Criança

Ninguém nasce preconceituoso: de onde vem as atitudes revoltantes que enchem as redes sociais?

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Publicado em 22/10/2019, às 15h56 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h33 por Jennifer Detlinger, Editora-chefe | Filha de Lucila e Paulo


(Foto: iStock)

O que você já deve saber é que durante um passeio de férias na Disney, o cantor MC Gui, de 21 anos, mostra turistas dentro de um trem. Em um momento, ele diz: “nossa, até parece um pesadelo”. E foca em uma garotinha sentada no fundo do vagão. “Mano, olha isso“, completa ele, dando zoom no rosto da menina, que percebe o ato e desvia o olhar, visivelmente constrangida. Enquanto isso, o cantor e os amigos dão risadas e zombam da garota. 

O vídeo é revoltante e qualquer atitude que possa prejudicar uma criança vira uma causa da Pais&Filhos para trazer informações profundas sobre assuntos que precisam ser mais discutidos na sociedade. O caso logo invadiu as redes sociais e virou manchete nos portais de notícia. MC Gui foi acusado de praticar bullying e ridicularizar a menina, chamada Jully. Enquanto isso, fotos e prints do vídeo enchiam o feed do Instagram, Facebook e Twitter. Teve quem reclamasse, inclusive para nós, da Pais&Filhos, sobre a exposição da menina nas redes sociais. 

E foi a partir desse questionamento que surgiu esta pauta. Por que tudo que foge de um certo padrão gera estranhamento? Causa risadas? Motiva a gravação de um vídeo? Provoca rejeição? Com a chegada do século XXI, fala-se muito sobre esses comportamentos que começaram a ser repensados, sobre a inclusão de tudo que fugiria desse padrão. Mas será que essa mudança realmente aconteceu? Estamos mesmo criando nossos filhos em um mundo mais inclusivo, em que o “diferente” não causa estranhamento? “O fato é que não existe mais um padrão. Uma em cada 59 crianças estão no espectro autista atualmente, por exemplo. No futuro, o que a gente chamava de desenvolvimento típico quase não vai mais existir”, explica Mayra Gaiato, psicóloga e neurocientista, especialista em autismo. 

Diversos estudos mostram que o preconceito é uma construção humana. Ninguém nasce preconceituoso, as crianças podem se tornar adultos preconceituosos se viverem em ambientes cheios de preconceito e estranhamentos e nada for feito para contornar isso. “Vivemos em verdadeiras bolhas, separando as crianças de acordo com os padrões sociais ou econômicos. Os pais precisam entender que ao colocarem os filhos nessas bolhas, fica mais difícil de trabalhar a empatia com o que é considerado ‘fora do padrão’. Os grandes líderes do futuro serão aqueles que sabem lidar diferentes abordagens, e não só com quem tem sua mesma classe social”, define a especialista. 

As crianças são espelhos

Um estudo realizado pelos pesquisadores das Universidades de Nova York (NYU) e Amsterdam, mostra que crianças de 5 e 6 anos se inspiram nos adultos para formar tanto a personalidade e traços psicológicos quanto a maneira de agir de acordo com o ambiente em que estão inseridas. Essa pesquisa contradiz a ideia de que as pessoas já nascem ou criam algum tipo de preconceito cedo, na infância, achando que o mundo é dividido em caixinhas. 

“33% da aprendizagem das crianças se dá por neurônios espelhos, um grupo que faz igual ao outro”, explica Mayra. Isso significa que um terço da aprendizagem e formação cerebral do seu filho vai ser construída a partir dos comportamentos que ele enxerga e do ambiente em que está inserido. 

“O que você fala não faz tanto efeito quanto o que você mostra. Por mais que os pais façam um discurso imenso, a criança vai criando uma rede de neurônios complexa por imitação. É essencial tomar muito cuidado com o tipo de exemplo que os pais dão aos filhos. Às vezes, quando a gente pensa que está educando ao falar ‘olha, filho, como isso é feio, não faça isso’, na verdade estamos julgando”, explica a especialista.  

Dizer que não somos preconceituosos ou que temos dó da garotinha do vídeo não basta para que o seu filho também não seja preconceituoso ou que respeite a menina. É preciso mais do que palavras, textões nas redes sociais ou sermões. “O principal é que as pessoas entendam, respeitem e parem de julgar o outro em qualquer esfera. Estamos criando uma massa que tem tanto medo de ser criticada e julgada, que acaba julgando o que é considerado fora do padrão. A melhor forma para educar as crianças e criar sinapses é fazê-las se colocar no lugar do outro. Só construímos a capacidade de empatia se realmente vivenciamos aquilo”, define Mayra.

Apesar de tristes, casos como esse servem para colocar o assunto em pauta e fazer com que os modelos e padrões da sociedade sejam repensados. É preciso que tenhamos atitudes mais respeitosas com o outro. Como primeiro passo, é essencial ensinar que as diferenças não são defeitos, mas podem significar complementariedade. Passar a ideia de que a melhor maneira de derrubar nossos preconceitos é a convivência e vivência.

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