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Será que as peças de roupas são seguras para as crianças?

Imagem Será que as peças de roupas são seguras para as crianças?

Publicado em 23/06/2015, às 10h23 - Atualizado em 15/10/2020, às 11h49 por Redação Pais&Filhos


Quando vamos comprar roupas para as crianças, normalmente pensamos em três critérios básicos: se vai servir, se vai ficar confortável para brincar e se a roupa é bonita. Mas, de acordo com a ONG Criança Segura – Safe Kids Brasil, todos os dias acontecem casos de crianças que sofrem acidentes por causa de botões soltos ou cordões que ficam presos em brinquedos. Gira-gira, escorregador, balanço… Todo o parquinho fica perigoso se alguma coisa enrosca enquanto nossos filhos estão brincando. Principalmente até os 5 anos de idade, as crianças passam por uma fase de experimentação, em que colocam as coisas na boca, puxam, esticam e testam tudo o que conseguem pegar. Com as roupas não é diferente.

Gabriela Guida de Freitas, coordenadora nacional da ONG Criança Segura, conta que no Brasil não existem dados exatos quando falamos de acidentes com roupas, mas os números mostram que mais de 500 crianças foram hospitalizadas em 2014 vítimas de acidentes em parquinhos, e que a asfixia é a principal causa de morte entre bebês de até 1 ano de idade.

Para tentar colocar um fim a incidentes desse tipo, foi publicada pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) uma nova norma referente à Segurança de Roupas Infantis, que vai orientar as lojas e fabricantes de vestuário infantil sobre como as peças devem ser produzidas, diminuindo o risco de acidentes com cordões, cintos, zíperes, aplicações e botões, de acordo com a idade e as atividades que as crianças fazem no dia a dia. Por ainda ser uma norma, os fabricantes podem se adequar apenas se quiserem. Mas a nova publicação pode se tornar lei no período de seis meses a um ano. Aí, sim, as confecções terão que ser fiscalizadas.

Por dentro dos testes

A União Europeia e os Estados Unidos já obedecem normas de segurança e algumas fabricantes brasileiras que possuem sede na Europa seguem o mesmo padrão. É o caso da marca holandesa C&A, que hoje tem mais de 1.200 lojas pelo Brasil e tem tentado se adequar desde 2008. O manual de segurança mecânica da marca proíbe o uso de glitter, ímãs, LEDs e tecidos que imitam peles de animais nas peças para nossos filhos. Borracha natural e látex também não são permitidos quando ficam em contato direto com a pele das crianças.

Todos os fornecedores da marca sabem da norma e recebem um manual que padroniza desde o número de costuras dos botões até o comprimento dos cordões que podem aparecer nas roupas. Outra questão importante: nenhum acessório que é aplicado pode ter cheiro ou formato de frutas e doces, porque chamam a atenção das crianças e lembram coisas de comer, ou seja, podem ir direto para a boca.

A C&A também tem um centro de distribuição em Alphaville, São Paulo, onde todas as amostras de peças passam por uma inspeção tanto manual quanto mecânica. Primeiro, as amostras são analisadas uma a uma por técnicos que determinam o que pode ou não apresentar algum perigo para as crianças. Nessa hora, vale uma observação cuidadosa das peças.

Algumas amostras são vetadas logo nessa primeira análise e um formulário eletrônico é enviado aos fornecedores para que eles achem alternativas e refaçam as amostras. Depois, as roupas passam por testes mecânicos. Por exemplo, os botões precisam resistir a uma força maior do que 7 quilos para serem aprovados. A máquina que testa os botões puxa com uma força crescente até que eles se arrebentem de vez. Depois, essa força é anotada, se ultrapassar os sete quilos, os botões estão liberados para serem usados.

Os cordões não podem ter mais do que 7 centímetros de comprimento, e as aplicações de glitter ou de plástico devem ser revestidas com um tecido de algodão para não entrar em contato com a pele das crianças. Até mesmo as lantejoulas têm um número certo de costuras: pelo menos quatro pontos de linha devem ser dados em cada uma para que não solte enquanto as crianças brincam.

É preciso ter um olho clínico para ver cada um desses detalhes. As roupas passam também por lavagens, secagens e testes químicos em um laboratório próprio. O controle de qualidade vai até as lojas espalhadas pelo Brasil para ver as peças que estão sendo vendidas. Se encontram alguma roupa fora do padrão, elas são recolhidas na hora e o relatório é passado para os fornecedores.

Os consumidores brasileiros gostam de bastante brilho e muitos detalhes nas roupas das crianças, diferente do público europeu, por exemplo, que se preocupa mais com o conforto e a simplicidade.
Aí está o grande desafio das marcas: manter esses detalhes que nos atraem sem deixar a segurança de lado.

Márcio Delbin, gerente-geral do Setor Infantil da Riachuelo e pai de Felipe e Daniel, diz que o mais importante é que o produto já seja fabricado da maneira certa e que haja um rígido controle de qualidade para garantir que as novas normas sejam cumpridas, por isso é necessário acompanhar todo o processo de produção.

Para se adequar melhor

Como por enquanto a nova norma não tem força de lei, as marcas podem se adequar no tempo que acharem necessário. A ONG Criança Segura, que fez parte do processo de elaboração dessa norma, alerta principalmente os pais e as mães para ficarem de olho e testarem na loja se os botões estão bem presos, se os cordões são costurados nas roupas e se os zíperes e aplicações não fazem contato com a pele dos nossos filhos. Mais do que a beleza da roupa, é importante se preocupar com o conforto e a segurança das crianças.

As marcas e fabricantes também participam das reuniões com a ABNT para estabelecerem entre si como podem deixar todas as peças prontas para usar. A Riachuelo, por exemplo, dividiu o processo de aplicação das novas normas em três etapas: primeiro, adequação à extensa tabela de medidas, que vem acontecendo desde 2009. Segundo, segurança com zíperes, botões e outras aplicações, que precisam de uma atenção especial. Terceiro, atenção aos produtos que podem causar danos químicos, como a porcentagem de enxofre nas tintas dos tecidos.

Tudo isso para que as roupas sejam seguras e para que nós possamos ter mais opções no mercado, sem pagar mais caro por isso. Claro, para que a norma seja eficiente será necessário que a ABNT fiscalize o cumprimento das determinações, mas isso só poderá acontecer a partir do momento em que houver uma lei sobre o assunto.

“Tenho um filho de 4 anos e outro de 1 ano e meio. Como pai e como profissional da indústria têxtil, sei da importância que os cuidados com a confecção de roupas infantis têm. A criança corre risco, por exemplo, de colocar peças pequenas na boca ou ainda risco de sofrer com alergias”, diz Márcio Delbin. Outra varejista que também tem um departamento de roupas infantis, as lojas Marisa, já está em processo de implantação das normas, dando treinamento para a equipe que compra as peças infantis com os fornecedores. Lembrando que muitas dessas marcas fazem parcerias para lançar coleções e as roupas desses lançamentos especiais também devem ser verificadas.


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