Publicado em 12/08/2020, às 09h27 por Mel Albuquerque
Foi ao som do clássico infantil The wheels on the bus que hoje vi um bebê totalmente diferente daquele que passa o dia comigo, em casa, escalando para o segundo andar, comendo os pés das cadeiras, tentando entrar no quarto do LEGO, lambendo os sapatos na entrada da casa e que se nega a usar brinquedos de bebê da sua idade.
Hoje fomos à primeira roda de bebês com meu caçulinha, o Leonardo, de dez meses, e ele a-do-rou. Chegamos atrasados, mas isso não ofuscou o brilho nos olhinhos dele. Ele ficou milagrosamente parado no meu colo, observando o senhor cantar e falar, e morreu de rir quando eu o ajudava a bater palmas. Era a primeira vez que íamos a uma atividade direcionada para ele. E isso me fez sentir muito feliz e também muito mal, por tantos momentos lindos que ele poderia ter tido, mas não foi possível.
Aqui na Inglaterra, a cultura dos clubes de bebê é muito forte. A maioria dos grupos tem participação gratuita ou a um preço simbólico. O de hoje custou 3 libras. Eles acontecem na biblioteca, na igreja, no parque ou no centro comunitário, por exemplo, que é onde vamos também para pesar o bebê para o acompanhamento mês a mês.
Mas não temos tido nem o acompanhamento do crescimento, nem as rodas de atividade. Desde o lockdown, em meados de março, os bebês quase que voltaram para dentro das mães. O meu bebê, assim como milhares de outros, está em casa, no máximo assistindo ao baby club pela televisão. Aliás, na BBC, um programa com esse título é sucesso por aqui e meu filho ama. Já nós, demais integrantes da família, não aguentamos mais as músicas, que são as únicas capazes de acalmar quando está muito chateado e contrariado.
O Leo estava com cinco meses quando começou o lockdown aqui na Inglaterra. Justamente na fase em que era para ele começar a interagir mais, precisando de mais atividades dirigidas, ele estava em casa, em quarentena. Que peninha.
Lembro como se fosse ontem: eu recém-chegada aqui em Londres, entrando no Starbucks e dando de cara com um grupão de mães e bebês papeando nos sofás que eu queria sentar. Achava lindo o senso de grupo, mas pensava: ufa, já passei dessa fase. Que fase! Haha. Não só estou de volta a fase 1 desse jogo de parentalidade, como estou rezando para voltarem os grupos de mães e bebês, e os cafés regados a leite e choro no Starbucks. E eu lá no meio, me sentindo parte mais uma vez de um novo grupo, de uma nova vida, descobrindo mais um hábito da vida dos ingleses: os baby clubs. Que isso tudo passe logo para todos nós.
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