sequenciou o genoma do coronavírus em pacientes de cinco regiões do país, incluindo Sudeste, Sul e Centro-Oeste, e chegaram à conclusão que o vírus que temos por aqui sofreu mutações.
Isso significa que ele pode estar no Brasil há mais tempo do que pensávamos e que está acontecendo a transmissão comunitária — ou seja, quando as equipes de vigilância não conseguem mais mapear a cadeia de infecção, sem saber quem foi o primeiro paciente responsável pela contaminação dos demais.
Além disso, os pesquisadores descobriram que o vírus que chegou ao Brasil veio, principalmente, da Europa, e identificaram um agrupamento que mostra a transmissão comunitária no país. “Por isso, o isolamento social é uma medida muito importante”, reforça a pesquisadora Ana Tereza Vasconcelos, coordenadora do Laboratório de Bioinformática do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis, em entrevista à Globo News.
Chamado de vigilância genética viral, esse trabalho é fundamental para saber como e o quanto a Covid-19 tem se espalhado no Brasil. E os resultados mostram que o vírus se propagou a ponto de se diferenciarem do coronavírus de origem, segundo O Globo. “Nosso trabalho reforça a importância do isolamento social e da testagem para conter a transmissão da Covid-19 no Brasil. São as armas que temos agora. Não teremos vacina ou remédios prontos a tempo de salvar as vítimas dessa pandemia”, explica um dos coordenadores do estudo, Renato Santana, do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução da UFMG, em entrevista ao O Globo.
Mutação do vírus
O trabalho dos cientistas é, principalmente, procurar e identificar possíveis mutações que podem ter relação à gravidade e à facilidade de transmissão. Para isso, eles examinaram 19 pacientes – de hospitais de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Rio Grande do Sul e São Paulo – e, desse número, apenas dois deles tinham vírus de origem asiática, o restante eram todos vindos da Europa.
A iniciativa teve a parceria de pesquisadores do grupo de Ester Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (CADDE/USP), e da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Eles são do mesmo grupo que sequenciou, também em tempo recorde, o genoma do vírus que infectou o primeiro paciente no Brasil.
Uma das autoras do trabalho, Ana Tereza Vasconcelos, diz que há entre eles um “cluster”, um agregado de marcas no genoma que indicam que o vírus original sofreu alterações depois de chegar no Brasil. Segundo a pesquisadora, isso só acontece quando o causador da doença, ou seja, o coronavírus, está há um tempo e na quantidade suficiente para que as alterações possam ocorrer e serem tão visíveis.
O que o estudo muda para o Brasil?
Sendo um vírus de RNA, o material genético é simples e altamente sujeito à mutações. “Temos que entender que quando um vírus causa epidemia em uma população, vai passando de um para o outro. Isso está relacionado com um acúmulo de mutações. É normal que essas mutações ocorram enquanto esse vírus se dissemina”, explica João Prats, infectologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, filho de João e Ana Lúcia.
Para o especialista, o estudo tem algumas importâncias para entender como o coronavírus se comporta no Brasil. “Talvez, encontrando essas sequências diferentes, a gente possa tirar algum dado clínico. Por exemplo, se uma mutação A ou B está associada com mais ou menos mortes, mais idosos ou crianças, ou algo que afeta o sistema imunológico“, diz.
“Como tem muitas mutações, isso sugere que o vírus já infectou muitas pessoas no Brasil. Já sabemos que, quando começam as primeiras mortes, já existem muitas pessoas infectadas. Mas não é nada inesperada essa informação de que o vírus já circula há algum tempo no país”, explica o especialista.
O estudo também sugere que é preciso melhorar isolamento social no Brasil. “Se estamos entendendo que o vírus está circulando muito e com facilidade, é uma indicação de as medidas de isolamento social são realmente importantes nesse momento”, defende o infectologista.
Força-tarefa
O resultado desse estudo é fruto de uma força-tarefa de pesquisadores que trabalharam 48 horas sem parar no último fim de semana. Segundo o O Globo, o novo sequenciamento só foi possível em tão pouco tempo porque teve ainda o trabalho voluntário de alunos de pós-graduação de laboratórios que sofreram cortes recentes de bolsas da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), vinculada ao Ministério da Educação.
Pensando no futuro
O grupo vai continuar a sequenciar e analisar genomas de coronavírus de pacientes de todo o Brasil e pretende aumentar a rede de colaborações. “Vamos acompanhar a dispersão da Covid-19 e usar inteligência artificial para identificar padrões que possam estar ligados a mudanças importantes, que aumentem a agressividade dele, por exemplo”, explica Ana Tereza.
Os cientistas também começarão a analisar amostras de Sars-CoV-2 extraídas do sangue de pacientes em estado grave para investigar se há no material genético desses vírus algum indicador que possa ser associado à severidade da doença. Até então, nenhuma pesquisa revelou que o novo coronavírus sofreu alguma mutação que o tornasse mais letal. Esse é um trabalho com importância na prevenção, na contenção e no desenvolvimento de testes, vacinas e terapias.
“É como se tivesse um tipo específico de coronavírus do Brasil, que deve ter vindo do vírus europeu e foi sofrendo várias mutações aqui dentro do país. Ainda está sendo estudado se esse vírus mata mais ou causa sintomas diferentes. Esse ainda é o primeiro passo para um estudo que dê mais informações do vírus que está no Brasil e se ele tem alguma diferença ou característica específica. Com a evolução do estudo, dá para supor a origem do vírus, e isso pode ser útil para desenvolver vacinas, por exemplo”, explica João.
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