Publicado em 18/02/2021, às 12h28 por Cinthia Jardim, filha de Luzinete e Marco
Na última sexta-feira, 12 de fevereiro, nasceu na França o primeiro bebê a partir de um transplante de útero. O parto aconteceu no Hospital Foch, em Suresnes, próximo à região de Paris. De acordo com a equipe médica, como anunciado no Twitter, a menina passa bem e veio ao mundo com 1,845 kg.
Segundo a agência de notícias AFP, Débora, de 36 anos, nasceu sem o útero devido uma condição rara chamada síndrome de Rokitansky. Sem deixar o sonho da maternidade de lado, ela passou pelo transplante de útero em março de 2019, e teve a própria mãe, de 57 anos, como doadora.
A síndrome, também conhecida como Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser, pode acontecer no nascimento de uma para cada 4.000-5.000 meninas. Quando isso acontece, é possível notar dor abdominal recorrente e ausência de menstruação. O transplante de útero também é uma alternativa à barriga de aluguel na França.
O primeiro nascimento a partir de um transplante de útero aconteceu em 2014, na Suécia. No Brasil, a técnica também já foi realizada a partir do útero de uma doadora já falecida em 2016, pelo Hospital das Clínicas. A paciente brasileira, que também tinha a mesma síndrome, recebeu o órgão de uma doadora de 45, que havia sofrido uma hemorragia entre o crânio e o cérebro. Durante a vida, a doadora já havia passado por três partos.
Após quase seis horas de cirurgia, o procedimento foi considerado um sucesso e o primeiro bebê veio ao mundo no dia 15 de dezembro de 2017. Em entrevista exclusiva com o Dr. Dani Ejzenberg, responsável por coordenar a equipe de 14 médicos, membro fundador da Sociedade Internacional de Transplante Uterino, pai de Davi e Michel, e com o imunologista Dr. Ricardo Manoel de Oliveira, fundador e diretor clinico responsável na RDO Diagnósticos Médicos, tiramos as principais dúvidas sobre o assunto e como o processo funciona no Brasil. Entenda como acontece a gravidez após o transplante e como fica a saúde da mulher.
Segundo Dani, o primeiro passo é fazer uma avaliação da receptora para checar o estado de saúde. “Depois, fazemos um ou mais ciclos de fertilização in vitro para garantir que ela terá bons embriões e a partir daí, ela passa a aguardar um útero compatível. Após garantirmos que ela não terá reação ao órgão transplantado, iniciamos as transferências de embriões em busca da gestação. O processo envolve uma equipe multidisciplinar que, no caso do Hospital das Clinicas, envolveu o Centro de Reprodução Humana, a Disciplina de Transplante Hepático e a Disciplinas de Obstetrícia e Ginecologia”.
Depende. No caso da doadora ser falecida, não há necessidade de internação ou qualquer outro risco cirúrgico. Desta maneira, segundo o ginecologista os custos podem ser menores. “Porém é necessário uma equipe à disposição 24h por dia para poder remover o órgão, porque nunca sabemos quando haverá uma doadora compatível. Ao falarmos de uma doadora falecida, existe um tempo maior em que o órgão fica sem receber sangue e oxigênio e por isso é mais difícil de ser executado”.
“O transplante de útero seria recomendado para pacientes que nasceram sem útero ou com malformação uterina importante (Sindrome de Meyer Rokitansky Kuster Hauser, útero hipoplasico), que perderam o útero durante a gestação ou parto (rotura uterina, atonia uterina, infecção), que tiveram que retirar o útero por causa de algum câncer (colo do útero, endométrio, ovariano) ou complicação de alguma cirurgia para mioma ou adenomiose”, explica Ejzenberg.
Infelizmente, não. Até o momento, o procedimento é feito sem o transplante das tubas uterinas, impedindo que a gravidez ocorra de forma natural. Como alternativa, a família pode optar pela fertilização in vitro (FIV). “Isto ocorre porque não desejamos que a paciente fique muito tempo tomando os imunossupressores ate conseguir engravidar”, explica o médico.
Em um útero transplantado, no entanto, é possível apenas ter aproximadamente duas gestações, para evitar assim que não haja necessidade de tomar medicações imunosupressores e evitar a rejeição do órgão.
No Brasil, por ainda ser um processo experimental é necessário aprovações e protocolos para o transplante de útero. Como alternativa, o Dr. Ricardo Manoel de Oliveira explica que durante as consultas os casais são aconselhados a optarem pela barriga solidária a partir de um parente próximo. “Os casos que eu tive, felizmente, quem ajudou no processo foi a mãe. Então hoje, a primeira escolha que nós damos, quando temos um problema desse tipo, é utilizar uma barriga solidária que a lei permite. Nos Estados Unidos, que é diferente daqui, você paga pela barriga, então eles escolhem um casal que já tem filhos e possui uma família bem formada”.
Sobre o trabalho de Dani, o imunologista comenta que no futuro o procedimento será promissor. “É evidente que o transplante de cadáver, que foi o que o Dani lançou no mundo, muito mais simples de fazer, se tornar-se uma rotina, vai ser a primeira opção sem dúvida alguma, porque a mulher irá gerar o próprio filho”.
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