Publicado em 06/04/2021, às 08h50 por Com a Palavra
**Texto por Isis Borge, Diretora do Talenses Group, consultoria especializada em recrutamento
Toda semana sou questionada por homens e mulheres sobre diferentes temas que envolvem carreira e maternidade. Sim, homens também me questionam. Alguns preocupados com contratações e contratadas, outros buscam uma segunda opinião sobre o retorno das próprias esposas ao mercado de trabalho após a licença-maternidade. Em geral, eles querem entender quais são os impactos na carreira da mulher depois do nascimento do bebê. Achei que seria um bom tema para compartilhar a minha experiência pessoal.
Eu tenho três filhos pequenos, um com seis anos, outro com dois, e um recém-nascido. Quando o meu primeiro filho nasceu, eu já ocupava cargo de liderança e só me ausentei do trabalho durante o período de licença-maternidade. Isso não quer dizer que eu não entenda que cada mulher tenha prioridades e necessidades particulares que devem ser respeitadas. Minha intenção é, com base no que eu vivo, tranquilizar profissionais e empregadores que ainda tenham dúvidas sobre a possibilidade de conciliar carreira e maternidade. Para isso, resolvi destacar alguns temas que costumam gerar bastantes dúvidas:
Consegui amamentar os meus dois primeiros filhos por mais de um ano, mesmo mantendo um ritmo frenético de trabalho. Isso foi possível porque, além de ter apoio nas tarefas da casa e no cuidado com as crianças, tinha um desejo forte de amamentar pelo maior tempo possível. Mas entendo que essa é uma questão totalmente particular. Não há nada de errado se a mulher não quiser ou não conseguir amamentar pelas mais diversas razões. A vida, as decisões e as circunstâncias de cada mulher são únicas e exclusivas, não merecendo julgamento.
A indecisão do que é melhor para a criança ronda grande parte dos pais. Afinal, o melhor é deixar na escola, com a babá ou com alguém da família? Em primeiro lugar, acho importante entender que nenhuma decisão precisa ser definitiva, mas é importante que ela aconteça o quanto antes para gerar mais tranquilidade para todos. Quando engravidei do meu primeiro filho, lembro de ir visitar berçários bem próximos ao escritório no qual trabalhava. Minha intenção era conseguir manter a amamentação e ir vê-lo na minha hora de almoço quando fosse possível. Fiz a matrícula. Mas quando ele nasceu, tudo mudou. Na prática, comecei a achar que poderia ser muito desgastante para ele ficar no trânsito comigo todos os dias, enfrentando a chuva, o frio e os perigos de São Paulo.
No terceiro mês da licença-maternidade, segui meus instintos e corri atrás de uma babá. No retorno da licença, quando ele já tinha cinco meses de vida, passei um primeiro mês de muito estresse: com um bebê me esperando em casa, os sessenta minutos diários no trânsito começaram a pesar. Decidi, então, mudar para um apartamento perto do escritório. Quando ele tinha um ano e meio decidi colocá-lo na escola que ficava no mesmo quarteirão do meu prédio: deixava-o lá de manhã, a babá ia buscá-lo à tarde e ficava com ele até o início da noite. Quando ele tinha dois anos, finalmente encontrei uma escola que eu acreditava ser a mais adequada para o desenvolvimento dele. Enfim, decisões muito pessoais e sem certo ou errado.
Quando tive meu segundo filho, que hoje está com dois anos, continuava morando próximo à sede da empresa na qual trabalhava, porém muito empenhada no startup de um novo escritório da companhia, que ficava em outra cidade. De novo, as horas de trânsito entre casa e trabalho, agora somado à ideia de ter duas crianças me esperando em casa, começaram a pesar. Na época, a companhia não podia flexibilizar a minha condição de estar trabalhando longe da sede e do local onde moro. Como mudar novamente de casa não era uma opção e participar mais da vida dos meus filhos é algo importante para mim, eu precisei tomar uma decisão que eu não planejava inicialmente: me abrir para o mercado. Um mês depois aceitei uma proposta de trabalhar a poucos quarteirões da minha residência e foi uma decisão muito acertada e feliz. Quem me conhece sabe o quanto eu amo trabalhar, mas, hoje, mais do que nunca, também valorizo a tranquilidade de estar rapidamente ao lado dos meus filhos em qualquer caso de emergência. Aliás, essa é uma dica profissional básica para qualquer fase da vida: diante de uma oportunidade de trabalho, analise o cenário como um todo, boas oportunidades podem surgir ao longo de nossa carreira e é preciso ter a coragem de tomar a decisão e mudar se o todo fizer sentido.
O cuidado com uma criança demanda ajuda. Não por fraqueza de quem cuida, mas porque realmente é uma tarefa trabalhosa. Inclusive, acho fundamental dar espaço para que a pessoa que divide a responsabilidade da criança com você também participe dos cuidados. Meu marido tem uma rotina tão louca quanto a minha em termos de horários. Além disso, ele viaja bastante a trabalho para fora do País. Mas é extremamente parceiro dando o suporte que eu preciso quando está por perto e participa ativamente das decisões sobre o que é melhor para a nossa família. Infelizmente, não são todas as mães que têm uma rede de apoio sólida, e essa é uma difícil realidade do Brasil. Nesses casos, é preciso buscar a alternativa que melhor se encaixa em cada situação.
Nunca passou pela minha cabeça parar de trabalhar para me dedicar completamente à maternidade porque o trabalho sempre foi um dos combustíveis para o meu bem-estar. Mas respeito muito a decisão de mulheres que, por desejo ou necessidade, fazem uma pausa na carreira para cuidar dos filhos. Minha única sugestão é que avaliem com carinho a possibilidade de retornar ao mercado de trabalho em algum momento da vida porque as crianças crescem e ficam independentes. Tenho amigas que tinham o mesmo ritmo frenético de trabalho que eu e, após a maternidade, se tornaram empreendedoras ou optaram por empregos de meio período. Acredito muito que a felicidade e realização da mãe reflete na vida dos filhos. Isso sem falar na questão financeira: quanto mais recursos entram em casa, mais oportunidades são geradas às crianças. Mas, claro, essa é uma questão totalmente pessoal.
Amo ser mãe e respeito – de verdade – quem opta por não ter filhos. Mas se você deseja construir uma família, não desista disso por causa da carreira. Planeje, faça adaptações e invista no seu sonho. A minha vida ganhou um novo significado no nascimento de cada filho e isso está acontecendo novamente. Com cuidado, carinho e as parcerias certas a rotina se acerta. Não dá para negar que a rotina é cansativa. Mas, como reinvenção é a palavra de ordem de quem deseja viver melhor, acredito que é possível conciliar carreira e maternidade, se esse for o seu desejo. E, como diria Gonzaguinha: “Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”.
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