Publicado em 12/09/2021, às 09h55 por Thiago Queiroz
Muitas pessoas imaginam que uma relação entre pais e filhos está posta como dada, e que nada precisa ser feito para manter essa relação, ou melhorá-la. Acontece que qualquer relação entre seres humanos é fundamentada no vínculo criado entre essas pessoas, e que todo vínculo requer trabalho.
Mas como assim, trabalho? Quando falamos em trabalho, logo vem à imaginação uma pessoa arrumada, pegando uma maleta e saindo para trabalhar em algum escritório. Essa imagem não é tão precisa assim, porque ela aponta apenas os preparativos para o trabalho, e não o trabalho em si. Quando falamos de trabalho, falamos de dedicação e presença. É o que se espera, normalmente, de quem está trabalhando: que esteja presente e que se dedique. Por isso que a palavra trabalho deveria ser empregada também quando estamos falando de criar filhos e construir vínculos.
Ninguém constrói uma relação segura, um vínculo forte com seus filhos sem estar disponível física e emocionalmente. A disponibilidade física é mais fácil de entender, porque é bem direta: você precisa estar ali fisicamente com o seu filho. Já a disponibilidade emocional é mais difícil de entender (e de colocar em prática), mas posso dar um exemplo que facilita a compreensão. Imagine que você está em casa, com o seu filho. Ele está brincando perto de você, e você está com o seu celular, postando algo em suas redes sociais. Seu filho repetidamente pede sua atenção, pede para brincar junto, ou para ver a torre de blocos de madeira que ele construiu, mas a sua resposta é sempre de ausência:
– Papai está ocupado agora.
– A mamãe está terminando uma coisa aqui.
Nesse caso, você está disponível fisicamente, mas não emocionalmente. E as crianças percebem muito bem essa diferença. Momentos assim, em que não estamos presentes para acolher os nossos filhos em seus sentimentos difíceis, para cuidar deles ou simplesmente para brincar com eles são momentos importantíssimos que estamos perdendo na construção (ou fortalecimento) de vínculos.
Se você acha que consegue enganar seu filho, brincando com ele enquanto olha o celular, lamento dizer que a única pessoa sendo enganada nessa situação é você, porque os nossos filhos sabem quando estamos presentes de verdade. Mas por que falar sobre tudo isso? Porque é justamente essa presença que fará com que o vínculo entre pais e filhos seja forte, seguro, afetivo. É quando demonstramos, com determinada consistência ao longo dos dias, semanas, meses e anos, que eles podem contar conosco. Estar presente além da presença é o que nos define enquanto pais e mães.
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