Publicado em 29/06/2020, às 06h33 por Cinthia Jardim
Daniela Ferreira, mãe de Antonella e doutora pelo Instituto Butantan, está otimista nos estudos da vacina de coronavírus. Atualmente, ela coordena um dos centros de pesquisas pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, o primeiro local a conseguir desenvolver os testes e que está na terceira fase.
O sonho de ser cientista a acompanha desde criança: “Eu me lembro de ser fascinada por coisas muito pequenas, daquelas que é preciso olhar microscopicamente”, lembrou. Ao lembrar do pai, que era mecânico, Daniela ficou emocionada: “Meu pai veio de uma família muito humilde. Ele parou de estudar aos 14 anos porque o pai dele morreu. Eu lembro que desde de quando eu era criança ele falava para mim: ‘a única coisa que eu vou te como herança vai ser a educação”.
Ao falar sobre a família, Daniela contou que teve muito apoio do marido para que pudesse seguir em frente com os estudos: “Quando tudo isso aconteceu (a pandemia) era só o meu marido, minha filha e eu. Então, ele ficou com a nossa filha, parou de trabalhar, e ele só me provou o que eu já sabia, que ele era um super parceiro”.
Até o momento, os 800 voluntários estão passando pela fase de monitoramento de resultados da vacina. A brasileira contou ainda que o processo de produção é demorado e as vezes pode durar mais de uma década, mas com a colaboração de diversos estudiosos ao redor do mundo, o movimento tem sido “extraordinário”. “Foi um processo bem rápido, mas nenhuma etapa foi pulada”, explicou.
Neste momento, na fase três de testes, Daniela disse que geralmente é possível ocorrer a fase quatro antes dela ser liberada à população. Mas em casos de pandemias, o processo pode ser diferente: “Durante uma pandemia, quando você não tem nenhuma outra vacina e realmente precisa de uma, é possível começar a usar vacina só com os dados da fase 3. É possível licenciar uma vacina para o ‘uso em emergência’, que pode ser aplicada, por exemplo em médicos e enfermeiras, pessoas que estão com maior risco de exposição ao vírus, mesmo antes dessa vacina passar pela fase 4″.
Sobre a expectativa de ser lançada ainda este ano, Daniela se mostrou confiante: “Eu acho que todos os olhos estão voltados para essas indústrias. Não tem escapatória. Já tem muita coisa positiva acontecendo e as coisas estão andando para o rumo certo, para que isso seja uma vacina acessível de maneira mais igualitária e ao mundo inteiro”, explicou. “Como cientista, eu acredito que será possível termos pelo menos uma, ou mais de uma vacina até o final do ano”, concluiu.
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