Publicado em 15/09/2019, às 13h16 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h34 por Yulia Serra, Filha de Suzimar e Leopoldo
*Por Vanessa Teodoro, mãe de Lucas
“Quando minha filha nasceu”, “quando meu filho ficou doente”, “quando voltei da licença-maternidade”: essas frases podem ser ditas por qualquer mãe, porém eu ouço constantemente quando mulheres começam a me contar por que abriram um negócio ou viraram profissionais autônomas. Para mim, o empreendedorismo não foi uma opção, mas sim a única maneira de conseguir continuar pagando meus boletos
Em 2016, no auge da minha realização profissional, estava trabalhando como editora digital aqui na Pais&Filhos. Foi uma fase maravilhosa, pois finalmente consegui aliar maternidade e jornalismo. Pela primeira vez na vida, eu não precisava fingir que não era mãe no ambiente de trabalho. Pelo contrário, minhas dúvidas, problemas e experiências viravam pautas.
Até a questão sobre como apresentei meu namorado para meu filho foi abordada em uma reportagem. Nessa época, meu filho Lucas tinha 9 anos e começou a ter arritmia cardíaca. Sensibilizada, pedi demissão. Ele foi um bebê prematuro que teve complicações e fiquei preocupada. Meu coração estava apertado com a saída, mas o do meu filho era mais importante e eu não poderia terceirizar esse cuidado.
Passado o susto inicial, exames e consultas com o cardiologista, que disse que estava tudo bem, tentei voltar à rotina. O trabalho presencial, porém, ficou inviável quando ele começou a ter crises de bronquite, passava mal na escola e precisava ir ao alergista com frequência.
A preocupação por não saber como o Lucas estava, começava a consumir grande parte do meu dia. Naquele momento, sugeri à empresa que reduzisse meu salário pela metade para que eu pudesse trabalhar no esquema home office, mas não houve acordo. Então, deixei de trabalhar novamente. Fazia alguns projetos pontuais e me dediquei ao máximo aos cuidados do meu filho.
Um dia, uma amiga me pediu ajuda para criar um blog sobre o seu negócio e queria me pagar por isso. Eu recusei, porque não achei justo receber pela orientação. Outra amiga, pediu que eu a ensinasse a escrever para redes sociais e queria fechar um preço comigo. Também não concordei. Foi quando ela me explicou que esse é um tipo de serviço que eu poderia oferecer para ganhar dinheiro. Como a cada semana alguma colega ou parente, principalmente as mães, recorriam a mim para tirar alguma dúvida, decidi alugar uma sala de reunião em um coworking para dar um curso básico de redes sociais para empreendedoras.
Eram 8 vagas, um curso de 6 horas, com preço acessível. Divulguei nas minhas redes sociais e consegui fechar a primeira turma. Uma das alunas, inclusive, tinha sido minha professora na faculdade e já estava aposentada! Olha que honra! Elas adoraram, me recomendaram e assim abri outras turmas esporadicamente. Ao final dos cursos, há um networking entre elas, que indicam e contratam serviços umas das outras. Dá orgulho de ver!
Eu já treinei mais de 30 empreendedoras, muitas mães e até avós! Mulheres que pegaram o seu recurso mais caro, que é o tempo, e investiram para aprender algo que pudesse melhorar a divulgação do seu negócio ou serviço. Elas não querem ser populares nas redes sociais, elas querem e precisam trabalhar.
Percebendo que algumas alunas, depois do curso, queriam contratar uma consultoria ou ter um treinamento mais avançado, entendi que poderia criar uma agência de conteúdo que atendesse preferencialmente empreendedoras.
Quando ficamos sem ar
Em novembro de 2017, minha vida parou por alguns segundos. Eu terminei de arrumar o Lucas para colocá-lo no transporte escolar e quando olhei no rosto dele, percebi que estava respirando pelo pescoço, como se soluçasse. Em volta da boca estava ficando roxo e já não tinha cor nos lábios.
Chamei um táxi pelo celular na hora e, por sorte, tinha um na frente do meu prédio. Ele foi deitado no meu colo, dizendo que estava enjoado e não conseguia respirar direito. Chegando no hospital, fomos atendidos na hora. O cardiologista pediátrico explicou que ele teve broncoespasmo, estava com crise de asma crônica, baixa oxigenação e que poderia ter tido uma parada cardíaca. Veio me parabenizar por ter trazido ele naquele exato minuto, que fez toda a diferença.
Em vez de ficar feliz, comecei a despejar toda a minha ansiedade no médico: “E se eu não tivesse percebido que ele estava assim e o tivesse mandado para a escola? E se ele estivesse sozinho com a minha mãe? E se o táxi não tivesse ali naquela hora?”. O pediatra, com toda aquela racionalidade, me conformou: “Mas não foi isso que aconteceu.” Percebi a importância de estar presente.
O Lucas fez acompanhamento com a pneumologista e começou a usar 2 bombinhas. Também ficou dois meses sem jogar bola e fazer educação física. Com tanta medicação e restrição de atividades, perguntei o que poderia melhorar a asma dele. Ela perguntou onde morávamos, porque aquilo poderia ser uma intoxicação à poeira. O Lucas lembrou que estava tendo uma demolição ao lado de onde morávamos e a inauguração seria só em 3 anos.
A médica disse que ele não iria melhorar se continuássemos ali, que o ideal era ir para uma cidade com qualidade de ar melhor. Foi aí que eu pensei: Por que não? Meus pais já haviam mudado para Mogi das Cruzes, e cada vez que eu ia visitá-los amava o clima úmido da cidade. Comecei a me planejar para ir pra lá também e, quem sabe, abrir uma agência de conteúdo onde pudesse prestar serviços e continuar dando meus cursos.
Aprender a Empreender
Em 2018 fiz um curso na Escola de Negócios do Sebrae, e aprendi que para ter uma empresa não basta ser competente, mas também tem que saber fazer contas. Para me dedicar ao curso, contei com a minha mãe, Alzira. Acredito que a maioria das mães que trabalham recorrem a outras mães para que elas possam se capacitar e se dedicar à carreira.
O projeto de cursos, chamado Rede Mater, deu nome à minha empresa. Minha mãe é minha sócia. Uma dona de casa que entrou com investimento muito alto: tempo e dedicação ao meu filho, para que eu pudesse trabalhar e estudar. Foi sabendo que tinha o respaldo dela que consegui ir à luta. Se isso não é uma sociedade de sucesso, eu não sei o que é.
Mas empreendedorismo materno não é glamour. Eu achei que iria trabalhar menos. Ah, que ingenuidade! Como a equipe é enxuta ou nula, muitas fazem várias funções: são seu próprio departamento comercial, financeiro, vendas, atendente, produção, logística e até passam o cafezinho. Literalmente!
Tenho parceiras de trabalho feras, todas home office. Dependendo do projeto, elas são acionadas. Mulheres com as quais trabalhei e que possuem propósitos semelhantes aos meus. Apesar do acúmulo de funções e da solidão do empreendedorismo, poder tomar café da manhã e jantar com meu filho é algo compensador.
Com a flexibilidade de horário, consigo estar mais presente na vida dele. Mudança para uma nova vida Mudamos para Mogi e aluguei uma sala comercial, onde abri a agência. O Lucas tem 12 anos e está respirando melhor. Diminuiu a quantidade de medicação, com isso eu também respiro aliviada. O coração dele está ótimo. O meu não está mais apertado. Agora entendi que o fim da carreira após a maternidade deve ser uma opção e não uma realidade!
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