Publicado em 22/11/2012, às 22h00 - Atualizado em 28/01/2021, às 08h59 por Redação Pais&Filhos
“O Noah apresentou um pouco de inchaço abdominal, então eu e meu marido levamos ele ao pediatra para saber o que era. Ele concluiu que provavelmente era uma doença comum em crianças e que melhoraria sozinha. Mas passado duas semanas não tivemos melhoras, então o médico nos pediu para que fizéssemos exames de sangue nele. No mesmo dia, o pediatra dele entrou em contato com a equipe de oncologistas do Hospital Nossa Senhora das Graças e tivemos de interná-lo imediatamente. Após dois dias saiu o exame confirmando que o Noah tinha leucemia mieloide aguda”.
Camila Brito, mãe de Noah, narra como descobriu que seu filho, na época completando dez meses, tinha leucemia. Hoje, Noah está com um ano e cinco meses e passa por um tratamento com profissionais do Instituto Pasquini e do Hospital Nossa Senhora das Graças. A mãe de primeira viagem criou um blog para registrar diariamente a rotina dela e de seu marido, Caio, com o filho.
Para a mãe, a maior dificuldade para concluir o diagnóstico para os pais foi a ausência de outros sintomas, como o bebê apresentava apenas o inchaço abdominal, os pais acreditavam que era algo pontual, na barriga. “Quando o médico nos disse que o inchaço era no fígado e no baço ficamos um pouco mais preocupados, mas não desconfiamos de câncer ou coisa parecida. Essa ideia só passou pela nossa cabeça após saber o nível de leucócitos no sangue dele”, conta.
Segundo a chefe do serviço de hematologia do Hemorio, Dra. Claudia Máximo, mãe de Luiza, Daniel e Joana, os tipos de câncer mais frequentes em crianças são as leucemias agudas (30%), os tumores de sistema nervoso central (20%) e os linfomas (12%). Claudia afirma que atualmente não existem marcadores celulares que possam identificar se a criança tem maior ou menor chance de ter câncer. Por isso, é preciso ficar atento a alguns sintomas como:
Em todos os casos, o pediatra é o médico que deve ser procurado sempre que a criança apresentar sinais e sintomas persistentes e sem explicações. “Os sintomas são diferentes para cada tipo de câncer, mas podemos citar febre, sangramentos, manchas roxas, dor de cabeça, aumento do volume abdominal, aparecimento de nódulos e massa abdominal palpável”, ressalta.
É importante saber que a maioria dos casos de câncer infantil não tem qualquer relação com hereditariedade, ou seja, surgem em decorrência das mutações que ocorrem após o nascimento.
A hematologista ressalta que, como as causas do câncer infantil não estão completamente estabelecidas, as recomendações para prevenir a doença estão relacionadas a uma boa qualidade de vida, como uma boa alimentação, prática de atividades físicas e um ambiente familiar harmônico. Além disso, o uso de etanol por gestantes pode ser um fator de risco para o câncer infantil. Para os casos de leucemias agudas, a exposição crônica a benzeno, radiações ionizantes e quimioterapia prévia são fatores de risco já estabelecidos.
Segundo a hematologista, as neoplasias mais comuns na infância são muito agressivas, registrando uma taxa de duplicação das células malignas bastante elevada. Por isso, é importante que o paciente seja tratado precocemente.
Em busca de uma identificação rápida da doença, o Instituto Desiderata – criado em 2003 junto com a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, mantem o Programa ‘Unidos pela Cura’, que tem como uma das principais missões capacitar profissionais de saúde do SUS, principalmente pediatras, para identificar precocemente a doença.
“A maioria dos cânceres infantis apresentam sintomas parecidos. Por isso, quanto mais cedo houver o diagnóstico, mais eficaz será o tratamento da doença, aumentando as possibilidades de cura para 80%”, recomenda Dr. Fernando Werneck, chefe do setor de oncohematologia pediátrica no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, pai de Felipe, Juliana, Pedro Antonio e Bárbara.
A TUCCA – Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer, fundada em 1998 em parceria com o Hospital Santa Marcelina, em São Paulo, também oferece tratamento gratuito a crianças e adolescentes com câncer. A associação busca 100% da cura da doença, para isso é financiada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) através do Hospital Santa Marcelina. A associação oferece um tratamento multidisciplinar aos pacientes, preocupando-se com o desenvolvimento social e cultural da criança atendida, além de estender os cuidados aos familiares, com hospedagens, aulas de culinária e oficinas.
A mãe de Noah conta que, no Hospital Nossa Senhora das Graças, além do cuidado natural com paciente e família, a criança recebe um acompanhamento nutricional, psicológico e fisioterápico, garantindo todo o suporte necessário para a criança e familiares.
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