Publicado em 19/02/2021, às 07h27 - Atualizado às 07h34 por Toda Família Preta Importa
**Texto por Hailanny Souza, CMO da Agência e Produtora Freakout, Head de conteúdo do Influência Negra, criadora de conteúdo digital, fotógrafa, poetisa, escreve sobre vivências de uma mulher preta e fala sobre afetividades
A maioria das famílias brasileiras são oriundas da miscigenação, e com a minha não foi nada diferente. Neta de avô preto e avó branca, nunca me questionei sobre a minha cor ou o que eu pudesse ser, pois era nítido perante a cor dos meus primos. Mas o assunto aqui não é sobre colorismo, ou aprofundamentos sobre identidades étnicos-raciais. Prometo trazer o assunto em outro texto. Hoje, vim falar especificamente de uma figura muito importante na construção da minha identidade e na minha relação com o afeto: meu avô.
Meu avô foi a minha referência paterna. Homem negro retinto, cabelos brancos, o sorriso mais encantador de todos os sorrisos que já vi nesses quase 30 anos de existência. Eu o chamava de Pai, e aqui vou me referir a ele da mesma maneira. Pai sempre demonstrou muito afeto por todos os netos, mas eu me sentia a mais privilegiada. Ele adorava sentar na sua cadeira de balanço embaixo do pé de manga enorme que fazia parte do quintal da casa, e eu, com a minha cadeira de balanço que era do meu tamanho, sentava ao lado e amava ouvir as histórias que ele contava sobre sua vida. E essa foi a minha primeira compreensão do que seria o afeto preto.
Ter o meu avô por perto durante toda a minha infância e início da adolescência, me fez olhar e enxergar a minha beleza. Crescendo em ambientes 90% embranquecido, estudando numa escola onde eu era uma das únicas pessoas negras, olhar para o meu avô era saber de onde eu vim, mesmo sem ainda ter noção de todas as complexidades que aquilo significava. Hoje sei que, mesmo sendo uma criança, já entendia a importância da ancestralidade.
Mas a construção de toda essa afetividade também não é nada fácil. É importante pontuar que nem toda família preta possui a afetividade como cerne familiar, e isso diz muito sobre o processo de desumanização vivido por nossos ancestrais e que ainda hoje permanece e se perpetua através do racismo.
“Nossos ancestrais, quando foram tirados do convívio com os seus, utilizavam a prática de reprimir sentimentos como estratégia de sobrevivência. Quanto mais contida as emoções, mais chances de sobreviver. Essa prática ainda hoje é comum entre nós, principalmente quando a utilizamos sob pretexto de uma personalidade forte.” (SOUZA, 2020)
Sendo assim, muitas vezes essa falta de afetividade é oriunda dessa resistência em externar sentimentos e emoções e que acaba sendo passada de geração em geração como características de personalidade forte.
Crescer num ambiente onde a afetividade preta é sempre pautada, nos faz perceber quem somos e de onde viemos. Os caminhos nunca serão facilitados, mas o afeto é de suma importância para entendermos que sempre há para onde voltar, sempre há um colo pra nos entender, e é sobre isso que falo quando aponto que a afetividade preta é imprescindível para construção da nossa identidade racial.
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