Publicado em 23/05/2013, às 17h01 - Atualizado em 03/07/2021, às 16h29 por Redação Pais&Filhos
Sou professora de educação física, mas na época que a Maria Eduarda nasceu eu trabalhava como coordenadora dos Jogos Escolares do RS e dava aula a noite, o que totalizava 60 horas semanais. Passaram 5 meses e tive que procurar uma escola em tempo integral pra Maria, pois teria que recomeçar tudo de novo. O meu esposo também trabalhava e não teríamos escolha a não ser colocá-la na escola. Pesquisamos e escolhemos a que acreditamos na sua qualidade de educação e carinho.
No primeiro dia fui ‘fria’ e deixei ela sem olhar pra trás. Confesso que a dor foi grande, mas eu não tinha escolha. Sofri mais com os comentários e opiniões das pessoas, que sempre achavam que eu devia deixá-la com uma babá do que na escola o dia todo. A noite quando eu chegava a Maria já estava dormindo e tinha dias que eu acordava pra brincar um pouco, pois quando eu saia pela manhã ela ainda estava dormindo e quem a levava pra escola era o pai. Muitas vezes me critiquei por não ter passado essa parte da vida com minha filha, mas eu precisava trabalhar pra poder dar um conforto melhor a ela. Assim se passaram 2 anos, Maria frequentando em tempo integral a escola de segunda a segunda.
Esse ano resolvemos, eu e meu esposo, que eu precisava como mãe estar mais perto da educação da minha filha, então resolvi ministrar aulas somente de dia e a noite passaria com a família. Tudo começou muito bem, até que em maio deste ano descobri que estava com câncer do colo do útero. Moro a quase 600 km da capital do estado do RS, interior sem nenhum recurso pra esse tipo de tratamento.
Tive que ir para Porto Alegre sem escolhas, pois não podia me entregar, afinal tenho uma filha e que precisa de mim. Assim eu fui fazer o doloroso tratamento contra o câncer, enquanto Maria Eduarda ficou com o pai dela na nossa casa sendo cuidada por ele e pela minha mãe. Graças a escola que ela freqüenta desde seus 5 meses (hoje ela está com 2 anos e 8 meses) passou esses 4 meses longe da mãe sem grandes seqüelas. Eu só consegui vê-la duas vezes. A escola foi fundamental para que ela continuasse a sua rotina sem sofrer tanto e eu fiquei tranquila de alguma forma, pois sabia que ela se sairia muito bem, já que estava rodeada de pessoas do bem, tanto em casa como na escola.
Hoje voltei a trabalhar preciso fazer exames periódicos de revisão pra saber como m encontro.Vejo que fiz a escolha certa em deixar a Maria Eduarda ainda bebê na escola, não somente porque eu e meu marido precisávamos trabalhar, mas porque ela aprendeu a ser uma menina dócil, sociável e inteligente e que se adapta em qualquer situação. Hoje eu não me culpo mais e vi com o passar desse tempo que foi a melhor opção.
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