Publicado em 13/10/2021, às 14h55 por Geovanna Tominaga
O que você queria ser quando crescesse? Esta semana eu li uma frase que dizia “o sonho é o projeto íntimo da realização”. Desde crianças, nós temos sonhos mirabolantes que não realizamos ao longo da vida, justamente porque eles ficam na fase do projeto. Os motivos são diversos, ou porque não damos crédito aos delírios da infância, ou porque não temos coragem de realizá-los. A verdade é que, na maioria das vezes, é porque não temos tempo. Durante a nossa vida, aprendemos a dar prioridades às coisas mais urgentes como ganhar dinheiro, pagar contas, cuidar dos filhos.
A maternidade joga isso na nossa cara o tempo todo. “Você não tem tempo pra você”; “sua prioridade é seu filho”; “vai ser difícil voltar pro mercado de trabalho”; e etc… Acabamos desistindo de nós… E dos nossos sonhos. O tempo passa e parece que tudo fica mais difícil: sair com as amigas, viajar à sós com o maridão, fazer aquele curso incrível, 10 muitos de exercícios físicos diários, emagrecer… O que fazer então? Esperar ansiosas pelos 18 anos da criança pra podermos olhar de nós? A minha resposta é não.
Resgatar o autocuidado é essencial principalmente depois da maternidade. A filosofia budista diz que tudo é impermanente. Meu filho é minha prioridade máxima, mas venho buscando um tempinho pra viver a vida sem deixar de fazer o que me faz bem. Sair pra correr ao ar livre, dançar ouvindo uma música gostosa, ler um bom livro, fazer uma rotina da skincare em casa mesmo. Essas pequenas coisas fazem uma grande diferença na forma de encarar o dia a dia. Deixar os nossos desejos de lado é tão perigoso quanto não encontrar sentido na vida. De repente, nem sabemos mais do que realmente gostamos de fazer. Não sabemos mais das nossas vontades… E assim, qualquer coisa tá bom. Ou nada tá bom. Ou pior, tanto faz…
Olhar para os nossos sonhos de infância é um caminho. Quando criança, eu sonhava em ser uma bailarina profissional, cantora, escritora, professora… Minha mãe me perguntava o que eu queria ser e eu dizia “artista”. Pra mim, essa categoria englobava tudo que estava relacionado às artes. Pra que me limitar, eu pensava. Hoje, aos 41 anos, iniciei uma segunda graduação em Psicopedagogia, estou escrevendo um livro e retomei minhas aulas de ballet. Eu podia ficar em casa pensando pra quê fazer isso se não serei a primeira bailarina do Teatro Municipal, estou muito velha pra calçar as sapatilhas, isso é coisa pra adolescente. A ideia é resgatar algo que me traz felicidade. E isso reflete diretamente no meu dia, no trato com meu filho e marido. Enquanto estivermos aqui, podemos fazer qualquer coisa que quisermos. Ainda penso em completar uma terceira graduação, conhecer a Escócia, estudar violoncelo e sabe-se lá o que mais que vai me dar vontade. E quero muito ser exemplo de alegria, positividade, proatividade e realização para o meu filho.
Chego ao final do meu texto nesta coluna concluindo que tudo o que fazemos de bom pra nós, pais e mães, estamos fazendo de melhor para os nossos filhos. Então me diz, o que você queria ser quando crescesse?
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